O Mágico: Príncipe dos Mortos

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    Hey Hey galerinha! Só para reforçar o aviso do capítulo anterior: A primeira parte do nome do capítulo mostra de quem é o ponto de vista, esse por exemplo é do mágico.Bom, era só isso mesmo.Espero que vocês gostem. Por favor comentem. Beijoos

    Explodir foi uma forma rápida e prática de voltar para a Fortaleza, mas estava longe de ser a menos dolorosa.Estava prestes a me queixar com o Deus Pirralho quando percebi o clima na Fortaleza.

    O Pequeno Deus estava sentado em um enorme trono de ossos na base da escadaria e em cada degrau estavam duas servas, todas de preto o com o rosto abaixado, menos as duas no primeiro degrau: Joy, com um vestido amarelo brilhante e uma expressão preocupada e Ruby, que era uma espécie de "serva chefe" sempre vestida com sua armadura carmim, que agora me olhava como quisesse bater em mim.

    O Jovem Deus finalmente olhou para mim.Seu rosto tinha um tom esverdeado e suas olheiras tinham se intensificado.Ele parecia ainda mais magro, com suas bochechas esticadas sobre os ossos de sua face.Seus olhos,porém, estavam bem vivos, apesar de expressarem certa frieza.

  - Você sabe o que você fez? - Foi tudo o que ele disse, com um tom de voz traído.

  - N-não senhor.Eu ap-penas realizei a missão,assim como o senhor me pediu.

  - Eu adoraria saber quem ordenou que você entregasse a esfera da visão para uma mortal de doze anos! - disse Ruby, em seu tom rígido e ríspido, enquanto o Pequeno Deus apoiava a cabeça entre os joelhos, como se estivesse muito doente.

  - E-esfera da visão? Eu não sei do que vocês estão falando...

  - O item com o qual você presenteou a princesa - Me respondeu Joy. Ela era única que não parecia zangada o traída, ela soava apenas...desesperada - Como você tomou conhecimento de sua existência, ou como você a invocou?

   Eu estava prestes a contar, quando um instinto, não, alguma força simplesmente irresistível me convenceu silenciosamente a não contar, então ao invés disso eu disse - Eu estava fora de mim mesmo.O que era aquilo? Por que estão todos tão preocupados?

   - A esfera da visão - finalmente falou o Jovem Deus, enquanto esfregava as têmporas como se estivesse com enxaqueca - é um item divino que permite aquele que tem sua posse ver qualquer coisa que deseje ver. Qualquer coisa. É através dela que eu me comunico com a minha mãe.Se a princesa desvendar os segredos da esfera e fazer as perguntas erradas ela vai vê-la... a minha mãe.E se tem algo que pode enlouquecer um mortal é a visão da Morte.

   Um silêncio pesado tomou a sala.Eu estava em choque, tentando absorver a nova informação: ele não falou morte como se fosse uma condição, mas sim como se fosse algo.O Pequeno Deus era capaz de trazer os mortos de volta à vida pois era filho da Morte.

  - Ruby, nós precisamos conversar - disse o Príncipe dos Mortos (o nome finalmente fez sentido pra mim), quebrando finalmente o silêncio - Joy, por favor, acompanhe-o até o quarto dele. As demais por favor voltem as suas atividades normais.

***

    - Você pode ver pelo lado bom, ou pode continuar insistindo no lado ruim - argumentou Joy, sem conseguir realmente se convencer do que estava falando.

   Estamos espremidos no meu banheiro, vendo as "atualizações". A Fortaleza recompensa os servos pelo desempenho nas missões com melhorias nas nossas acomodações.Depois da minha atuação na missão, o Pequeno Deus não conseguia decidir se melhorava ou piorava meus cômodos, já que eu completei com sucesso a tarefa, mas acabei perdendo um artefato importante.

   - Eu disse que não havia muito o que piorar, e que seria crueldade, mas a Ruby insistiu que você merecia ser castigado então...

   - Eu sei, Joy. Obrigado por me defender - dei um sorriso fraco para ela. Afinal, ela tinha convencido o Deus Pirralho a trocar meu balde de necessidades por um sanitário digno - mas, como eu faço pra me lavar???

  - Realmente, foi cruel tirar a pia e a bacia - disse ela parecendo realmente triste, apesar da situação ser um pouco cômica - Venha, eu deixo você usar meu banheiro até você conseguir um decente.

   Não era só a porta da Joy que era superior a minha: apesar de não ser muito difícil, os aposentos dela era muito, mas muito mesmo, melhores que os meus.Ela não tinha um banheiro,mas sim piscinas de água mineral frescas ou quentes, com direito a pequenas cachoeiras artificiais, além da decoração que fazia a coisa toda parecer um grande spa. Finalmente senti toda sujeira de túmulo deixando meu corpo e quando sai estava mais limpo do que a maior parte das pessoas pode dizer que já esteve na vida.

    Joy me esperava sentada em um dos seus macios sofás de seu quarto com uma bandeja de salgados apetitosos e me convidou para me sentar ao seu lado.

   - Agora - disse, ficando séria de repente - me conte a verdade sobre a esfera.

   Esperei por aquele sentimento que havia me impedido de dizer mais cedo, mas ele não estava mais lá. Além disso, Joy era minha melhor amiga naquela Fortaleza, e tinha me defendido mais cedo, além de sempre me ajudar.O mínimo que eu podia fazer era contar a verdade para ela, e foi o que eu fiz.

   Contei como realizar um show de mágica me trouxe lembranças do passado, onde muitas crianças com cabelos vermelhos como fogo riam, pedindo que o "irmão" não parasse, contei como os movimentos e truques pareciam comuns a mim e como me senti no momento de dar os objetos.

   Eu senti uma presença, assim como senti a ameaça do Deus Pirralho mais cedo em minha mente, mas ao contrário do terror que ele provocou em mim, essa presença era doce e calmante, assim como a que me convenceu a não contar a história para o Deus e as servas mais cedo no salão.Ela tomou conta do meu corpo, me controlando de um jeito que não me assustou, apenas me deixou feliz e em paz, ela então pediu para eu dar um recado à princesa e partiu.Logo em seguida eu senti o domínio opressivo do Pequeno Deus, tentando me fazer alcançar a esfera, mas algo o impediu e eu explodi de volta à Fortaleza.

    - E eu finalmente sei o meu nome, que é John - terminei, olhando para Joy, que mordia a ponta de seu polegar em uma expressão pensativa - mas mesmo assim, meu passado continua preso para mim.Acho que Deus Pirr...o nosso senhor - corrigi rapidamente quando vi uma bronca surgir em seus lábios - está bloqueando elas.Sei que pode ser pedir muito mas... você pode me ajudar a lembrar quem eu sou?

    - Não sei se poderei te contar no final - disse ela depois de um tempo refletindo - mas posso prometer procurar descobrir tudo e te contar tanto quanto for possível.Mas, se você realmente quer minha ajuda, tem que me prometer algumas coisas! A primeira é não contar o que você me disse hoje para mais ninguém, e isso inclui não contar seu nome! A segunda é fazer o máximo possível para não deixar o nosso Deus saber quando você se lembrar de algo novo e a terceira é, claro, sempre me contar quando lembrar de algo.

   Prometi que iria cumprir seus requisitos, e em troca ela prometeu se dedicar ao máximo. E foi só isso, nós ficamos ali, em silêncio, largados no sofá enquanto o peso dos acontecimentos do dia pairava entre nós. 

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⏰ Última atualização: Jun 19, 2017 ⏰

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