Capítulo 14

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Saio do apartamento do Jonathan com a alma em frangalhos. Não posso acreditar nas coisas que ele me contou. O fato de ser meu pai e regressar à minha vida depois de tantos anos como se nunca tivesse partido por si só já é algo para deixar uma pessoa arrasada. Mas saber que ele fez isso porque sua amante estava grávida, que sua filha morreu, que minha mãe e meu padrasto esconderam coisas importantes de mim e que a mulher com que ele fugiu é a ex amante do meu namorado e que o meu namorado é responsável por ele ter sido preso, é demais para qualquer pessoa suportar.

Asher me ampara com preocupação estampada nos olhos quando eu cruzo a porta. Lágrimas correm pelo meu rosto e mesmo em uma cadeira, sinto como se minhas pernas estivessem bambas.

— Ellen, o que aconteceu?

Abro a boca, mas não consigo respondê-lo. Meu peito se aperta e minha garganta se fecha. Nem mesmo o som do meu choro sai pela minha boca. Eu gostaria de poder gritar, mas nem isso consigo.

— Como foi lá dentro?

Balanço a cabeça, incapacitada de falar. Dou-lhe apenas um sorriso triste banhado de lágrimas.

— Ruim assim, é?

Vejo seus olhos com um semblante sério subindo do meu rosto para um ponto acima de mim.

— O que esse bastardo fez a você?

— Esse bastardo contou toda a verdade a ela. — Jonathan diz atrás de mim, então se aproxima e fica bem mais perto — Sei que agora está sendo difícil filha, mas você vai ver como a verdade realmente pode libertar alguém.

Não olho pra ele. Sendo verdade ou não as coisas que ele me contou, eu não posso olhar pra ele. Não posso continuar aqui. Preciso sair desse lugar. Preciso de um pouco de paz e principalmente, preciso do Nick.

— Asher por favor... me tira daqui.

— Claro, claro.

Minhas mãos estão tremendo tanto que é capaz de eu me jogar em cima de uma parede se for controlar o joystick, então ele se posiciona atrás de mim e começa a empurrar minha cadeira.

— Eu estarei aqui se precisar. — o Jonathan diz, mas eu não dou a mínima, o Asher já está me pondo para dentro do elevador.

Descemos em silêncio até o andar térreo. Apenas meus soluços são ouvidos no espaço minúsculo, mas uma das mãos do Asher fica o tempo todo no meu ombro me passando conforto. Quando entramos no carro eu me viro imediatamente para o vidro da janela, encosto a cabeça e deixo as lágrimas rolarem com maior intensidade.

Pego o celular no meu bolso e ligo para o Nick.

— Por favor. — repito esse mantra, desejando que ele atenda, mas a ligação não é atendida — Nick, por favor.

A segunda chamada e as próximas depois desta são redirecionadas sempre para a caixa postal. Onde você está, amor? Por que não me atende? Eu preciso tanto de você agora. Deus, por que ele tinha que ir à Nova Iorque? Nossa vida estava indo tão bem sem a distância e outras pessoas entre nós.

— Ele não está atendendo? — de repente me dou conta que o Asher está ao meu lado no banco do motorista. Parece que eu tinha me esquecido da sua presença.

— Não.

— Ele provavelmente deve estar ocupado, afinal são pouco mais de cinco horas. Ele deve estar na empresa.

— Você deve estar certo. — digo sem animosidade. Não quero dizer a ele que li no jornal que o Nick não está em Nova Iorque, então não está na empresa.

Recomeço (SR #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora