Uma doce menina

A menina ruiva que conheci na biblioteca!

Noah (imagem acima)

NOAH

- E então cara, conta sobre a coisa muito louca que aconteceu! - Matt fala empolgado.
- Ah, você não vai acreditar... - enrolo colocando as mãos atrás da cabeça.
- Para de graça! Conta logo, antes que a professora chegue! - diz agoniado.
- Tá bem. - sorrio.
A carteira do Matt fica ao lado da minha, então eu e ele nos viramos um para o outro.
- Vai conta logo! - diz ansioso.
- Então, lembra que eu disse que iria na biblioteca hoje?
- Sim.
- Eu fui.
- Jura? - diz ironicamente.
- Ah cala a boca, não é esse o ponto x da questão! Eu comprei dois livros iguais e então...
- Espera! Você comprou dois livros iguais? Que tipo de babaca faz isso? - Matt me interrompe caçoando de mim.
- Vai deixar eu terminar ou não?
- Sim, claro, não está mais aqui quem falou. - diz levantando as mãos em sinal de rendição.
- Então... Eu comprei os livros, mas algo me dizia para dar mais uma volta pela biblioteca...
- "Algo te dizia"? Como assim "algo te dizia"? Será que era um demônio? - me interrompe mais uma vez.
- Matt! Cala a boca e deixa eu falar! - algumas pessoas da sala olharam para mim quando eu disse isso.
- Ei Noah, fala baixo. - diz Matt sussurrando.
Todo mundo volta a fazer o que estava fazendo então eu continuo.
- Então! - falo com um tom de fúria para não ser interrompido novamente , ele passa a mão na boca como se tivesse fechando a boca com um zíper. - Eu resolvi dar mais uma volta pela biblioteca antes de ir embora, e quando eu estava prestes a ir embora eu ouvi alguém discutindo, então fui até lá para ver. Quando eu cheguei lá havia dois moleques e uma garota muito bonita por sinal!
- Hm, lá vem... - resmungou.
- O garoto mais velho parecia querer... Abusar dela, sei lá, coisa boa não era. Então ela gritou para ele sair e foi aí que eu entrei!
- Sério? Você se intrometeu na briga?
- Não era uma briga, mas sim, eu me envolvi nisso.
- Agora sim tá ficando interessante! Continua.
- Então eu ameacei o cara e ele e o outro que estava com ele saíram da biblioteca. Então eu fui ver se a garota estava bem, e nós começamos a conversar e ela é tão fofa e tão meiga e...
- Vish, tá falando igual mulherzinha... - falou virando o rosto caçoando de mim mais uma vez.
- Não estou não! - falei levantando o rosto e fechando a cara - Foi só um... Um momento delicado.
- Hm delicado, ui! - caçoou mais uma vez.
- Matt! Eu vou te espancar! - falei me levantando na direção dele.
- Não, por favor! - falou, mas a professora entrou na sala e eu voltei para o meu lugar.
- Se livrou dessa! - falei, ele olhou pra mim e fez uma careta que dizia "nem ligo".
Hoje as aulas começaram mais tarde, a escola abriu 13h00, mas à partir de amanhã voltaremos ao nosso período integral.
Então a aula começou.

SOFIA

Cheguei em casa e já eram 13h20.
- Parece que alguém se atrasou na aula pela primeira vez... - disse a professora Meire, ela me dá aula de literatura e é super legal!
- Desculpa, Mei! Eu tive um imprevisto. - falo entrando na sala rapidamente.
- Tudo bem, eu estou brincando. - disse sorridente - Quer me contar o que houve? - pergunta.
- Hm... Quero! - então eu conto tudo o que aconteceu na biblioteca.
- Nossa! Então esse menino é um herói, não é? - diz assim que eu termino de contar a história.
- É, de certa forma...
- E ainda te deu o livro? Ele parece ser muito gentil!
- Sim, verdade.,
- Mas tome cuidado, Sofi. Ele pode só querer se aproveitar de você...
- Como assim?
- Há um motivo para seus pais te manterem o mais longe possível desse mundo, Sosô. Existe muita maldade por aí.
- Sim, eu sei. Mas é tão difícil de acreditar que existam pessoas ruins assim...
- Sim, é algo bem triste... Mas também existem pessoas muito boas! Talvez esse garoto realmente à respeite e não está interessado em se aproveitar de você, de qualquer forma, fique sempre atenta!
- Entendi! Agora me fala, Mei. O que você acha que aquele outro garoto, o mais velho, o que será que ele queria comigo?
- Olha, eu não vi o jeito nem o olhar dele, mas pelo o que você me contou eu diria que ele queria... É... Te forçar a fazer algo que você não quer.
- Como assim?
- Deixa isso pra lá, Sofi.
- Mei, é sua função como minha professora me preparar para o mundo! - finjo estar brava.
- Tá bom, tá bom. - revira os olhos - Acho que ele queria abusar você.
- Abusar?
- Sim, tipo... Fazer...
- Aquilo?
- Sim, aquilo.
- Que horror! - falo colocando as mãos sobre a boca.
- Pois é! Mas como eu disse eu não vi o jeito e o olhar dele, então não é certeza.
- Não consigo entender como ver o olhar dele poderia mudar algo.
- Sofia, o olhar diz muito sobre um homem. - falou segurando minhas mãos.
- "O olhar diz muito sobre um homem"... - repeti a frase refletindo sobre ela.
- E sobre uma mulher também, mas estamos falando sobre um homem então...
- Sim! Agora vamos à aula que eu não quero mais falar sobre isso.
- Sim, vamos! - disse e então a aula começou.

NOAH

As aulas acabaram e nós fomos liberados para ir pra casa, como hoje não tivemos aula em período integral não tivemos intervalo.
- Noah, vamos pra minha casa? - Matt me convida.
- Tá bem, mas preciso avisar minha mãe. - falei.
- Não se preocupe com isso! Eu já cuidei de tudo. - disse caminhando com o nariz empinado.
- Você ligou pra minha mãe antes de eu concordar em ir pra sua casa?
- Como se você tivesse escolha. - apenas revirei os olhos e o segui.
Mas antes de sairmos das dependências da escola o Bartolomeu entra no nosso caminho com seus colegas babacas.
- E aí, Noah! Fala, Matt! É melhor se prepararem para o jogo de amanhã! Não sei como o treinador deixou vocês entrarem no time. Se vocês nos atrapalharem vão levar uma surra! - fala e então sai esbarrando em nós dois.
Pois é, em pleno século 21 e ainda existem valentões. Que coisa mais ultrapassada!

[...]

Estou na casa do Matt. Ele está no computador dele e eu estou deitado na cama dele olhando pro teto.
- Você deveria pegar o número da tal garota ruiva. - diz Matt quebrando o silêncio sem olhar para mim.
- Nossa que ideia brilhante! Isso seria muito bom se eu tivesse como pedir o número dela. - falo ironicamente.
- Ué, você não encontrou ela na biblioteca? Volta lá amanhã, quem sabe ela esteja lá de novo.
- Isso seria um tiro no escuro.
- É, seria algo bem idiota também.
- Ela provavelmente não estará lá e eu irei fazer papel de bobo.
- É, vai parecer um otário.
- Certo! Eu vou!
- Esse é o meu garoto!