Capítulo 14

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Dias depois Rafael estava caminhando lentamente por fora da Mansão. Ainda era começo de tarde.

Caminhou até a Fonte Uckermann, e sentou-se na beirada, colocando a mão dentro da água e começando a brincar com os dedos.

Estava pensativo, aqueles últimos dias tinham sido uma loucura, e até aquele dia Christopher e ele não estavam se falando normalmente.

Poucos minutos depois, Rafael virou-se com sobressalto ao ouvir um barulho nas folhas secas do chão.

Não viu nada e franziu o cenho. Levantou-se, e ouviu um miado baixo.

-Mas.. -Rafa andou um passo, e quando olhou para sua baixa diagonal viu um pequeno gatinho branco miando e tremendo, escondido nas folhagens perto da Fonte. -Um gatinho!

Sorrindo, Rafa foi até ele e se abaixou. O gatinho se encolheu todo, com medo.

-Não precisa ter medo. O que faz aqui? – O ruivo pegou o animalzinho com muito cuidado, acariciando-o.-Pobrezinho! Está tremendo.

O pequeno bichinho miou mais alto.

-Coitado do animalzinho. -Rafa o observou, e viu que o gatinho estava todo sujo e parecia maltratado. Além de tudo, parecia estar faminto e era frágil. -Não se preocupe, vou cuidar de você. Vamos para dentro!

Rafa, com a pequena bola branca de pelos em seus braços, voltou para dentro da Mansão.

Estava se dirigindo à cozinha, quando Christopher apareceu, descendo as escadas.

-Aonde estava, Rafael? Nem Adelaide sabia onde você estava! Eu vou precisar sair e... -Ele se interrompeu quando viu o gato, enroscado em Rafa, miando baixo e olhando ao redor. Christopher ergueu as sobrancelhas e olhou para o ruivo.

-Uckermann, eu encontrei o bichinho lá fora. Acho que escalou o muro e entrou aqui dentro das propriedades.- Rafa explicou, fazendo carinho no animal.- Ele está ferido e frágil pobrezinho. É um filhote ainda.

-E o que você e eu temos a ver com este bicho? -Chris perguntou, áspero e frio.

Rafa apertou os olhos, incrédulo com tamanha frieza.

-Bem, você realmente não tem nada a ver. Mas eu tenho, não vou deixar o pobre animal lá fora para morrer de frio e de fome.

-Eu não quero animais aqui dentro, Rafael.-Ele apertou os dentes, lançando um olhar duro ao gato. -Ele está imundo, e deve estar cheio de doenças. Você sequer deveria tê-lo pegado nos braços. Deixe esse bicho lá fora e vá se lavar.

-Não vou deixá-lo lá fora! -Ele franziu o cenho. -Não se importa com nada que não seja você mesmo, não é Uckermann? Sequer um bichinho doente te dá pena!

Christopher suspirou, parecendo entediado.

-Não vai fazer diferença se o gato morrer na porta da sua casa, vai?- Rafa perguntou, já sabendo a resposta.

-A menor diferença. -Ele respondeu com ar gelado, quase divertido. -Pouco me importa se esse gato vai morrer de frio na rua, só não o quero aqui dentro!

Rafa sentiu-se arrepiar como nunca havia sentido. Deus, aquele homem era sem coração! Ele não era humano!

-Christopher, será possível você ter nascido com essa crueldade? Ou será que algo no seu passado o deixou assim, desumano? -Ele murmurou, olhando-o com uma seriedade, quase pensativo.

As feições do marido se viraram, ficaram duras, e Rafa passou apressadamente por ele.

O ruivo foi até a cozinha, pegou um píris fundo e pôs leite morno dentro. Colocou no chão e pôs o gatinho na frente.

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