Capítulo 7 - Uma pequena luz

10 1 0
                                    

Lúcifer está coordenando a ofensiva sobre Jó quando vê seu ambiente se iluminar com a forte luz que somente a presença do Criador traz. Nesse instante, todo alvoroço se converte em gemidos de medo e raiva por parte dos demônios. A voz de trovão ecoa na cabeça de Lúcifer.

-Vejo que não lograste sucesso na sua empreitada, mesmo com a permissão que te concedi.

Lúcifer, contrariado e irado, responde.

-Ele ainda sente o gosto das bênçãos que deste a ele por toda vida... Ademais ainda está bem, seu sofrimento é apenas emocional, e ele tem um emocional forte. Eu duvido mesmo que estaria desse jeito se sentisse dores de verdade! Tudo que o homem tem ele dá em troca da sua vida.

O Criador responde:

-Isso é mentira! E você sabe disso muito bem, és o melhor articulador delas. Mas, para comprovar que meu servo Jó é íntegro, vou permitir que toques em sua saúde, mas não tens permissão de matá-lo!

A luz some rapidamente. Lúcifer se junta com seus maiorais para traçar a melhor estratégia com a nova permissão obtida.

***

Roberto aproxima-se do assento onde Jó está algemado. Senta-se ao lado do amigo e lhe diz, meio frustrado:

-Meu amigo advogado não atendeu à ligação... Mas vou continuar tentando outros meios. Fique tranquilo, amigo.

Jó, já voltando a si, responde.

-No fundo, talvez esse meu afastamento acabe me ajudando. Quando perceberem que as informações continuam sendo compartilhadas vão perceber que não sou eu quem está fazendo isso.

Roberto retruca:

-Mas isso pode demorar um pouco... Quem quer que seja que esteja vazando essas informações vai parar por um tempo.

-Pode ser, mas eu confio que Deus está comigo, Beto. E Ele com certeza não vai me desamparar...

-Como você consegue pensar em Deus dessa maneira depois disso tudo, Jó? Pelo que você fala, parece que Ele vai materializar-se aqui e trazer um habeas corpus.

-Tudo que Ele faz tem um propósito, Roberto, tudo mesmo. Espero descobrir logo qual o propósito disso tudo que está acontecendo comigo para, quem sabe, encurtar o máximo possível esse tormento.

O telefone de Roberto toca e ele atende. Sua esposa está acompanhando Marta no hospital e está passando informações a Roberto, pedindo que, se possível a busque e a leve pra casa, já que a irmã de Marta está lá para acompanhá-la. Roberto fala:

-Sua mulher está sedada no hospital. Isso foi demais pra ela, Jó.

-Eu sei... Tudo está acontecendo rápido demais. Como ela está?

-Está bem, sendo monitorada.

-Obrigado, Beto. São em momentos assim que a gente descobre quem são nossos verdadeiros amigos. Você pode ir, eu vou ficar bem.

Depois de relutar muito, Roberto finalmente concorda em sair da delegacia. Jó é encaminhado para uma cela.

***

No dia seguinte, Marta está esperando para visitar Jó na delegacia. Enquanto está cumprindo a burocracia, seu celular toca.

-Sim, é Marta. Da excursão? Que bom... Já estava ficando aflita por falar com as crianças. Preciso urgentemente falar com um dos mais velhos, tem como colocar na linha?

Começa a escutar o contato da excursão e fica pasma, pálida e mole. Algum dos funcionários percebe que ela não está bem e pega água e uma cadeira para ela sentar-se. Marta responde à ligação com lágrimas nos olhos:

Clássicos Bíblicos Recontados - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora