Um Carinho ás vezes cai bem

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SOFIA

Estou deitada - pra variar - olhando para a árvore grande e cheia na calçada através da janela do "meu" quarto. 
Minha mãe está sentada na poltrona à poucos metros de mim, ela está lendo um livro que não sei o nome. 

Estou com fones de ouvido, ouvindo uma música calma e melancólica que não sei o nome. Olhando para a árvore que deixa algumas folhas caírem, eu me lembro de Noah... Por que não consigo me lembrar dele? Eu gostaria de lembrar, ele parece ser alguém muito especial, parece se preocupar comigo.

Olho para a minha mãe, tiro os fones de ouvido.

- Mãe! - a chamo. Ela parece se assustar um pouco, então para de ler o livro e me olha.

- Sim, querida? - ela responde fechando seu livro.

- Pode me falar sobre o Noah? - meu pedido a faz sorrir de canto.

- Bom, você nunca me falou muito sobre ele... Nem chegou a apresentá-lo formalmente para seu pai e eu. Mas eu percebi que você começou a sair mais de casa, parecia mais feliz, mais... radiante! E foi então que eu percebi que algo havia mudado, minha garotinha estava se tornando uma mulher. - nós duas rimos com o comentário e seus olhos parecem lacrimejar... - Você sempre foi uma menina muito doce, uma filha da qual qualquer pai ou mãe morreria de orgulho, mas depois que você conheceu o Noah, você melhorou! Eu sei disso porque reparei, mesmo de longe, eu te observava. Depois de um tempo você me contou sobre ele, disse que ele se chamava Noah e que vocês estavam se conhecendo, mas depois de um tempo eu acho que vocês terminaram, ou... interromperam o relacionamento de vocês. Você ficou triste, você não era mais a mesma. E foram alguns anos assim. O Noah praticamente sumiu! Ou era o que parecia. Depois de um tempo vocês se reencontraram, os dois mais maduros, mais sábios, você chegou feliz em casa nessa noite. Você não quis me contar o porquê de toda aquela felicidade, mas nem precisou, pelo brilho dos seus olhos eu já sabia o que tinha acontecido. E então... 

- Eu sofri o acidente. - concluí. 

Sim. - ela abaixou a cabeça e uma lágrima caiu. Oh, meus olhos também estão lacrimejando, já sei de quem  herdei tanta emoção. 

- Eu queria me lembrar dele, mãe. Mas não me lembro. De nada. E isso é frustrante, faz parecer que tudo que passamos juntos foi em vão. De alguma forma as memórias estão ligadas as emoções, porque eu não o amo, ou eu esqueci que o amo. - e então mais lágrimas descem.

- Sofi, mantenha a calma. Você vai se lembrar, filha. Não exija tanto de você. Meu conselho para você é que quando sair daqui, saia com o Noah, se conheçam de novo, se apaixonem de novo, do zero, e então tudo dará certo. 

- Não é tão simples, mãe.

- Não, não é. Mas quem disse que seria simples? - ela sorri - Você vai passar por isso, querida. E eu estou aqui para passar por isso com você. - ela se levanta e me abraça.

Seu abraço é acolhedor, ali, envolvida no seu abraço maternal eu me sinto segura, em paz. 

Então ouvimos batidas na porta e nos desprendemos do abraço.

- Entre. - minha mãe responde. Então a porta se abre. 

- Não morre mais! - diz minha mãe ao ver Noah abrir a porta.

- Oi? - ele murmura confuso.

- Nada não! - minha mãe diz rindo - Vamos, entre. Eu preciso mesmo pegar um café. - ela caminha em direção a porta - Conversem vocês dois. - ela ordena e então fecha a porta, deixando Noah e eu a sós no quarto.

- Oi... - Noah murmura meio sem jeito olhando para mim receoso.

- Olá. - eu murmuro de volta, talvez tão receosa quanto. 

- Eu... Vim ver se está bem. Seu pai me falou que tentaram... - ele para de falar.

- Me matar? - completo - É, aparentemente alguém queria terminar o trabalho. - falo como se fosse a coisa mais normal do mundo.

- Eu não sei o que faria, se fizessem algo com você. - ele diz, com seus olhos vacilantes, indecisos se olham para os meus olhos ou para a minha boca. 

- Oh... Você sobreviveria. - eu falo esboçando um meio sorriso. Ele se aproxima um pouco mais de mim.

- Eu não teria tanta certeza disso. - ele diz me olhando fixamente nos olhos agora.

- Errh... Tá bom. - falo a primeira coisa que vem na mente, me perguntando como essa conversa ficou tão íntima tão rápido. 

Noah limpa a garganta enquanto se afasta e coça o nariz.

- Eu te trouxe um presente. - diz ele enfiando a mão no bolso da sua jaqueta e tirando um chocolate. - Aqui, para você. - ele diz erguendo a mão com o chocolate em minha direção. 

- Errh... Obrigada. Mas não posso comer chocolate por conta dos exames que tenho que fazer. - eu não sei reagir a um gesto de carinho? Talvez. 

- Oh, verdade, me desculpa, como sou estúpido! - ele diz voltando com o braço, mas eu agarro sua mão.

- Não! Que isso, me dê esse chocolate. - então ele solta o chocolate na minha mão. - Eu posso comer depois, não é? - sorri.

- Não vai estragar? 

- Não, eu vou guardar com carinho. - falo da maneira mais fofa que consigo, ele sorri vendo meu esforço. 

- Tá bom, obrigado. 

- Está me agradecendo por aceitar o seu presente? - pergunto confusa.

Noah parece refletir.

- É... Parece que estou. - nós rimos com a situação. 

- Vejo que estão se divertindo. - minha mãe entra no quarto do nada nos assustando um pouco. Ela segura um copo com café.

- Ah, sim... - respondo - O Noah é muito divertido. - Noah olha para mim e sorri, eu retribuo o seu sorriso.

- Huuum... Já estão assim? - minha mãe ri. 

- Para, mãe! - falo morrendo de vergonha. 

- Ai, eu estou brincando. 

- Bom, eu já vou indo. Preciso trabalhar. - Noah diz com as mãos nos bolsos da calça - Eu passei só para ver a Sofia. 

- Tá bom, Noah. - minha mãe diz - E obrigada pela força que está nos dando na empresa. Não sei o que faríamos sem você.

Ele sorri. 

- Tchau, Sofia. - ele diz olhando para mim - Me avise se lembrar de algo. - ele pede mais uma vez esperançoso.

- Tchau, Noah. É o que eu mais quero. 

Ele sorri de canto e se vai, esperançoso, ele se vai.

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⏰ Última atualização: Jul 12, 2020 ⏰

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