Capítulo IX - Rapunzel

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Rapunzel

Por: Mel 

"Na hora mais escura daquela noite eu fiquei te procurando, e tudo que eu via era seu rosto... Nós não temos a eternidade... vou te dar tudo de mim"


- Rapunzel? – uma voz grossa e masculina soou pelo corredor da grande casa.

- No meu quarto – ela disse em voz alta concentrada na tela a sua frente.

- Boa tarde – Dorian, seu pai, entrou no quarto e observou a menina sentada olhando a tela branca.

- Olá papai – ela se virou e sorriu para o mesmo que sorriu de volta.

- Pintando?

- Tentando na verdade – Rapunzel riu sem graça – Tem um mês que não consigo pintar nem sequer um coração.

- Está com bloqueio criativo? – o homem foi até a filha e segurou em seu ombro – Era de se esperar, olhe as paredes do seu quarto, uma hora tanta ideia iria acabar – ele riu e voltou seu olhar para a escrivaninha – Até ali você pintou.

- É mais forte que eu... – ela deu risada e suspirou – Desisto – ela largou o pincel e se levantou indo até a cama.

- O tem te incomodado? – o pai perguntou e sentou na cama com a mais nova que se aproximou deitando em seu colo.

- Não sei... Tem algo faltando... Alguém... Sinto falta de algo e nem sei o que é – ela suspirou e mordeu o lábio pensativa.

- Minha filha... Você já tem quase 20 anos, começa a faculdade daqui uns meses e nunca trouxe uma amiga aqui em casa, deve estar sentindo falta de um amigo – Dorian acariciou o cabelo da filha e ficou pensativo – Ou talvez um namorado...

- É... O senhor esta certo...

- Saia um pouco hoje, eu te dou dinheiro...

- Acho que vou – ela suspirou e se levantou – Tomar um banho e tirar esse macacão.

- Ok, vou deixar o dinheiro aqui na escrivaninha – o mais velho foi até a filha e beijou sua testa.

Quando Rapunzel foi morar com seu pai biológico pensou que as coisas seriam incrivelmente difíceis, que seria um relacionamento conturbado e cheio de intrigas, mas ela se enganou, Dorian tentou de todas as maneiras se aproximar cada vez mais da filha e a deixar confortável, tentou de todas as formas conquistar o amor e afeição da garota, e no ele conseguiu. Apesar de já terem se desentendido algumas vezes devido a forte personalidade de Dorian, eles nunca passavam mais de um dia brigados e sempre se pediam desculpa. Rapunzel era muito agradecida por tudo que tinha ganho na vida de uma hora pra outra.

A jovem saiu do banho e colocou um vestido azul simples, pegou a bolsa e viu na escrivaninha a grande quantia de dinheiro, riu com o exagero do pai e pegou metade do que ele havia deixado. Ao sair na rua sentiu o sopro leve da brisa de fim de tarde, sorriu com o cheiro das plantas e começou a andar em direção ao comércio, se lembrava de muitas coisas enquanto caminhava, a noite em que sua vida mudara de rumo, quando conheceu o rapaz bonito sentada no chafariz, a primeira vez que se sentiu livre, quando ela foi realmente tirada do poço de tristeza e tortura em que vivia. Sem pensar suas pernas a levaram para o chafariz, o cheiro das flores continuava tao forte quanto era a três anos atrás, e tudo estava tão bonito quanto antes, ela se sentou no mesmo sorrindo e mordeu o lábio lembrando daquela noite, quando deu seu primeiro e único beijo. Rapunzel suspirou e fechou os olhos, quase conseguia sentir o menino a beijando novamente, ao abrir os olhos encarou a praça vazia, escutava o som vindo das ruas próximas, as lojas e as crianças pedindo aos pais doces e brinquedos:

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