Capítulo Quatro

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Henrique

   Eu era um idiota.

   Mas eu seria ainda mais se a deixasse ir até o maldito cara que a encarava.

   Derrubar o uísque não tinha sido algo premeditado, mas sim, algo de último minuto. Realmente não pensei que quando entrasse em seu caminho ela iria se levantar e ir até o cara.  Quando percebi seu intuito a parei e a fiz me notar, já que entrar sendo sutil não deu muito certo.

   No entanto, menos de cinco palavras trocadas e um simples toque, que a senti se arrepiar, a vi correr para longe, como se a minha mão a tivesse queimado.

   Balanço um pouco a cabeça quando  perco totalmente os cabelos flamejantes da ruiva e seu corpo cheio de curvas tentadoras indo em direção ao banheiro. Volto minha atenção ao bar pensando como a ruiva, ao contrário de todas que tem a minha plena atenção, praticamente correu ao realmente me notar.

   Enquanto espero a ruiva voltar para tentar uma nova jogada levanto a mão pronto para pedir outro uísque, quando noto que, o cara de blusa vermelha que eu tinha aplacado, não estava mais sentado até onde estivera quando a ruiva saíra para ir ao banheiro.

   Atento agora sobre isso rodo meu olhar pela boate tentando encontrar o sujeito. Não o encontrando meus instintos fazem eu olhar para onde a ruiva se foi.

   Com os meus instintos em alerta começo a seguir simplesmente pelo mesmo que caminho que a ruiva fez. Passo pelas pessoas, que distraídas, quase não me notam indo em direção ao banheiro feminino. Chegando no corredor do banheiro o vejo quase vazio, a não ser pelas poucas mulheres que saíam dele. Olhando para luz amena, que se estende até uma porta de incêndio, me questiono se não estou sendo muito instintivo sobre isso...

—Você se perdeu? —ouço uma voz atrás de mim e, por um momento, penso ser a ruiva. Mas assim que viro vejo ser uma outra mulher totalmente diferente dela. —Você se perdeu?

   Seu segundo questionamento já saí com ela mordendo o lábio inferior enquanto analisava e constatava, que valia a pena ser sedutora. A olhando não vejo nada da ruiva, pois a mulher a minha frente era baixa e tinha os cabelos e olhos escuros; enquanto a ruiva era alta em comparação às outras mulheres e tinha os olhos esmeraldas em contraste com a pele branca e os cabelos flamejantes.

—Não se preocupe comigo. —eu sorri para ela que, pareceu entender o simples gesto, como uma cantada.

   Ela era gostosa e parecia disposta a avançar o sinal, mas meus instintos ainda persistiam em encontrar a ruiva.

   Estava prestes a perguntar se ela tinha visto uma ruiva quando ouvi um barulho agudo e distante retumbar levemente atrás de mim. Mesmo que o som mais à frente ainda estivesse alto, ouvir isso fez com que meus instintos saltassem para vida e, antes que eu pudesse me parar, minhas pernas já iam em direção a porta de incêndio.

—Ei! A saída não é por aí!

   O grito da mulher se perdeu no momento que eu puxei a alavanca da porta de incêndio, que sem pressão nenhuma, se abriu. Rompi pisando no beco escuro e estreito no momento que ouvi um gemido. Por um breve segundo, que tentei encontrar de onde vinha, pensei que um casal estivesse com tanto fogo que ali estavam transando. Mas esse pensamento não durou muito ao ver o que estava realmente acontecendo...

—Pare de lutar, vadia!

   Ouvir aquilo me deu a certeza de que, àquelas exatas palavras, seriam as últimas que ele diria antes de eu acabar com toda a sua cara!

   Fui completamente cego para tirar o maldito que atacava a garota que, para aumentar a minha raiva, soluçava e tentava desesperadamente se soltar.

Lutando pelo CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora