[Degustação] Amigos com Benefícios

CAPÍTULO 10

Mariah ficou em silêncio, remoendo aquela nova informação com a testa franzida até chagarem ao local, bem menor, mais claro, e com apenas duas outras pessoas.

Eles se sentaram lado a lado novamente, embora separados dessa vez já que essas cadeiras tinham apoio para os braços, o que os impedia de encostarem um no outro.

- Por que não me contou? – ela ecoou seus pensamentos conflituosos.

O engenheiro tinha a testa severamente franzida e as mãos inquietas se apertando. Ele não conseguia nem colocar em palavras a versão completa daquela resposta em sua própria mente, menos ainda vocalizá-la para a garota.

- Eu meio que esperava que você nunca precisaria saber. – ele suspirou profundamente, bagunçando os próprios cabelos. Mariah parecia ainda mais confusa. - Talvez eu devesse ter te contado... Quando disse que esse era o hospital para onde levaram a sua mãe eu fiquei tão tenso... - percebendo que a artista agora se perguntava se sua mãe corria algum risco, ele abanou as mãos, garantindo que não era o caso. - Me desculpa, eu não tô fazendo sentido. É só um assunto realmente delicado que eu sempre prefiro fingir não existir ou ser importante.

- Eu te contei coisas delicadas também. – ela murmurou em retorno pensando no alcoolismo do pai e no ex namorado falecido, ambos assuntos pesados e extremamente pessoais, mas que ela não tinha tido problema de abrir para ele.

Marcos espremeu os lábios, nem concordando, nem discordando. Ele continuava tendo dificuldades de se abrir e Mariah não sabia o que dizer para incentivá-lo ou até mesmo cobrar sua resposta.

Na verdade, estava se sentindo meio traída.

Tudo bem que ele estava ali com ela, ao seu lado, preocupando-se em ser um perfeito cavalheiro e o melhor dos amigos que ela poderia pedir a Deus.

Mas... Por que ele não contaria?

Que motivo podia justificar uma omissão tão desnecessária somada com aquela atitude reclusa e distante?

Seria o caso de Mariah pensar que tinham uma relação que não estava nem perto da realidade? O que mais ela não sabia sobre ele?

Marcos não era exatamente a melhor pessoa em identificar emoções. Por ser tão racional, essa parte mais humana e caótica das pessoas acabava passando batido vez ou outra, a menos que seguisse um padrão lógico que ele pudesse identificar.

Mas Mariah era transparente. Assim, não demorou nada para que ele percebesse que ela tinha ficado encucada com aquilo. O que também não significava que ele sabia como agir a esse respeito.

Então, durante o tempo em que levaram o chá de cadeira, esperando para ter alguma notícia da mãe de Mariah, o engenheiro se prontificou a cuidar dela, indo buscar algo para que ela comesse o tempo todo, água de meia em meia hora, ajeitando as almofadas em sua coluna e até convencendo uma enfermeira simpática, Eva, a trocar o canal da TV por um de música, que a distraísse melhor.