Observo o carrossel girando e girando até quase me deixar tonta, em uma distância a quase dois metros de mim. As pessoas parecem alheias às outras ao seu redor. Em sua maioria crianças, todos se divertem com o contínuo girar do brinquedo. Nick está na bilheteria comprando ingressos pra nós e eu olho distraidamente para os pais com seus filhos, casais de namorados e grupos de amigos que riem de alguma coisa que conversam entre si, mas não consigo me desligar totalmente do presente que recebi mais cedo.
O Benjamin deve ter pedido para a vendedora escrever o cartão, foi o que o Nick disse quando eu mencionei que a letra no papel não era do meu padrasto. Ele está em Paso Robles, Ellen. Não teria como escrever pessoalmente. E esta é a explicação mais lógica. Ele ligou para a floricultura e pediu para a moça escrever o que ele queria me dizer. Mas se é assim, então por que o caroço gelado no meu estômago não derreteu ainda? Por que eu sinto que não conheço a pessoa que me enviou as flores?
Talvez eu apenas esteja ficando louca ou talvez então alguma coisa nada legal está para acontecer. Mas não tiro da mente aquela assinatura... Talvez eu deva ligar para o Benny e perguntar se ele me mandou as flores. Embora eu ache que não seja uma boa ideia, já que se os meus sentidos estiverem certos e não tiver sido ele quem me enviou, eu não serei a única preocupada.
— Tem certeza que quer ir no carrossel? — Nick aparece ao meu lado me dando um tremendo susto ao sussurrar no meu ouvido e me tirando momentaneamente dos meus pensamentos.
— Carrossel sempre foi meu brinquedo favorito desde que me entendo por gente. — sorrio pra ele — Então sim, tenho certeza.
— Só pra você saber, existem outros brinquedos feitos para pessoas com mais de cinco anos.
— Então que bom que o meu namorado só tem dois. — brinco.
— Vamos lá. — ele pega uma das minhas mãos, a que eu não seguro o joystick da cadeira, e começa a me guiar — Vou deixar sua cadeira com o cara nos controles e vamos dar umas voltas de cavalinho.
Nick e eu vamos até a lateral do carrossel, deixamos a cadeira aos cuidados de um rapaz ruivinho com sardas no nariz que cuida dos controles do brinquedo, e juntos subimos.
Ele me põe em um cavalinho preto que me lembra o Tyler e fica em pé ao meu lado enquanto as outras pessoas sobem também. Não há adultos dessa vez, apenas ele e eu com mais de dez anos de idade. Mas não me importo. Estar com o Nick aqui é maravilhoso e totalmente incrível. Fecho os olhos por todo o tempo em que estamos no brinquedo e me permito imaginar que não estou em um parque de diversões, mas sim em um campo com gramado verdinho e o sol estalando em minhas costas de tão quente. E não estou em um cavalinho preto inanimado, mas sim no meu amigão Tyler, cavalgando-o e fazendo graça.
Quando abro meus olhos, vejo o meu Nick sorrindo, provavelmente porque sabe o que eu estava materializando no meu subconsciente. Não saímos de imediato logo que o brinquedo para, continuamos ali por um tempo, mesmo que tenham pessoas esperando que a gente desça para que a próxima volta comece. Parece que o Nick não liga. E pra ser franca, nem eu também. Ele se abaixa um pouco, apenas para ficar à altura dos meus olhos, coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, me beija brevemente e sorri.
— Eu prometo que em breve você estará montando o Tyler de novo. Eu mesmo vou te colocar em cima dele.
Meus olhos enchem de água com a sua promessa, embora eu saiba que isso não depende dele. Todos os meus médicos e ele próprio já me disseram que não é seguro montar o Tyler desse jeito. Posso não ter o controle necessário e sem uma pessoa especializada, posso acabar caindo e me machucando, quem sabe até gravemente.
— Obrigada, Nick. — agradeço mesmo assim.
— Eu prometo. — ele repete e então saímos.
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Recomeço (SR #2)
RomanceConteúdo inadequado para menores de 18 anos. Série Renascer | Livro 2 O quanto um único momento pode mudar a vida de alguém? Como se recuperar de um duro golpe no momento em que menos se espera? Quando Ellen Muller acha que está tudo bem na sua...