Capítulo 28

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(Um dia depois)

*Narrado por Dylan*

Acordo com alguém batendo na porta. Entreabro os olhos, olhando ao redor do quarto escuro. Não tenho vontade de levantar e abrir a porta. Me viro com um gemido, torcendo para quem quer que seja ir embora.



-Sr. Ivashkov? Trouxe o seu café da manhã.



As batidas continuam.

Empurro a coberta para o lado, desço da cama e me arrasto até a porta que parece estar a milhas de distância. Minha visão falha no meio do caminho e eu me apoio na parede, tenho a sensação de que uma faca fria está partindo o meu cérebro ao meio, dou outro passo em direção à porta e uma tontura forte faz com que eu volte a me apoiar na parede para que eu não caia no chão.

As batidas continuam persistente.

-Estou indo. - Falei.

Quando minhas forças voltam, continuo a trilhar o percurso.



Abro a porta e Maria me recebe com um sorriso amigável. Ela é a dona da pousada em que estou hospedado, desde que eu cheguei aqui o único contato que tivemos foi quando conversamos sobre eu alugar o quarto em que estou nesse momento.



-Bom dia, senhor. Como foi sua noite? -Ela diz e antes que eu possa dizer qualquer coisa, Maria entra no quarto e coloca a bandeja sobre uma mesa de canto.



-Achei que tivesse dito que minha instalação aqui não era com alimentação inclusa. -Falei.



-Você disse. Mas isso é apenas uma cortesia, não vou colocar na conta. -Maria abriu as cortinas da janela e o sol iluminou o quarto. Fiz careta e me apoio na parede para caso a fraqueza volte.



-Não é pelo dinheiro.



Maria não deu a mínima ao que eu falei e continuou avaliando o quarto e arrumando o que era possível.



-Quando eu precisar que alguém venha limpar o quarto, aviso.



Ela me encara. -Sei que não é da minha conta mas notei que tem algo indo muito errado na sua vida desde o momento que colocou os pés aqui. Porém morrer de fome e se esconder atrás dessas paredes não é a solução.



-Tem razão. Não é da sua conta.



Ela me encarou, arqueando as sobrancelhas. Isso me lembrou o modo que Alicia me encarava e a sensação foi de que eu estava levando um tiro no peito e destruindo o meu coração da forma mais dolorosa possível.



-Ser grosseiro com quem quer ajudar também não é a solução.



-Desculpe-me. -Murmurei.



-Tudo bem. -Ela sorriu enquanto arrumava os lençóis da cama. -Sente-se e coma um pouco. Volto na hora do almoço com outra refeição. Você está com uma aparência horrível.



-Não precisa.



Ela caminhou em minha direção e tocou o meu ombro.



-Eu insisto, querido. -O tom de voz dela era maternal. Usualmente meus olhos encheram de lágrimas, era isso que acontecia a todo momento desde que ela partiu.



-Obrigado.



Ele sorriu e saiu do quarto. Ao invés de tomar o café da manhã como Maria sugeriu, eu fechei a porta do quarto e me arrastei até o banheiro.

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