Minhas mãos trêmulas deixam o celular cair no chão e Shawn grita novamente, mandando ligar para a ambulância.
Suas mãos apertam a barriga da garota jogada no chão. Ela não demonstra dor ou sofrimento, apenas encara o teto sujo do corredor de seu prédio.
"Rápido, Bonnie!" Ele grita de novo.
Digito o número de emergência e digo entre lágrimas que precisamos de uma ambulância. Shawn arranca o celular de minha mão e dá as informações necessárias para o hospital.
Meu celular também está sujo, agora. Limpo o sangue na barra da blusa e encaro Shawn novamente. Ele está totalmente vermelho e sussurra algumas palavras, como se implorasse para que Megan não morra.
Penso se posso fazer algo para ajudar, mas prefiro ficar apenas observando. A sirene da ambulância faz um brilho esperançoso aparecer nos olhos de Shawn.
Os enfermeiros e médicos aparecem e me afasto do corpo ensanguentado da garota. Acredito que ela ainda está viva e que, principalmente, fez isso tudo para nos destruir.
Shawn se afasta do corpo e balança as mãos cheias de sangue. Quantas vezes ele já passou por isso?
Um dos enfermeiros toca no pescoço de Megan e balança a cabeça, nos deixando claro que ela ainda está viva. Os minutos seguintes são tomados pelas vozes dos médicos dizendo o que fazer com Megan. Ela ainda me encara nos olhos antes de ser levada para a ambulância.
"Precisamos saber o que aconteceu aqui." O enfermeiro nos fala. "Ela tem um corte imenso na cintura."
"Estávamos tendo uma discussão." Shawn começa. "E ela disse que não interferiria em nossas vidas para sempre, e foi nesse momento em que ela enfiou a faca e só vimos quando ela já estava caída no chão."
"Tudo bem." O homem parece não acreditar muito nas palavras de Shawn. "Sabe o nome inteiro dela?"
"Sei." Ele diz, com pressa. "Megan Alexis Martinez."
O homem anota o nome de Megan e o número do telefone de Shawn na ficha e balança a cabeça, descendo as escadas. Ficamos em completo silêncio, apenas observando a bagunça no corredor do prédio.
"Você... você se incomoda em limpar isso comigo?" Ele me pergunta, sem jeito.
"Não." Respondo. Mas ligo, sim. Megan havia tentado destruir meu relacionamento com Shawn, fingindo ser minha amiga e eu ainda terei que limpar o sangue que ela derramou por tentar se matar?
Shawn pula a poça e entra no apartamento, me chamando para entrar logo atrás. A sala está escura e bagunçada. Algumas roupas espalhadas pelo chão e caixinhas de comidas congeladas em cima da bancada da cozinha que fica praticamente dentro da sala.
Ouço o barulho de água vir do fundo do corredor e me aproximo, vendo Shawn lavar a mão com um semblante triste no rosto. Eu tinha certeza que ele ficaria triste, por mais que eu não possa dizer nada a respeito, me incomoda.
Ele se afasta da pia e enxuga as mãos me dando espaço para fazer o mesmo. Não sei bem porque estamos lavando nossas mãos se logo elas estarão sujas de sangue novamente, quando limparmos o chão, mas continuo limpando os cantos dos dedos sujos.
Saio do banheiro e vejo Shawn jogando um líquido de limpeza no chão sujo, passando o pano por cima, o deixando totalmente vermelho.
Me aproximo para ajudá-lo e ele nega com a cabeça. "Não precisa." Ele murmura, sério.
Respiro fundo, ignorando a vontade de chorar e cruzo os braços, me sentando no canto do sofá desconfortável. Não consigo acreditar que ele está descontando sua raiva em mim. Ele e essa maldita que se fodam!
Fico um longo tempo sentada no sofá que só estava me deixando com mais raiva. Ele se levanta e leva o balde com o pano até a área da cozinha e me preparo para sair do apartamento.
"Vou te deixar em casa e vou para o hospital." Ele diz e fecha a porta, saindo comigo.
Borbulho de raiva e de... ciúme. Eu não acredito que estou com ciúme! Mas estou beirando a uma explosão. Quando eu fiquei internada por semanas por causa do ferimento que tive na cabeça, ele sequer estava lá quando eu acordei e agora quer vir até o hospital para ver a ridícula da Megan, a maldita que se fingiu de morta por anos e o deixou com uma culpa maior do que ele podia aguentar.
