Capítulo 8

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Uma tosse escapa de minha boca, seguida de muitas outras. Alexis volta e me encara com a testa franzida, mas não a respondo, aliás, não tem como.

Ela me entrega um copo d'água e bebo toda a água em poucos segundos. Alexis nega com a cabeça e pega sua bolsa que estava em cima da mesa.

Dustin está aqui.

Fico em silêncio em toda a volta para a empresa. Minha cabeça revira algumas vezes, mas ignoro a sensação.

Eu sempre odiei me sentir encurralada, como se qualquer pequeno erro pudesse determinar minha vida, e eu sabia que isso que estava acontecendo. A vida estava agindo como um teste de química que eu não conseguia passar, na escola.

Alexis, por sua vez, também não disse nada até chegarmos no andar de cima. O cheiro de seu chiclete foi a única coisa que não deixou que o ambiente estivesse tão vazio.

Eu também me sentia uma amiga ruim por não contá-la sobre minha vida, mas depois de tudo, o fato de não contar algumas coisas sobre minha vida poderia ser bom em algum momento.

Caminho até minha sala e não vejo Sr. William dentro da sala, o que deve ser o melhor em todo o dia.

Sr. William não apareceu mais na sala durante todo o dia e meu único contato foi Alexis que me mandava mensagens fofocando sobre a briga na sala ao lado. As coisas entre Margareth e George não pareciam muito boas, e o motivo talvez fosse Anna.

Apesar de Dustin estar em minha casa, não posso desmarcar novamente com Anna. Não o aviso que irei encontrar uma amiga porque imagino que ele queira ir junto, o que não seria muito legal.

Saio antes de Alexis e sei que ela me chama de estranha em seu pensamento. Caminho até o bar onde encontrei Anna pela primeira vez, mas ela ainda não está sentada em nossa mesa.

Meus planos para ajudar Anna não são muito complexos. Apesar de ser rica, Anna não sabe usar o seu dinheiro em coisas que poderiam ajudá-la a aparecer de outra forma para seus pais. Para isso, ela teria que vender todas as roupas que comprou para afrontá-los, e com o dinheiro que resultaria disso, pode fazer suas próprias confecções.

Batuco as unhas na mesa de madeira e encaro ansiosamente a porta. Eu, definitivamente, espero não ver Shawn por um bom tempo. Tempo suficiente para que eu consiga me esquecer do beijo e ajeite minhas coisas com Dustin.

Depois de longos minutos sem ter nem sinal de Anna, vou embora.

Aperto meus braços, tentando esquentá-los. Não está frio em Los Angeles, mas sinto como se tudo dentro de mim estivesse esfriando por medo.

Não tenho medo de Dustin. Tenho medo de magoá-lo. Infelizmente, esse sempre foi um dos meus maiores medos. Eu sei como e ser magoada, e sinceramente, é uma dor que eu não desejo para ninguém.

Caminho rapidamente de volta para casa. Por um lado, eu sinto raiva de Anna por ter me deixado esperando, por outro, imagino que ela tenha feito isso porque fiz com ela e minha raiva aumenta.

Louis avisa que tenho visita em meu apartamento. Ele não diz ser um homem, apesar de eu saber que é. Ele apenas diz que a pessoa tinha a chave de minha casa, o que significa que é realmente Dustin. Agradeço com um sorriso e volto a andar até o elevador.

Respiro fundo enquanto a porta do elevador se fecha e me viro imadiatamente para o espelho. Era bom estar sozinha dentro de um elevador, toda vez.

Ajeito minha bolsa no ombro e começo a adotar uma feição cansada, assim não precisarei falar tanto com Dustin e poder ignorar minha culpa, pelo menos, por essa noite.

Abro a porta de casa e o encontro de frente para mim. Seus cabelos estão ainda maiores e ele tirou totalmente sua barba. Não consigo conter um sorriso e me aproximo, sentindo seus braços me envolverem em um abraço.

"Senti saudades." Ele diz próximo ao meu ouvido.

Fico mais alguns minutos abraçada à Dustin e me sinto menos nervosa. Eu estava me acalmando, e por mais que eu imaginasse que ele já estaria separado do meu corpo, eu o mantinha ali.

Quando nos separamos, ele franze a testa ao ver algumas lágrimas em meus olhos. E a cada segundo, fico ainda mais nervosa.

"O que foi?" Ele enxuga as lágrimas de meu rosto.

"Eu... eu. Me desculpa." O abraço novamente. "Eu sou uma merda."

"Ei, você não é uma merda." Ele se separa novamente de mim. "Você tem pessoas que te amam. Pessoas que te amam demais." Ele enxuga minhas lágrimas. "Não importa o que aconteça, eu vou sempre te amar."

E meu coração bate mais forte. Não porque eu sentia meu coração batendo mais forte por ele, mas como se a culpa tivesse me bombardeado.

"Comprei algumas coisas para comermos." Ele sorri. "Não vim aqui para te ver triste."

Dustin comprou comida mexicana, como eu imaginava. Segundo ele, teve que pesquisar qual era o melhor restaurante de comida mexicana para poder relembrar o passado.

Em um momento, percebo o quanto está tudo diferente. Há um ano, éramos apenas amigos falando sobre minha possível paixão pelo cara que mais odiávamos da faculdade. Hoje, namoramos e tentamos manter o maximo de distância do cara que eu me apaixonei na faculdade, sem sucesso.

Me sinto insegura novamente. Penso em como confio em pessoas que mal conheço e em como acolhi Cassie para ser totalmente surpreendida depois. Penso em como amei Jordan que mantinha segredos mais obscuros que sua obsessão por mim. Penso em Shawn e em como as coisas costumavam ser boas antes.

Os lábios gelados de refrigerante de Dustin encostam nos meus e volto a realidade.

Nos beijamos com intensidade, apesar de uma distância incômoda. Era bom sentir sua língua em contato com a minha, mas faltava algo mais. Faltava aquela explosão que senti noite passada, faltava aquela sensação de estar sendo levada às nuvens.

Mas ainda assim, sem explosões ou sensações desconhecidas, eu cometi mais um erro.


Bonnie é burra e não é a toa que é inspirada em mim. Eu mudei meu perfil inteiro (como vcs devem ter percebido) pq vcs sabem q ngm sabe da minha conta, e quase descobriram. Então, eu preferi mudar tudo para não parar de escrever. Amo vcs.

Memories of Love || Shawn Mendes [book 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora