Capítulo Dez

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   Porque superar a apreensão parecia tão difícil?

   Talvez, porque o último episódio ainda estivesse lá, na minha cabeça, rondando e fazendo com o que eu me tornasse apreensiva sobre ir lá novamente.

   Mesmo que eu concordasse que, meu aniversário de 23 anos, devesse ser comemorado ao redor de muita música e bebida na Fire, a apreensão ainda estava lá dificultando o que deveria ser muito fácil...

—Você está linda e pronta, Ade! Só está com medo...

   Medo.

   Não neguei e não surtiria efeito algum se negasse. Medo parecia também se encaixar perfeitamente na minha atual situação.

   E eu via isso refletido no espelho a minha frente, tanto quanto Igor, que estava ali há quase uma hora me ajudando a me arrumar. Inclusive o lindo vestido que eu estava vestindo fora presente do próprio.

   Era tão belo que eu não poderia reclamar de minha aparência naquele momento. Os stress brilhantes do vestido negro moldavam minha cintura e seu fino tecido se soltava em meus quadris um pouco mais largos, deixando em evidência, o que meu corpo tinha de melhor.

   Até meu cabelo avermelhado, por incrível que pareça, estava solto e contidos em suas camadas.

   Tudo estava em perfeita harmonia para eu ir, eu só precisava de um pouco mais de coragem...

—Eu fico com você o tempo todo se for preciso, Ade! E aí daquele que si quer olhar na sua direção! —Igor argumenta.

   Cansada de olhar meu reflexo covarde que, realmente não combinava comigo, virei para Igor, que afundado na minha cama me mandava aquele olhar determinado a me dobrar. Me afundei ao seu lado tentado me deixar dobrar pela sua insistência, mesmo que minha cabeça criasse pesadelos e desculpas quisessem sair da minha boca, como agora:

—E se você for e dizer que.... Eu não estava bem e que...

—Nem pensar, Adélia!

   A interrupção estupefata de Igor com ele se levantando e colocando as mãos na cintura, me deu total visão de sua evidente indignação com as minhas desculpas.

—Que tipo de melhor amigo você pensa que eu sou? Você acha mesmo que eu vou deixar você enfiada nessa caixinha no seu aniversário?!

—Meu apartamento não é uma caixinha.

   Ou quase não era.

—Adélia...

   Antes que Igor pudesse continuar seu monólogo de superação, ouvimos em uníssono uma batida rítmica ressoar pelo apartamento.

—Você chamou alguém? —perguntei assim que consegui me equilibrar nos saltos vinhos de 7 centímetros, que se encontravam em meus pés.

—Graças aos céus!

   O agradecimento de Igor e sua marchada para sala responderam a minha pergunta.

   Só tive meio segundo de confusão antes de o seguir.

   Cheguei na sala no momento que mais uma batida ressoava e Igor já se encontrava há alguns centímetros da porta.

—Se eu não te convenço, —ele começou ao colocar sua mão na maçaneta. — ele te convence.

   A minha confusão se transformou completamente em surpresa ao ver Henrique encostado no batente da porta.

   O ver ali com os cabelos loiros levemente bagunçados e sua barba clara por fazer. Vestido com calça Levis escura e um polo azul, que ressalva ainda mais seus olhos azuis piscina, ele estava como todas que eu o vira.

Lutando pelo CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora