4. Sequestro

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- Geralmente tento impedir qualquer coisa que você faça, mas desta vez não quero nem perguntar.

- Melhor assim. (A Herdeira).

Abro os olhos devagar e começo a pensar por qual motivo, razão ou circunstancia eu estava com frio. Uma única possibilidade passa pela minha cabeça: eu tô pelada ou só de lingerie. Me levanto da cama onde me encontrava (olha, falei bonito!) e olhei ao redor. Aquele quarto não era do João. E, pela decoração dele, eu já sabia onde estava.

- Puta que pariu. – foi a primeira coisa que saiu da minha boca, mesmo que inconscientemente. – Tudo bem Spooky, mantenha a calma e tente se lembrar do que aconteceu ontem. Talvez não tenha se passado um dia inteiro, mas eram dez horas da noite a última vez que eu olhei o celular, então já deve ser o dia seguinte. – eu comecei a andar de um lado para o outro, e também a falar sozinha, porque todo mundo sabe que quando você tá endoidando você fala sozinho. E também é uma ótima forma de se organizar as ideias. Vamos aqui com calma né, porque tem que raciocinar.

Primeiramente eu estava na casa do Jason.

Segundamente eu estava só de calcinha e top (porque eu dormi de calcinha e top).

Terceiramente eu lembrei que dormi de calcinha e sutiã porque, quando estava na casa do João minha roupa ficou toda suja, e como eu estava muito cansada, só fiz tirar a roupa e capotar. Apesar de isso não explicar por qual motivo EU TAVA NA CASA DAQUELE RUIVOOOOO!!!!!!

Eu estava lá, de boa, andando em círculos igual uma barata tonta depois de cheirar veneno quando notei que minhas roupas estavam em cima da cama junto com a minha faca. E também tinha um banheiro com uma toalha limpa (pelo menos eu achava que estava limpa, porque eu peguei naquela coisa e ela estava seca, então deveria estar limpa. E se não estivesse... bem se não estivesse não estaria, mas eu acho que estava). Tomei meu banho e me vesti. Pensei em deixar a minha faca em cima da cama, mas aí lembrei que aquela era a casa de Jason The Toymaker. O fazedor de brinquedos e tal, então achei melhor levá-la, para o caso de a Annabelle ou o Chuck (ou o próprio Jason) brotar na minha frente igual um demônio. Abro a porta e desço as escadas devagar e fazendo o maior silêncio possível, mas é uma Lei Universal Galáctica Vívica para todos os que já viveram que quanto mais silêncio você quer fazer, mais barulho você faz. O que é injusto e não justo, mas é aquele velho ditado vamos fazer o que? Eu comecei a olhar atentamente para os lados, quase que desesperada como naqueles filmes em que tem um assassino te perseguindo e você tem que tentar não morrer (o que, nesse caso, faz muito sentido). Sinto mãos na minha cintura e sufoco um grito, apertando a faca com mais força, me viro de uma vez e ponho-a no pescoço do ruivo de novo.

- Será que toda vez que nos encontrarmos vai ser assim? – pergunta ele com um sorrisinho divertido, como se me ver bancar a valentona fosse a coisa mais engraçada do mundo. O que me deixou brava. Mas então uma coisa me ocorre e esse pensamento me faz dar um sorrisinho.

- Esse poderia ser o nosso pra sempre. Afinal de contas, eu já notei que você me ama.

- O que faz você pensar isso? – o miserável ainda estava com as mãos em minha cintura e estávamos muito perto um do outro. Minha intuição dizia que ele queria brincar, então eu também iria brincar.

- Você me trouxe para cá. E sempre nos esbarramos desse jeito. Está na cara que você me ama, só quer se fazer de difícil. Mas não precisa ter vergonha disso Love, eu sei que meu charme consegue fisgar qualquer um. E com você não seria diferente. Pra mim, tudo isso é amor.

- Tem certeza que sou eu que estou apaixonado por aqui? – ele realmente queria brincar comigo daquele jeito e uma dessas provas é que ele deu um sorriso malicioso e me puxou mais para perto com força, o que me fez soltar um gemido pela dor do aperto. – Eu acho que não. Você está tão apaixonada por mim que até tentou me seduzir dormindo sem roupa. Você é uma boneca muito levada e eu simplesmente amo isso. Fico feliz que também esteja jogando isso comigo assim fica tudo muito mais divertido.

- Fico feliz em fazê-lo feliz. Mas eu gostaria de saber, onde está aquela boneca de ontem hum? Aposto que ela conseguiu conquistar você.

- Você não cumpriu nosso acordo. – seus olhos começaram a ficar daquela cor novamente. – Pensei que fosse apenas assustá-los. Mas você matou o garoto.

- Não é como se você tivesse cumprido não é? Você matou a garota antes que eu pudesse destruí-la, além do quê, aquilo fazia parte do susto. E eu também não consegui resistir, mas isso não vem ao caso. Se você tivesse visto o olhar de desespero que ele deu, também não teria resistido. Agora, que tal me soltar para que possa ir embora? Já que você não me ama, não vai sentir a minha falta. – concluo, tirando a faca de seu pescoço, me soltando e terminando de descer as escadas.

Minha Amada BonequinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora