Capítulo 16

6 2 0
                                    

Capítulo 16

O final de semana foi o mais atormentado que já tive.

Tantas mensagens, e telefonemas que não sei como não fiquei louca. Todo mundo querendo se explicar, se defender, tirar a parcela de culpa de cima dos ombros, mais depois de ignorados todos desistiram, como quem deixa de lado qualquer responsabilidade. Afinal quem os poderia culpar?

Charles tentou algumas vezes. Me ligou. Mandou mensagem. Veio até o meu apartamento. Bateu na minha porta e chamou o meu nome. Não atendi, não respondi, e nem abri a porta.

Ele foi embora.

Nunca deveria ter vindo, nada do que pudesse dizer explicaria o que fez, por isso não queria ouvir.

Estava cansada de desculpas.

O Augusto me ligou e o Fernando também. Até o Henrique.

- Eu sinto muito – ele havia dito – eu não sabia de nada, eles nunca me contam nada. – ele deu uma risadinha no fim.

Eu acreditava nele.

A Paloma me ligou, via Skype, não atendi. Ela não sabia, e não queria ter que explicar.

- Estou ocupada – mandei em uma mensagem – muito trabalho, depois nos falamos. Beijos. Te amo.

- Ok – ela respondeu – Também amo você.

Segunda feira. Abri os olhos, inchados além da conta por causa do choro, e remelados além dos limites da normalidade. Esfreguei –os, joguei os pés para fora da cama, e me arrastei até o banheiro.

Tomei um banho rápido, vesti qualquer coisa que encontrei na minha frente e fui trabalhar.

Ignorei a bagunça que estava a agência, fui direto para a minha mesa, ignorando no caminho os olhares curiosos e espantados que lançavam na minha direção, sentei-me diante da mesa e coloquei os fomes de ouvidos.

Pronto, esse era o meu sinal que ninguém deveria me interromper.

Comecei a trabalhar.

Digitava texto atrás de texto, depositando mais força do que o necessário nos dedos que tocavam as teclas.

Eu sentia raiva. Mágoa.

Então descontava na primeira coisa que via na frente, as teclas.

- Oi Mel, está tudo bem? – Laura passou pela minha mesa com um sorrisinho nos lábios – levei a mão na lateral da cabeça e toquei os fones, voltando a encarar a tela em seguida.

- Desculpa – ela disse e foi embora.

Continuei trabalhando, finalizei o Job do Sergio e mandei para a revisão e encaminhei para o Alex.

Eram quase 17 horas quando me dei conta que todos já se arrumavam para ir embora, eu não havia parado nem para almoçar. Desliguei o computador e segui e silencio até o elevador.

Antes de as portas duplas de abrirem, Alex chegou por trás de mim.

- Você está bem? – ele perguntou

Assenti com a cabeça

- Todos ficaram confusos com o estado hoje, você está sempre tão alegre, e hoje está abatida, aconteceu alguma coisa. – ele continuou. Me olhava com um olhar questionador, como quem me desafia a contar a verdade, mas eu não cairia no jogo dele.

- Não aconteceu nada demais. Estou apenas cansada. – respondi – afinal você me faz trabalhar por duas. – tentei sorrir, mais acho que saiu mais como uma careta.

Deu Match, e agora? {DEGUSTAÇÃO}Onde histórias criam vida. Descubra agora