Capítulo Nove

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Henrique.

   Queria que ela não lutasse?

   Por que esse pensamento me atingira?

   Não sabia! E nem  queria pensar mais sobre isso enquanto dirigia com a moto emprestada de Hugo pelas ruas vazias em plena madrugada.

   Mas, mesmo que não quisesse pensar, o final de semana estava bem cravado nos meus pensamentos. Lembrar de cada sorriso e atitude de coragem de Adélia, estava sendo como um combustível há mais para pensar nela.

   Porra!

   Isso não era o que eu queria no momento, era o que eu deveria evitar! Pensar nela, sair com ela, ficar perto dela! Essas eram coisas as quais deveriam ser evitadas para que Adélia não se machucasse e me odiasse num futuro não tão longe quando eu fosse a causa de ela perder o emprego, e ainda de seu primo ir preso.

   Me importar com ela após isso acontecer não deveria ser uma preocupação, mas quanto mais eu pensava o quanto ela me odiaria, mais uma preocupação se tornava consistente na minha cabeça.

   E isso era tudo o que eu não precisava no momento. Me importar com a ruiva que eu só deveria ter pego informações. Ter as pego sem qualquer envolvimento há mais.
Mas quando a vi daquele jeito acanhado não consegui parar minhas seguintes ações. E mesmo nãos as entendo, a levei para um dos mais gostosos fins de semana...

   Desisto de tentar raciocinar essas coisas quando já avisto o teto da casa de Hugo e Julia.

—Tudo bem, não vou precisar usar esse pé de cabra.  —disse Hugo assim que desci de sua adorada moto.

—Como eu disse, você pode confiar em mim.

   Tirei o capacete negro da minha cabeça e entreguei o que Adélia havia usado para ele.

—Minha mulher teve suas dúvidas e me deu isso aqui.

   Bufei quando Hugo levantou o pé de cabra que leva consigo. Após solta-lo ele pegou os capacetes e voltou para depositar na simples varada da casa.

—Olha, já está falando como estivesse casado. 

—Ele está treinando, já que está prestes a fazer o pedido. —disse Júlio que acabara de chegar e sair de seu BMW.

—Não acredito que você vai colocar as algemas. —gracejei rindo enquanto nós três nos encaminhávamos para o meu carro que, algumas horas atrás, eu havia deixado para a corrida de moto.

   O quintal espaçoso da casa de Hugo acomodava os dois carros e ainda a moto dele preguiçosamente. A casa que ficava ao fundo era o que qualquer um iria querer: bela e de aparência aconchegante. O que me lembrava a minha antiga casa na Alemanha....

—Assim você vai assusta-lo. —Júlio acompanhou meu escárnio quando entramos no meu SUV Lifan.

—Eu não me assusto fácil. Então podem ficar tranquilos, eu sei o que estou fazendo! —garantiu Hugo sentando no banco do passageiro ao meu lado e Júlio atrás.

—É melhor saber mesmo é da minha irmã que você está falando. —cutucou Júlio, como um típico irmão mais velho. —Trate-a como Henrique trata as putas dele e eu vou acabar com você.

—Hahaha. —riu Hugo da ameaça explícita de Júlio. —Henrique anda tratando uma diferente das outras. Uma ruiva...

—É melhor você não estar se referindo a Adélia de puta. —cortei antes que pudesse me parar.

   A palavra puta não se encaixava em Adélia, então cortar Hugo e não dar um soco nele foi o que fiz. Além de que, estar dirigindo em meio a uma rua escura, soltar o volante, mesmo que por uma boca causa, não parecia uma ideia inteligente.

Lutando pelo CaminhoOnde histórias criam vida. Descubra agora