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Zona total.

Era isso o que tinha se transformado nossa casa.

Tinha carros estacionados na grama do jardim – o que mais chamou minha atenção foi a Toyota vermelha estacionada perto da esquina –, o som alto dava para ser ouvido do início da rua e bebida rolava solto. Também tinha gente se pegando em toda parte enquanto fumavam coisas que começaram a me dar embrulhação de estômago. Era angustiante!

No mesmo instante em que entrei em casa, comecei a procurar por Jayden, ele teria que me explicar aquela bagunça toda, pois quando disse que faria uma festa, não pensei em algo tão extravagante. Procurei por toda parte e nada dele. Só tinha alguns bêbados quase transando no sofá e outros malucos chapados dançando na sala. Subi as escadas e o corredor não estava muito diferente. Tinha copos plásticos por toda parte e som de gemidos, indicando que havia pessoas fazendo sexo em nossos quartos!

Abri a primeira porta e encontrei duas garotas enroscadas no quarto de Nelly e meu pai, elas até mesmo sorriram para mim. Meneei a cabeça negativamente e fechei a porta de novo. Não era como se eu não tivesse feito isso alguma vez. Fui para o próximo quarto, o meu, e não posso descrever a surpresa que senti ao ver Angus estocando a vadia da Kendall com força, enquanto ela gritava, segurando-se na minha cama. Acho que de surpresa, fechei a porta com o coração na mão. Eles estavam... transando... no meu edredom!

Espera, no meu edredom?

— O que diabos eles fazem aqui? Angus nem gosta do meu primo!

Isso me deixou tão louca de raiva que entrei no quarto novamente pisando duro. Os dois se sobressaltaram e enquanto Angus me olhava como se eu fosse o monstro do lago Nesse, Kendall parecia debochar de mim.

— Saiam. Do. Meu. Quarto. Agora! — disse entredentes.

Ela, toda ousada, levantou-se nua mesmo e veio na minha direção, como se fosse a rainha do lugar. Não posso descrever o quanto a repudiei naquele momento.

— Eu fui convidada — disse, irônica, esboçando um sorriso cheio de escárnio.

— Mas não foi convidada a transar no meu quarto, sua vadia! — Dei-lhe um empurrão tão forte que a derrubei no chão. A queda só não foi mais feia porque ela se segurou na cama. Kendall soltou um choramingo irritante e eu não me arrependo de ter colocado-a no seu devido lugar.

Angus nem se atreveu a dirigir-me a palavra, já estava vestindo as calças em silêncio quando me virei para sair. Porém, antes de me retirar, lancei mais um olhar fulminante para os dois e falei alto, a fim de que escutassem:

— Vou dar um minuto para desinfetarem!

Depois dessa cena, fiquei até com medo de abrir a próxima porta, mas fui em direção ao quarto de Jayden. Estava trancado. Fiquei intrigada. Resolvi bater na porta, mas ninguém respondeu.

— Jayden? Jayden, você está ai?

Nada.

Colei o ouvido na madeira para tentar escutar alguma coisa, mas o som estava tão alto que era impossível. Que raiva! Será que ele estava lá dentro com alguma menina? Talvez a bendita da Toyota vermelha... era só isso o que se passava pela minha mente. Então me lembrei da escada no jardim e que aquela janela era defeituosa. Não hesitei em sair correndo escadaria abaixo e fui direto para os fundos da casa. Se ele estava com alguém naquele quarto, eu ia descobrir.

No caminho, esbarrei em algumas pessoas bêbadas e quando cheguei, fiquei aliviada por ninguém ter se lembrado de tirar aquela escada dali. Subi rapidamente, sentindo a madeira ranger debaixo dos meus pés e quando alcancei o topo, meu coração disparou. Eu estava fazendo aquilo apenas de medo de estar sendo traída por Jayden ou o quê? Não sabia dizer, sabia apenas que a necessidade de olhar através daquele vidro era maior do que qualquer outra coisa.

Porém, eu não deveria ter olhado.

Bem diante de meus olhos, uma Nelly armada conversava irritada com um homem alto e robusto. Ele me fazia lembrar Jayden, mas era loiro. Por falar em meu primo, ele estava sentado no chão com os olhos baixos e um semblante preocupado. Chocada era pouco para descrever como eu estava naquele momento.

"Se eles voltarem, precisamos estar com a droga do dinheiro!", esbravejou Nelly, enquanto eu piscava, afoita. Jayden foi quem me viu ali, dependurada na janela, e ele arregalou tanto os malditos olhos que os outros dois também voltaram seus olhares naquela direção. Minha tia ficou praticamente branca ao me ver e eu, assustada por ter sido pega no flagra, desci o mais rápido que consegui. Ao realizar o intento, enrosquei o salto do meu sapato em uma das tábuas e isso me fez cair os quatro últimos degraus. Com a queda, meu pé começou a doer de forma considerável, mas eu não tinha tempo, e por isso disparei em direção à rua, mancando.

O que eu devia fazer? Chamar a polícia? Mas o que eu ia dizer? Nelly estava armada e eu não tinha ideia do que estava acontecendo. Os e-mails que tinha lido naquela tarde vieram à minha mente e tudo começou a girar enquanto eu corria sem mesmo respirar direito, evitando gritar de dor.

Um barulho de sapatos contra o asfalto me fez olhar para trás e percebi que o homem que estava conversando com Nelly corria atrás de mim. Empreguei mais velocidade em minha corrida, mas não consegui me livrar de seu abraço de ferro que me agarrou não muito tempo depois. Se eu não estivesse mancando, provavelmente ele não iria conseguir me alcançar.

O homem tampou minha boca enquanto eu me debatia feito louca e lembro-me de ter tentando mordê-lo, porém, no instante seguinte, tudo ficou escuro.

O Quarto ao LadoOnde histórias criam vida. Descubra agora