Projeto Reconte II

Capítulo VI - A Pequena Sereia

A Pequena Sereia 

Por: Lia Pereira

"Nem pense que eu preciso de mais.

Eu tenho a pessoa certa"

¨ Um.

Minhas batidinhas na pequena campainha enferrujada da lanchonete ecoaram por todo o espaço ainda vazio, e como resposta ao som, Eric parou de mexer o pote que segurava e se virou pra trás, pra mim. Ele sorriu quando seu olhar encontrou ao meu e eu sorri de volta, sem qualquer controle sobre meus lábios.

Me apoiei na bancada, ele piscou pra mim e se virou pra frente de novo, pondo o bote em suas mãos na bancada junto com a colher que o ajudava a bater.

‒Hoje o treino começa assim tão cedo? ‒ Ele perguntou vindo em minha direção e se apoiando no balcão, logo a minha frente ‒Achei que a piscina só abrisse umas nove horas da manhã..

‒Pois achou certo! ‒Aproveitei a proximidade pra selar nossos lábios rapidamente. Ele sorriu mais ‒Eu que cheguei aqui um pouquinho antes..

‒Maddie, ainda são oito horas..

Pus a mão na boca, fingindo surpresa e ele riu.

‒Já que eu cheguei tão cedo, acho que eu vou ter que ficar por aqui mesmo.. Ainda não tem ninguém no clube essa hora.. ‒Disse, ainda me fingindo decepcionada. ‒Talvez eu possa te ajudar na cozinha, quem sabe?

‒Você é uma péssima atriz. Ótima nadadora, péssima atriz. ‒ Encolhi meu rosto em minhas mãos rindo ‒Vamos ver agora se você é ou não boa na cozinha.. ‒Eric disse sorridente e se direcionando pra parte do balcão que permitiria a minha passagem, levantando a parte móvel com uma mão e abrindo a portinha com outra. Agradeci com a cabeça e passei pra dentro da cozinha, já mediamente conhecida por mim, me direcionando para a pia lavar a mão.

‒E o que o senhor das sobrancelhas grossas está fazendo para hoje? ‒ Me virei pra Eric, secando as mãos no pano de prato florido e o vendo sorrir ao ouvir o jeito que o chamei, como no inicio.

‒Hoje é dia de receita de bolo. Bolo de laranja, mas espero que ele não fique da cor do seu cabelo ‒ Ri, revirando os olhos e Eric veio até mim com um avental preto, passando o mesmo pelo meu pescoço e indo pra trás de mim, amarrando enquanto falava ‒Eu acho até uma boa você está aqui hoje..

‒Hum.. Por que? ‒Me virei de frente pra ele sendo surpreendida com o dedo de Eric repleto de farinha batendo de leve na ponta de meu nariz. Me encolhi fechando os olhos instantaneamente, enquanto ouvia a risada dele. Abri os olhos com certa cautela.

‒Assim eu posso fazer isso.. ‒Eric ergueu os ombros, com olhar inocente.

Cerrei os olhos e ele segurou o risinho. Com a visão periférica, vi a farinha sobre a bancada atrás dele e passei rapidamente meu dedo ali, logo me direcionando para sua bochecha, sujando-a. Quando ele tentou falhamente se esquivar comecei a rir, dando abertura pra ele me tacar mais um pouco de farinha em mim e assim começamos uma estúpida guerra de farinha, trazendo o caos a cozinha de Eric em menos de meia-hora.

**

‒Sabe Madie, ‒Deitada sobre a coxa de Eric, no chão da cozinha, recém limpa por nós dois, eu sentia seus dedos me fazendo cafuné enquanto permanecia de olhos fechados, deixando os outros sentidos me levarem as alturas. ‒Eu to pra te falar uma coisa faz um tempo.. Quer dizer, eu acho que isso pode mais ser considerado como uma pergunta, eu não sei. ‒Eric se embolava nas palavras assim como seus dedos se embolavam nos fios de meu cabelo. ‒Já fazem 5 meses que a gente se conhece e..