Deixo as escadas com os braços cruzados e quando chego no carro, bato a porta com força, jogando o casaco no banco de trás. Coloco o cinto ao redor do corpo e me viro para a janela, evitando olhar em seu rosto.
Não demora muito para Shawn chegar em minha rua. Me sinto completamente diferente em relação a Megan. Quando ela era apenas Alexis para mim, eu estaria no hospital fazendo de tudo para que ela ficasse bem, mas ela não era a Alexis ela tinha que ser a Megan.
Abro a porta do carro e tiro o cinto, sem olhar no rosto de Shawn. Antes que eu saia do carro ele segura meu pulso e sou obrigada a encarar seu rosto pálido.
"O que você tem?" Ele pergunta, inocente. Como ele tem audácia de ainda fazer uma pergunta dessas.
"O que você acha?" Puxo meu braço de seu aperto. "Você vai para o hospital ver como a gracinha está. Awn, que fofinho!" Cruzo os braços.
Shawn solta uma risada e meu corpo inteiro treme. Bato a porta do carro com força novamente e me aproximo da portaria do prédio, murmurando quantos palavrões conseguem passar em minha mente. Meu dia está uma incrível merda!
Ele também sai do carro e só sei disso pelo barulho da porta batendo atrás de mim. Sinto novamente sua mão em meu pulso e me viro para ele, já sentindo meus olhos cheios de lágrimas.
"Bonnie, você está com ciúmes?" Ele pergunta.
"Por que eu teria ciúmes de você? Se enxerga!" Minto e tento abrir a portaria novamente, sem sucesso.
"Fala a verdade, Bonnie." Ele insiste.
"Não é ciúme, ok?" Me viro pra ele. "Só acho injusto você ficar lá cheirando o cu de alguém que só te fez mal enquanto eu fiquei uma semana internada e você não ficou lá nem dois dias!" Grito.
"Bonnie, isso já passou." Ele diz, baixo. "Já resolvemos isso."
"Não resolvemos, não." Digo. "Você também achava que tinha resolvido as coisas com a Megan e ela resolveu sair do caixão para nos perturbar. A gente não consegue um segundo em paz! Ou você faz merda ou alguém aparece para fazer merda!"
"Eu ir lá não quer dizer que eu vou te deixar..." Ele começa.
"Não é com isso que estou preocupada." Interrompo. "É com a sua falta de consideração e com a sua lerdeza. Sei que não está fazendo isso porque a ama perdidamente, mas sim porque você insiste em dizer para si mesmo que foi culpado. Você não precisa dizer, você se sente assim." Ele nega com a cabeça.
"Eu não me sinto culpado!"
"Sente, sim!" Insisto. "E você tem que deixar isso para trás. Foi um acidente! Ela está viva. Você está vivo. Acabou."
"Você está falando besteira, Bonnie." Ele diz.
"Para para pensar." O olho. "Os dias em que você não conseguiu dormir, o dia que apareceu com olheiras, quando ficava de mau humor sem nenhum motivo. E não estou julgando, eu o entendo." Me aproximo. "Só quero que pare de se culpar. Isso não te faz bem."
Olho para seu rosto novamente e vejo as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Ele está chorando. Só o vi chorando uma única vez, em um dia que achei que nada mais importaria depois.
O envolvo em um abraço forte e ouço seus soluços em meu ombro. Estamos sozinhos no meio da rua, abraçados e sentindo o vento bater contra nós.
Shawn se separa de mim e me olha com seus olhos vermelhos e enxugo as lágrimas que escorreram pelos seus olhos.
"Eu prometo que nunca vou te deixar, Bonnie." Ele diz. "Eu só preciso resolver isso. Eu preciso deixar a Megan e ela precisa me deixar. Para sempre."
"Vá para o hospital." Seguro seu rosto. "Você consegue ser feliz."
Terminei o último capítulo ontem e nem acredito. Vocês preferem que eu acelere as postagens ou continue nesse intervalo de três dias?¿ bj da tia
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Memories of Love || Shawn Mendes [book 2]
Fanfiction"A distância faz o coração se apegar mais." Um ano foi o suficiente para Shawn e Bonnie perceberem que a distância entre eles era apenas um obstáculo para o verdadeiro amor. #92 em fanfic em 28/07/17 #112 em fanfic em 20/08/17 #117 em fanfic em 01...