7. Confiança (parte 1/2)

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Bons amigos são como estrelas: nem sempre podemos ver, mas temos certeza de que estão sempre lá. (Desconhecido).

Depois de passar pela porta, tive um diálogo com o Ruivo. Ele me propôs uma coisa e eu simplesmente aceitei. Agora, me encontro aqui, deitada nessa "cama de ferro", vendada e nessas condições.
- E então Spooky? Até agora você não abriu a boca, nem mesmo para me ameaçar. Está tudo bem? Ou, vai me dizer que uma assassina do seu nível, que faz jogos perigosos tem vergonha de estar sendo vestida por mim? - Perguta o demônio encarnado, mas mesmo pensando isso, eu sorri.
- Nós ainda estamos brincando certo? - indago sorrindo. Sabia que ele queria me fazer perder nossa "brincadeira". E isso definitivamente não era uma opção.
- Ah, sim, estamos. Agora, por que você estava chorando?
- Eu briguei com meus pais. - respondo. Sinto ele mexendo em uma de  minhas pernas. Ele estava colocando uma meia. Uma meia três quartos. Isso não ia dar certo.
- Brigou com os pais foi? Tem mais alguma coisa, não? Sentimentos acumulados, talvez?
- O que faz você achar isso? Eu posso ser só uma garota de treze anos mimada, desligada e retardada. Pode ser que tudo isso seja só manha. Afinal, sempre é esse o problema, não é? Sempre tem algum problema. Nada nunca é o suficiente NÃO É?! - Sinto as mãos dele pararem de trabalhar. Eu não podia ver nada por causa da venda negra, mas minha intuição me dava duas opções: A) ele estava confuso. Ou, B) achou que eu tinha enlouquecido de vez.
- Spooky... Não... seu nome verdadeiro, qual é?
Começo a pensar se deveria mentir, mudar de assunto ou falar a verdade. Eu falaria a verdade. Mudar de assunto não iria funcionar e mentir só iria deixá-lo irritado. Além disso, senti que podia confiar nele. Teddy iria me matar.
- Emily. Emily Jackson. - digo por fim.
- Emily... Posso fazer algumas perguntas?
- Vou poder fazer perguntas também? - Devolvo com um sorrisinho, mas logo ele desaparece.
- Sim, ótimo. Por que escolheu Spooky, para ser seu nome? - O Tomate Ambulante volta a vestir sabe-se lá o quê em mim. Estava estranhando tudo aquilo. E deixei bem claro.
- Eu tô te estranhando. Mas, respondendo sua dúvida: eu adoro assustar as pessoas. Desde pequena, é sério cara eu assustava todo mundo. Era hilário, mas eu parei com isso. Ah, e eu também gosto do nome Spooky. Palavra. Dane-se. Mas e você? Desde quando é psicólogo? E comigo? Sempre soube que você me amava. Se eu fosse você, também me amaria. Acho que a minha depressão passou. Valeu Ruivo.
- Sou psicólogo desde agora - responde ele. Sua voz soava quase divertida aos meus ouvidos. - Emily... Não acho que você seja mimada. Talvez retardada, mas mimada não.
- Puxa cara, valeu! Jason, pode me chamar de Emi ou de M&M. Nós já temos intimidade. Pelo menos na minha cabeça. Nós temos intimidade pra você?
- Ah, sim. Acho que você não trata todos os outros como me trata. É bom que não.

Minha Amada BonequinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora