Capítulo 4

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Capítulo 4

- Eu não acredito que você fez isso, Mel – Andreza grita do outro lado da linha.

- Claro que fiz – respondo – não resisti, você sabe como eu sou.

Andreza solta mais uma gargalhada.

Toda a euforia do momento se resume no fato de eu ter perguntando a um cara, que provavelmente, estava parado na minha, como diria a própria Andreza, se ele estava procurando uma cozinheira.

- Mas porque você fez isso mesmo? – ela pergunta pela milionésima vez. Ela só está me zuando, mas mesmo assim respondo a sua pergunta.

- Ele perguntou 5 vezes, e isso em apenas 3 minutos de conversa, se eu sabia cozinha. Simplesmente não resisti. – digo a ela, tentando convencer a mim mesma que aquilo tinha sido engraçado e que eu não tinha estregado tudo.

- Ah – ela exclama adotando um tom sério – acho que funcionou, afinal vocês vão se encontrar, né?

- Claro – concordo – ou ele pode está planejando me dá o troco – continuo e ela rir novamente.

Eu não estou achando graça, estou apenas desesperada, desesperadamente aflita.

- Não fica assim, Mel – Andreza fala em um tom todo maternal – vai dá tudo certo. O que vocês vão fazer?

- Ele vai está trabalhando – respondo – acho que vamos ter tempo apenas para um sorvete.

- Mas isso é ótimo – diz ela dando um gritinho, eu posso até imagina-la dando pulinhos e batendo palmas. Reviro os olhos diante da cena.

- Andreza preciso ir agora. Estou cheia de trabalho. – Minto.

- Ok – ela grita na outra linha – me manda uma foto do seu look amanhã. – pedi.

- Ok, mando sim. – prometo e encerro a ligação.

Encaro a tela apagada do meu celular por mais tempo do que gostaria, depois jogo-o na mesinha de cabeceira, me perguntando o que há de errado comigo. Eu praticamente desliguei na cara da minha melhor amiga.

Sinto vontade de chorar.

Agarro o livro que eu havia deixado embaixo do meu travesseiro, abro na página marcada, e me forço a concentrar-me na trama envolvente do lindo Lord Payne e da senhorita Minerva Highwood.

Desisto da leitura após folhear algumas páginas. Apesar da trama envolvente e do personagem sexy, não consigo me concentrar na trama.

Acabo vendo algo qualquer youtube.

****************

Após três trocas de roupas, e duas escovadas no cabelo, mando uma foto minha para Andreza.

A resposta vem após alguns segundo.

Um emoji de legal, e uma gatinha.

Acho que ela quer dizer que estou bonita.

Agora estou sentada em uma mesinha no canto de uma lanchonete da praça de alimentação, tomando o meu segundo sorvete. Ou será o terceiro?

Largo o livro sobre a mesa e olho novamente para o relógio no meu pulso, dessa vez pedindo para que o relógio tenha parado.

Fico encarando o ponteiro, como se pudesse deixa-lo imóvel apenas com a força do meu pensamento. O ponteiro se move, marcando 16:14.

Droga! Ele estava mais de uma hora atrasado.

Talvez ele tenha ficado preso no trabalho - penso me levantando e indo até o caixa da lanchonete, onde compro mais um Sunday.

Continuo lá sentada, tomando o meu sorvete, lendo o meu livro, observando as pessoas chegando e indo embora, e ignorando o fato de que eu estava à espera de uma pessoa que claramente não vai aparecer.

Desço para o primeiro andar do shopping onde está acontecendo uma feira de livros e procuro me distrair.

Está ficando escuro lá fora, e eu luto contra a vontade de sair e verificar se ele ainda está no trabalho.

Não fico mais verificando as horas, afinal, uma garota só aceita ser rejeitada até certo ponto.

Eu já tenho voltado para a lanchonete, e estou a ponto de ter uma overdose de calda quente de chocolate, e em uma parte extraordinariamente boa do meu romance, quando meu celular vibra.

Tento ignorar, provavelmente é Andreza, querendo detalhes do meu primeiro encontro fracassado, e eu não estou com animo para lidar com ela.

O celular vibra de novo, e de novo e de novo.

Não posso ignorar.

3 Novas mensagens.

Ele: Oi, desculpa larguei agora.

Você esperou muito tempo?

você tá ai?

Sinto meu coração parar.

Limpo os óculos e volto a ler as mensagens, para ter real certeza de que li corretamente.

Ele está online.

Decido responder, antes que toda a minha coragem evapore.

Eu: Oi, não precisa se preocupar.

Está tubo bem, isso acontece.

Não, não estava nada bem.

Eu: Eu esperei um tempo, mais precisei trabalhar, mas de qualquer forma eu acabei voltando para o shopping, se você quiser dá uma passada aqui.

Mentira - era o que eu queria digitar - não estava nada bem, e eu estava morrendo de raiva de ter passado do dia todo esperando.

Olho para a tela do celular, ele está digitando.

Ele: Você não ficou chateada, ficou?

Eu: Não, tá tudo bem. - minto.

Que grande mentirosa eu sou.

Eu: você está vindo para cá?

Passo as mãos pelos cabelos, que muito provavelmente estão uma bagunça, e olho para a minha roupa, verificando se não havia deixado cair calda de chocolate na blusa, e claro, tentava não roer as unhas enquanto esperava ele responder.

Digitando...

Ele: Eu acabei de pegar o ônibus.

Ele manda uma foto.

Afundo na cadeira, levando uma colherada de sorvete a boca. Definitivamente o dia não tinha como piorar. 

Deu Match, e agora? {DEGUSTAÇÃO}Onde histórias criam vida. Descubra agora