CAPÍTULO 1

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Mariah poderia ser definida como uma pessoa

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Mariah poderia ser definida como uma pessoa... Louca.

Espontânea e criativa realmente não eram o bastante para fazer jus a toda a sua personalidade incomum.

Fazia faculdade de artes plásticas, apenas para tranquilizar o pobre coração da mãe, que não queria a filha com futuro incerto, pintando telas e mais telas e as vendendo na rua por apenas alguns trocados suficientes para pagar a comida da semana.

Daquela forma, tinha contato com alguns artistas renomados, que seriam seus professores, e acesso às festas universitárias, e isso havia sido o suficiente para convencê-la.

Foi naquele campus que conheceu seus melhores amigos, Hugo e Sabrina, que logo se tornaram mais um motivo para continuar assistindo as aulas chatas de técnicas abstratas e esculturas, mesmo que formas geométricas estivessem longe de ser a sua praia e gesso lhe desse alergia.

Hugo cursava Economia no prédio chique da galera financeira, e tinha sempre um comentário sarcástico e mal humorado para divertir as amigas. Sendo comunista, o garoto estava sempre metido em discussões com os colegas de sala liberais, e isso consumia sua dose diária de educação.

Já Sabrina fazia química. Logo, as piadas chamando-a de bruxinha, como a do seriado famoso que tinha seu mesmo nome, eram inúmeras. Mas, fã de Harry Potter que era, ela não chagava a se incomodar, a menos que o curso das gracinhas permeasse a macumba - ela não achava legal usarem de uma religião para tirarem com sua cara, pois todas as crenças deveriam ser respeitadas. Era uma amigona completa, fiel e presente.

Eles já estavam acostumados com o jeito de Mariah, já sabiam lidar com ela, e sempre riam e eram agraciados pela forma independente e apaixonada com que levava a vida.

Naquela semana em específico, ela tinha decidido cursar uma matéria eletiva que pertencia à grade de arquitetura. Explicou seus motivos por cima, mas os amigos não se preocuparam de contestá-la mais que uma vez, sabendo que não adiantaria. Ela tinha algo em mente e agiria de acordo, doesse a quem doer.

Mesmo com o jeito despojado, Mariah não se distanciava muito no estereótipo dos artistas. Era única, intrigante e excessivamente emocional. Isso significava que pautava suas decisões sempre e somente nos seus sentimentos, na sensação e instinto, sendo completamente desprovida de lógica.

Gostava de ser dessa forma, achava-se livre. Não era sempre que as pessoas seguiam seus corações, e ela se orgulhava de ter o seu intacto por fazer sempre o melhor para ele.

Parte do motivo que a fazia ser julgada de maluca era justamente sua impulsividade no que tratava qualquer questão de seu dia-a-dia. Enquanto seres humanos normais racionalizavam, avaliavam prós e contras, o que a sociedade pensaria e coisas do tipo, ela achava tudo perda de tempo, e só se perguntava o que ia fazê-la mais feliz.

Isso significava que tinha amigos em toda parte, pois abraçava desconhecidos na rua e dava voz a funcionários invisíveis que precisavam conversar com alguém. Mas também explicava o motivo de ela deixar estabelecimentos sem mais nem menos e não falar mais com alguém com quem trocava confidências no dia anterior: Decepção não era com ela. Se algo não agradava, ela não se dava ao trabalho de aturar.

[Degustação] Amigos com BenefíciosOnde histórias criam vida. Descubra agora