Memories of Love || Shawn Mendes [book 2]

Capítulo 28

Shawn's POV

Não sei quantas ligações de Bonnie eu neguei desde que acordei. Estou cansado e meus olhos mal conseguem se abrir sozinhos.

Alguns flashes da noite passada ressurgem em minha cabeça, como um maldito pesadelo. Não lembro de muito, mas consigo lembrar de Megan vestindo seu vestido vermelho e de Andrew me ajudando no banheiro. Nada parecia ter acontecido mesmo.

Me sento na cama e passo as mãos nos cabelos, sentindo minha cabeça explodir. Eu não deveria ter bebido tanto, e sei disso. Mas eu não poderia ir a uma boate sem beber nem um gole de alguma bebida.

A ideia de sair foi de Geoff. Segundo ele, estávamos perdendo nossa essência. Faziam meses que não saíamos para nos divertir.

Franzo a testa e encaro o outro lado bagunçado de minha cama. Parece que um furacão passou por aqui e não sei nem como começar a explicar o que aconteceu aqui.

Levanto da cama e caminho ainda de olhos fechados até o banheiro, sendo barrado pela porta fechada.

"Andrew! Já falei mil vezes para usar o seu banheiro." Dou um soco na porta.

Viro novamente para a cama, me preparo para me jogar no colchão novamente, mas a porta é aberta antes que eu faça isso.

Encaro o rosto sorridente da garota diante de mim e sinto meu peito doer. Se ela está aqui, algo realmente aconteceu.

Me aproximo de Megan com passos pesados e a empurro contra a parede branca de meu quarto. Ela não demonstra medo e muito menos surpresa pela minha reação. Parece agir como se já esperasse por cada movimento meu.

"Por que você é assim quando está de ressaca?" Ela diz com uma voz manhosa. "Sempre acorda de mau-humor." Ela se afasta de mim e caminha até a cama, pegando seu vestido do chão. "Você não estava assim na noite passada." Ela passa a mão em seu pescoço e vejo algumas marcas começando a ficarem roxas.

"Saia daqui!" Grito. "Agora!"

"Só vou me vestir, ok?" Ela me encara e veste o vestido lentamente. "Adorei a lembrança. Você vai amar também."

Encaro Megan calçar seus saltos e sair do quarto logo após jogar um beijo para mim. Me sinto um merda. Eu traí Bonnie com a pessoa que deveria mais odiar em toda a minha vida.

A raiva sobe à minha cabeça e jogo algumas coisas pelo quarto. Lafrimas escorrem pelo meu rosto e grito enquanto meus móveis e acessórios são jogados no chão do quarto.

Vejo Andrew e Geoff se aproximarem no meio da bagunça, enquanto choro como não chorei em anos. Me sinto mal. Me sinto horrível.

Sinto seus braços me envolverem em um abraço apertado, e derramo ainda mais lágrimas quando me sinto seguro novamente.

"Pode nos dizer o que está acontecendo?" Geoff olha dentro de meus olhos.

"Eu a quebrei de novo. Eu destruí minha vida com Bonnie de novo."

Bonnie's POV

Bufo de tédio e me estico pelo sofá. Shawn não atende minhas ligacoes há um bom tempo e isso está me deixando nos nervos.

Anna e eu conversamos durante o dia inteiro até o chegar da noite. Ela está realmente feliz por ter me conhecido como sua irmã depois de tantos anos me procurando.

Tudo tinha sido muito bem pensado. George havia selecionado as melhores pessoas para me encontrar, ele sentia essa dívida comigo. De nunca ter visto meu crescimento, de nunca ter sido o pai que um filho merece.

Ele se juntou a Anna na procura, enquanto Margareth não concordava em resgatar uma família do passado. Para ela, seu marido já estava doente o suficiente para se estressar com uma procura por alguém que possa nunca encontrar.

E foi no auge das brigas e ameaças de separações que Anna me encontrou. Margareth não fazia ideia de que o nome da filha de seu marido era Bonnie e com isso, aceitou contratar uma nova secretária para seu marido. E então, eu estava próxima dele novamente.

Meu celular começa a tocar e leio o nome de Anna brilhar na tela. Me sinto mais como sua irmã do que filha do mesmo pai que ela.

"Já estou aqui embaixo." Ela diz antes de desligar a ligação.

Pego minha bolsa em cima da mesa de centro e corro em direção a saída do prédio. Marcamos de ir ao hospital visitar George pela primeira vez.

Me sinto nervosa, mas tento não demonstrar para Anna. Ela ainda está com suas olheiras e uma expressão completamente cansada.

"Dormiu bem?" Pergunto, me sentando no banco do carona.

"Como?" Ela diz. "Fiquei sentada naquela cadeira maldita, toda torta." Ela reclama. "Mal dormi."

Engulo em seco e encaro a pista diante de nós. Anna não fala mais nada e o clima passa de leve para tenso.

Não demoramos para chegar no hospital e sinto meu coração acelerar, no instante em que saímos do carro. O que falarei para ele? "Ah, descobri que você é meu pai. Obrigada por só aparecer quando não preciso mais de você."

Anna para diante de mim antes de subirmos a pequena escadaria da entrada do hospital. Ela estica sua mão e a junta na minha, apertando levemente.

"Não fique nervosa. Tudo vai dar certo."

"Eu... eu não sei se vou conseguir lidar com isso." Me sinto ainda mais nervosa.

"Você vai. Você precisa lidar com isso." Ela segura meu rosto. "Eu estarei lá com você."

Balanço a cabeça em concordância e vejo as mãos de minha irmã deslizarem pelo meu rosto. Subimos as escadas e adentramos o lugar que me trazia tantos calafrios. Eu me sentia como no hospital de Toronto.

Sigo Anna pelos corredores do hospital. Todos já parecem conhecê-la e respeitar cada passo que ela dá pela região, como se fosse a pessoa mais importante ali dentro.

Paramos em frente a uma porta também branca, ao lado dela está um envelope que indica o estado de George.

"Lembre-se do que eu disse lá embaixo." Ela sussurra.

Anna abre a porta e vejo George deitado na cama. Alguns tubos estão ligados a ele e dois aparelhos ficam ao redor de sua cama, mantendo-o vivo.

"Papai." Anna chama. "Trouxe alguém que o senhor gostaria de ver."

Os olhos de George se abrem lentamente e se encontram com os meus. Sua pele está pálida, de um tom esverdeado e seus olhos vermelhos, como se tivesse chorado durante uma noite inteira.

Ele abre um pequeno sorriso e desvia o olhar de mim para Anna.

"Querida, você a contou tudo?"

"Não." Ela cruza os braços.

"Você precisa fazer isso." Ele volta a me encarar. "Pode nos deixar sozinhos, Anna?"