V - Helena

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"Eu avisei", era tudo que Helena podia pensar nesse momento.
O ataque ao navio oficial de Mura, o Mura Exploratória, foi a gota d'água para Richard aceitar a viagem. Ele tinha dúvidas, Helena sabia e até pensou em se oferecer para ir no seu lugar, mas sabia que seria melhor utilizada ficando em Ur, administrando e guiando o povo no momento de necessidade.
- Isso cria uma imagem péssima para Ur! – Richard era um poço de raiva caminhando. O quarto do casal era pequeno para a energia que Richard emanava, e a conversa em particular dos dois parecia ser compartilhada para todos perto do janela.
- Você realmente está preocupado com a imagem de Ur nesse momento, Richard?
- Helena, nós chamamos o homem! Nós procurarmos uma mão para nos ajudar! Mura, Palez, Xila! Só ele quis nos ajudar. Ele não liga para a magia, Helena! Ele veio porque quis, e o que ele recebe? Uma acusação de acobertar o sequestro da nossa arqueira e ainda perde um dos maiores símbolos do reinado dele.
Helena suspira e se levanta, caminhando em direção ao marido. Encosta a mão sob o ombro do rei e sente toda tensão saindo do seu corpo. O marido tinha um rosto abatido, estava cansado, pálido.
- Richard... – colocando a mão sob a barba áspera do marido, Helena sente as gotas de suor descendo dos seus cabelos – Edgar está tranquilo. Tudo vai ficar bem. Não temos nada a mais com que nos preocupar no momento.
- Como você pode dizer isso com essa certeza, Helena? – o rei falava enquanto passava a mão envolta da cintura de Helena, fazendo-a se lembrar do velho amante com que tinha se casado. O amor ardente que sempre banhou o casamento dos dois. A chama nunca se apagara com os dois e qualquer situação poderia ser resolvida com o amor que sentiam um pelo outro. Era a parceira, a compreensão, sempre estando lá um pelo outro. Era isso que garantia a Helena que tudo se resolveria.
- Porque eu conheço o homem com que eu me casei, Richard. – Helena falava enquanto admirava os dois grandes olhos verdes do marido. – Eu sei suas qualidades, meu querido, e confio em suas habilidades. Você confia nas minhas para manter o reino de pé?
- Oh, minha querida. – Richard coloca a mão na parte de trás dos longos cabelos loiros da rainha. – Eu confio em você com a minha vida. O reino estará em melhores mãos agora, enquanto você opera sozinha. Sorte a nossa por tal rainha. – e rouba um beijo esperado da rainha.
No momento em que se conectavam, sendo um, Helena sentia todo o peso do trono abandonando ambos os corpos. Não eram o rei e a rainha de Ur, eram Richard e Helena, uma dupla na vida.
- Temos que voltar agora, nada mudou. E agora temos que arrumar um maldito navio.
- Eu posso resolver isso, Richard. Eu tive uma ideia.

- Tobias! – a rainha guitarra quando vira o chefe da guarda se aproximando do portão do castelo.
- Minha senhora. Deseja alguma coisa?
- Eu preciso que você localize uma pessoa para mim, ele com certeza é conhecido no seu meio...
- Que meio, minha senhora?
- O dos guardas. Você já ouviu falar no Capitão Jonathan Ryes?
- Ele é um dos piratas mais conhecidos da região, minha senhora. Nada foi provado, mas todos acreditam que ele tenha sido responsável pelo grande saque que aconteceu as terras do oeste. Tem comerciantes que até agora não se recuperaram!
- Exatamente! Eu preciso que você o encontre e o traga a minha presença até o fim do dia.
- Mas como a senhora tem certeza que eu poderei o encontrar por aqui, minha senhora?
- Eu tenho uma sensação, Tobias, um bom chute, eu diria.

Helena não sabia se deveria falar para Richard. Quando era mais jovem, antes de se casar, Helena teve um namoro de juventude. Um pequeno caso que, por um momento, achou que levaria para toda sua vida. A sua mãe não aprovava, claro que não. Não a deixaria se casar com um pobre vendedor de peixe. Helena ficara de coração partido, mas sabia que sua mãe tinha razão... e tinha mesmo. Pouco depois, Helena se via apaixonada pelo novo rei e nunca se arrependera de casar-se com ele.
Seu namorado de juventude, Jonathan, crescera para se tornar um dos mais conhecidos piratas de Ur, e ele, diferente da rainha, nunca esquecera da antiga paixão.

O Veleiro Negro - As Crônicas de Ur IIOnde histórias criam vida. Descubra agora