❋ 11º Capítulo - "Don't do that again" ❋

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(…)

Quem diria que aquele homem de olhos verdes que à dias atrás eu sentia medo e nojo poderia ter tanto poder sobre o meu corpo. Como será possível o meu corpo responder tão rapidamente ao seu toque?

É um novo dia, tantas horas se passaram e aquele momento não me sai da cabeça, parece que ainda sinto os seus lábios contra os meus. Sem dar conta do que estava a fazer, os meus dedos percorreram os meus lábios e um sorriso tímido formou-se ao relembrar aquele momento que ficará guardado na minha memória.

- Scar, estou à tua espera, senão te despachares vamos chegar atrasados. -  ouvi o meu irmão, que me despertou do meu transe.

Rapidamente pus os livros na mochila e desci atrapalhadamente as escadas correndo para o carro.

Dentro de 10 minutos chegamos ao parque de estacionamento, estava ansiosa para encontra-lo, as reacções dele são sempre tão inesperadas. Entramos no grande corredor e o meu irmão seguiu para o seu grupo de amigos, olhei disfarçadamente tentando perceber se ele também lá estava, rapidamente o consegui identificar e a minha barriga contorceu-se.

Posso jurar que ele olhou na minha direcção e quando se apercebeu da minha presença desviou o olhar. Não consegui perceber a sua reacção, ele fez exactamente o que eu temia, simplesmente ignorou-me.

A campainha soou e eu dirigi-me ao cacifo para ir buscar os livros que ontem tinha lá deixado, quando ia para fechar o cacifo já não se encontrava quase ninguém nos corredores. Senti alguém a agarrar-me e dei um pequeno guincho com o susto, mas logo reconheci aquelas mãos. Virei-me ficando frente a frente com ele, a poucos centímetros de distância.

Mas logo essa distância tornou-se nula, sem me aperceber senti os seus lábios nos meus, senti o desespero e a necessidade daquele beijo. Todos os meus pensamentos de ele me poder ter ignorado, desvaneceram.

                - Ainda não te tinha visto hoje, pensei que estavas a fugir de mim. – disse ele num tom brincalhão.

                - Eu pensei que me quisesses ignorar. – aproveitei o seu bom humor para o confrontar com as minhas dúvidas.

Senti-o desconfortável, mas rapidamente ele respondeu-me dizendo que realmente passou os olhos por todo o corredor mas que não me tinha visto, porque caso contrário teria vindo ao meu encontro. Achei-o um pouco inseguro da sua resposta, mas decidi ignorar o assunto, ele provavelmente estaria a falar a verdade, decidi aproveitar o momento. Mas continuava com outras dúvidas…

- Estou confusa com o tipo de relação que temos, tendo em conta que se passou tudo muito rápido.

- Apenas deixa acontecer, não penses muito nesse assunto. Agora estamos bem e é o que interessa. – respondeu-me calmamente.

Sempre acreditei que as relações eram construídas ao longo do tempo e é me difícil acreditar em relações tão repentinas, mas aquilo que eu estou a começar a sentir por ele faz-me estar disposta a arriscar. Num impulso abracei-o, mas ele não devolveu o abraço e afastou-me.

- Não voltes a fazer isso ok? – ele disse num tom áspero.

Confusa com o que se tinha acabado de passar nada disse. Ele percebeu o quão atrapalhada fiquei e apenas disse.

                - Apenas não voltes a fazer isso por favor. – ele disse, mas desta vez num tom mais calmo, certamente percebeu que tinha exagerado no seu tom de voz.  Apenas acenei com a cabeça.

                - Scarlett, apenas não penses que eu te posso dar o que tu queres. – ele começou a falar. - estou contigo agora e isso  vai ter que ser o suficiente, já te disse antes que não sou pessoa de namorar e não quero que esperes que eu seja o que não sou.

Estas palavras foram proferidas muito calmamente, penso que para ele aquilo era  normal e o mesmo tempo penso que ele estava a tentar fazer com aquelas palavras não parecessem tão ruins como o que que significavam.

Mas auch, doeu na mesma. Esperar o que ele não me pode dar? Ele não sabe como eu me sinto, não sabe que ele foi o único rapaz que eu deixei que me beijasse, após o que se passara no eu passado. Para outros o que ele me fez não foi nada de especial, mas nunca deixei que alguém sequer me beijasse depois do que aconteceu.

Mas sinceramente também não sei o que esperava dele, apenas sabia que agora eu estava a gostar do que havia entre nós. 1001 perguntas ecoam  na minha cabeça, mas 1002 razões são me apresentadas para continuar com isto.

                - A não ser que queiras levar falta deverias ir.

                - Sim, é melhor ir. – respondi, não sabendo como deveria despedir dele. Esperava que ele tomasse a iniciativa e me beijasse, sem dúvida estava-me a tornar fã dos seus beijos.

Em vez disso, ele apenas me deixa um beijo demorado na bochecha e depois vira-se, indo embora, deixando-me a sonha com os seus lábios nos meus. Eu não o amava, mas cada vez era mais difícil dizer que não sentia nada por ele.

Decidi ir para a aula. Harry tinha razão e eu não queria levar falta.

                - Onde estavas? – Hannah sussurrou quando me sentei ao lado dela.

                - Na casa de banho. – menti claramente.

                - E u estou tão feliz Scar. O Dave faz-me mesmo bem e sinto que desta vez vai durar.

- Humm, ainda bem, só quero que estejas bem. – respondi sinceramente.

- Apesar disso, ainda que não me importava de ter tido um caso amoroso com o professor de Filosofia.

- Han! Tu não mudas. – disse o mais baixo possível e a rir-me . – na tua cabeça as regras são apenas regras, e são para ser quebradas.

- Scar, aproveita a vida, pois a vida é vivida no momento, apenas tens que te deixar ir e não pensar muito nas coisas.

Era a segunda vez que ouvia aquilo naquela manhã. Fiquei parva a olhar para ela. Mesmo sem ela saber, ela tinha acabado de me lembrar a minha situação com o Harry. Obrigado Han. 

Breathe Me 1ªTemporada | H.sOnde histórias criam vida. Descubra agora