Infância.

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  Olho pela janela e me lembro de minha felicidade ao correr pelo quintal,me sujar toda no chão e depois me jogar no sofá com as solas dos pés pretas de sujeira e receber xingos da minha mãe.Me lembro de acordar cedo para assistir desenhos, e chorar vendo rei leão por mais que parecesse idiota.Ando até a varanda, lembro das vezes que eu corria, me escondia e dava voltas e mais voltas de bicicleta ali, o que me deixava cansada e com falta de ar pelas doenças respiratórias que infelizmente me acompanhavam.Olho para as minhas bonecas Barbies, que eu fazia tanta birra para ganhar, e quando ganhava,obrigava meu pai a ficar HORAS brincando de ''bater aventura'' com elas junto a mim.Me lembro de no fim do dia, assistir a programações de TV aberta, e me sentir feliz com aquilo.Lembro-me de como fazer amizades era fácil,porque com aquela ingênuidade, eu não era tão exigente com meus amigos.Eu corria pela rua,chorava por coisas ridiculas, brigava com meus amigos e um dia depois, nós já estávamos felizes juntos.Lembro também de sentir medo do lobo mal do clipe da Xuxa,e gritar para minha mãe tirar quando começava a tocar.Nada era problema para mim,com sol ou com chuva, eu sempre estava com meu sorrisão de dentes separados no rosto.Mas a chuva sempre foi minha favorita.Era quando chovia que eu me sentava na sala com a minha mãe para ver alguma programação qualquer na TV enquanto ela costurava.E eu nunca tinha tempo para me sentir entediada,porque diferente dos dias de hoje, eu sempre estava aprontado alguma.Era filme, boneca, pega pega,e piscina.Não podia bater um raiozinho qualquer de sol no meu rosto que eu já pedia para meus pais abrirem a minha piscina de plástico, e aí a alegria era feita.Eu chorava e fazia drama sim,mas no fim eu acabava dando gargalhadas entre as lágrimas quando alguém me animava.Sinto saudades de quando ia para a casa de minha avó observando a paisagem enquanto tagarelava no ouvido da minha mãe.Quando eu chegava lá, era só mimos e abraços.Eu ria muito da minha avó xingando meu avô, e hoje sinto falta da voz dela.Quando eu voltava,novamente era a mesma rotina de bagunças, olhando pelas dias de hoje, parece que a palavra cansaço não existia no meu vocabulário.Mas eu era feliz,não há nada que eu mudaria na minha infância,não acrescentaria nem removeria nada,deixaria do jeito que foi.Novamente eu olho pela janela e percebo,como eu sinto falta daquela minha inocência de criança.   

Loucos DevaneiosOnde histórias criam vida. Descubra agora