Capítulo 29

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Vejo Anna sair do quarto e uma onda de horror percorre pelo meu corpo. Agora, eu estou sozinha com ele.

Me sento na poltrona próxima da cama e olho para minhas mãos, como se elas fossem mais interessantes do que o assunto que ele pretende tratar.

"Bonnie, imagino que Anna tenha lhe falado sobre meu estado, mas não quero agir como se estivesse muito mal para qualquer coisa." Ele diz. "Eu te devo explicações."

Penso em dizer que ele não me deve nenhuma explicação e que quero mesmo sair correndo daqui o mais rápido possível.

"Eu não as deixei." Ele começa. "Eu fui obrigado a isso. Eu e sua mãe éramos jovens quando nos conhecemos e meu pai não era dos melhores caras. Ele queria que eu me casasse, mas não com Grace." Ele cruza as mãos sobre a barriga. "Eu tinha que casar com Margareth. Ou isso, ou eu não poderia ficar na empresa."

"Você... Você nos trocou por uma empresa?!" O olho sem acreditar. "Você só pode estar brincando."

"Bonnie, você precisa..."

"Eu não preciso entender porra nenhuma!" Me levanto da poltrona. "Você foi um pai de merda e você errou! Assuma que você errou!"

Ele me encara com os olhos arregalados e sinto um pequeno arrependimento por tamanho desastre que eu possa causar. Mas eu não consigo diminuir a raiva. Ele nos trocou por uma maldita empresa e quer vir dizer que não era o que queria? Ele é um filho de uma puta materialista!

"Você não entende!" Ele diz. "Eu procurei vocês..."

"Tarde demais. Você me procurou tarde demais, George." Coloco a bolsa no ombro. "E agora, não tem como consertar."

Eu sabia que Anna não estava muito distante. A conheço o bastante para saber que ela estaria atrás da porta ou bem próxima a ela.

"O que você fez?" Ela segura meu braço com força. "Sabe o quanto isso pode fazer mal para ele?!"

"Não me traga mais aqui." Puxo meu braço. "Eu não quero mais ouvir uma palavra que esse homem queira me dizer."

Anna ainda tenta segurar meu braço novamente, mas saio em direção a saída determinada a ir embora o mais rapido possível.

Eu não estava me sentindo apenas triste, me sinto cansada, trocada e mais do que isso tudo, estressada. Eu estou cansada de ter problemas e de tudo de extraordinário acontecer comigo. Será que não existe outro alguém que o destino queira atingir?

Pego um táxi e volto para casa rapidamente. Se existe algo bom em hospitais são os táxis parados do lado de fora.

Meus pensamentos param sobre minha mãe durante o caminho. Nesse momento, ela deve estar fazendo algo em sua casa ou simplesmente caminhando para se ocupar, sem nem imaginar que eu descobri sobre meu pai.

A ideia sobre voltar para Toronto é o que menos me preocupa, no momento. Penso sobre como contar para minha mãe que o conheci, como dizer que ele estava ali o tempo inteiro e eu não percebi.

Eu havia me distanciado um pouco de minha mãe. Talvez por estar maia velha e com uma vida à parte do aue costumava ter quando éramos apenas nós duas. Muitas coisas mudaram, e agora parece que nunca estamos na mesma casa, ao mesmo tempo.

O táxi para em frente ao meu prédio e o pago com a primeira nota que encontro em minha carteira. Só quero ir para o meu quarto e dormir por tempo o suficiente para que eu possa esquecer de tudo o que tem acontecido.

Em uma pequena parte do meu cérebro, eu sabia. Sabia que meu dia não estaria completo até que algo novo acontecesse.

Passo a mão nos cabelos e me aproximo da morena sentada na cadeira do hall. Louis a encara com os olhos fixos, preparado para cada movimento dela.

"O que aconteceu?" Me abaixo diante de Alexis.

Ela funga e vejo seus olhos pela primeira vez. Eles estão vermelhos, assim como todo o rosto e ela tem lágrimas nos olhos e por todo o rosto.

"Vamos subir." Pego em seu braço.

Eu já havia percebido que eu nunca via minhas amigas chorarem. Sempre fui eu que trouxe os problemas e, em consequência, as lágrimas.

Alexis não diz nada até chegarmos no andar de cima, ela apenas encara suas mãos centenas de vezes e funga outras várias vezes, me deixando nervosa.

Entramos em minha casa em total silêncio e a observo se deitar no sofá enquanto tranco a porta. Meu lado sentimental diz que eu devo me deitar ao seu lado e também chorar, mas meu lado consciente diz que eu devo me sentar ao seu lado e perguntar o que a faz chorar dessa maneira sobre minhas almofadas azuis.

Deixo minha bolsa em cima da mesa de centro e me abaixo em frente a ela, acariciando seus cabelos suados.

"Quer me contar o que a deixou assim?" Ela olha nos meus olhos. "Vamos lá." Me sento no único espaço que ela deixa no sofá. "Por que está assim?"

"Bonnie..." Ela começa a chorar. "Eu cometi um erro. Cometi um erro tão grande." Ela soluça algumas vezes em meio as lágrimas. "Eu não sei como dizer isso. Eu já fiz tudo para provar, porque o que eu mais queria era estar errada..." Ela se senta no sofá em um movimento rápido. "Amiga, eu estou grávida."

Talvez tenha cap novo amanhã pra compensar esse com menos de 900 palavras. Beijão.

Memories of Love || Shawn Mendes [book 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora