VI - Sofia

87 11 0
                                    

Era tudo muito para Sofia lidar. Todas as informações, de uma vez, caindo em seu colo. Muito do que sempre se perguntou estava sendo finalmente respondido e ela não sabia como lidar com isso.
Como fazia desde que viera morar com seu pai na área principal de Ur, Sofia caminhara para o seu local favorito em todo reino. Sempre que se sentia triste ou precisava pensar em algo importante, Sofia ia direto para um casarão abandonado perto de algumas lojas no reino. A história sempre ficara na cabeça de Sofia desde que seu pai a contara, quando era criança.
- Ah, o dono dessa casa não merecia nem o prato que tinha. – E Tobias cuspira no chão enquanto a pequena Sofia olhava para cima esperando o resto da história. – Faz muitos anos, muitos anos mesmo. Eu não era nem nascido. Meu pai que me contou essas histórias. O senhor Alex era um rico senhor que morava nessa casa. Tinha tudo que sempre quis, mas sempre queria mais e mais. Era um arrogante. Achava que o dinheiro que tinha podia comprar tudo, até coragem e força, duas coisas que ele não tinha. Um dia, Alex estava nas florestas, procurando alguns animais para matar... ele queria impressionar uma senhora para casar com ele. Ele sempre fora sozinho, não sozinho fisicamente, mas onde importa. Tinha várias mulheres dispostas a passar os dias com ele, mas pelo seu dinheiro, nenhuma se interessava na pessoa de verdade. Ele também não colaborava, minha filha. Nesse dia na floresta, um gigante encontrou ele matando um cervo.
- E os gigantes são reais, papai? – a pequena Sofia olhava para cima encantada.
- Mas é claro, minha filha. Você nunca ouviu nenhuma das histórias dos grandes gigantes como Bernardo e Isora?
- Não, papai.
- Então, eu falhei como pai, minha princesa. Mas teremos muito tempo ainda, eu lhe contarei várias dessas. Você gosta dos gigantes, Sofia?
- Gosto sim, pai
- Pois o velho Alex não gostava, nem o gigante dele. Quando o vira tentando matar um cervo, o símbolo do nosso reino, o gigante não aguentou. Encarou o velho Alex de frente. O velho, com sua incrível arrogância, aceitou uma luta com o gigante.
- E o que aconteceu com ele, papai?
- Existem pessoas que dizem que Alex está voando até hoje, com o chute que recebeu do gigante. Mas isso não é possível, minha filha, ele morreu. – Tobias nunca fora de enrolar e esconder a verdade de ninguém, principalmente da filha. A mensagem que Tobias queria passar, de sua própria maneira, era que a arrogância e ganância nunca levam ninguém a lugar nenhum. E essa fora uma história que nunca saíra da cabeça de Sofia, e daí que nascera sua obsessão por gigantes.

Sofia olhava para a frente, onde um mendigo sentava do outro lado da rua, ao lado de um bar, e implorava por algumas moedas para todos que passavam.
Sofia pensava em voltar para o Castelo, para a festa talvez, encontrar seu pai, falar sobre sua mãe, mas acabava desistindo, e continuava atenta na saga do mendigo, e todos que se recusavam a doar algo para ele. Depois de mais alguns nãos, um sujeito parara de frente ao mendigo e o dera duas moedas de ouro.
- Que os deuses o ajudem – o mendigo retira o manto que o cobria e ficara de pé revelando um homem com um aspecto forte e olhos verdes que penetravam aqueles que olhavam. Ele saca uma espada da sua cintura e coloca contra a garganta do homem. – Me dê o resto que tiver, eu estava morrendo de vontade de tomar uma bebida forte antes de ir embora.
O homem tirara mais cinco moedas de seus bolsos e correra como um animal em direção ao centro da cidade. Assustado e pálido, parecia correr junto ao vento.
Sofia já tinha a mão na espada e ia em direção ao homem, agora dentro do bar, o dar voz de prisão. Quando olhara para o lado, vira seu pai e William, um dos membros da guarda real, vindo correndo em direção ao bar.
- Sofia, o que você está fazendo aqui? – Tobias perguntara espantado ao ver a filha.
- O que vocês estão fazendo aqui?
- Ah, você vai ver – Disse William entrando no bar.
- Maldição, garoto! – Tobias o seguira.
Sofia não ficaria parada na calçada, então seguiu os dois. O bar não era muito grande, então ficara na porta, com a espada empunhada.
- Capitão Jonathan Ryes! – Seu pai gritara para o homem que o mendigo se tornara
- Capitão Especial Jonathan Ryes! – o homem virara. – Quem deseja?
- Você vem conosco, Capitão.
- Não concordo com você, soldado. Por que eu iria?
- Alguém lhe procura, garoto.
- Alguém que me interesse?
- Não sei... você se interessa na rainha? – as palavras saíram da boca de Tobias e entraram nos ouvidos do Capitão como se fosse música.
- Maldição, rapazes. – O Capitão bebe o último gole do seu copo. – O que estão esperando? Me levem a rainha!

O Veleiro Negro - As Crônicas de Ur IIOnde histórias criam vida. Descubra agora