Capítulo 10

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Shawn's POV

Eu realmente queria ter negado ajuda à Bonnie, mas não podia. Eu não podia deixar que ela ficasse bêbada em um lugar que pode ser perigoso.

Encaro minhas malas uma última vez antes de sair de casa. Eu devia estar indo ao aeroporto, mas estou indo a procura de Bonnie.

Ela sequer sabia o nome do bar onde estava, mas dizer que era na rua do pequeno restaurante que nos encontramos na outra vez já ajudava, e muito.

O trânsito parecia querer que eu demorasse o máximo para encontrá-la, e eu já estava ficando nervoso, com as mãos batucando o volante.

O mais estranho de tudo isso é que Bonnie nunca foi de beber, não dessa forma. Nas poucas festas que fomos juntos, ela bebia uma latinha de cerveja, que ela não gosta, ou alguns shots, nada que a deixasse bêbada.

Paro o carro e desço rapidamente, procurando por um bar pela avenida. Meu coração se acelera a cada passo que dou, e sinto que estou cometendo mais um erro.

Encaro o bar na esquina e franzo a testa. É um lugar feio, para falar a verdade, e escuro. Empurro a porta com força e o barulho do sino interrompe uma briga de Bonnie com um homem barbudo.

"O que está acontecendo aqui?" Me aproximo de Bonnie que ainda nem se virou para me olhar.

"A garota estava querendo ir embora sem pagar." Ele empurra seu ombro. "Não aqui."

"Eu vou pagar." Aproximo Bonnie de mim. Ela tem lágrimas nos olhos e pelo rosto.

Pago a conta de Bonnie e saio daquele lugar horrível e fedido a linguiça. Bonnie para no meio do caminho e me encara. Ela parece triste, bem triste. Seus olhos estão caídos, sua boca incrivelmente vermelha assim como suas bochechas e lágrimas pelo rosto.

"O que houve?" Separo nossas mãos e seguro seu rosto.

"Está tudo dando errado." Ela funga. "Por que nada dá certo para mim?" Ela diz com a voz embargada. "Eu já estou cansada de me foder o tempo inteiro. Eu só faço merda." Ela passa a mão nos cabelos e suspira.

"Nada nunca dará certo se continuar insistindo no errado." Enxugo suas lágrimas. A cena estava um pouco ridícula até mesmo para Bonnie que odeia clichês, mas eu me sentia cada vez mais próximo dela novamente. "Vamos para casa. Você precisa descansar, ok?"

Bonnie pega em minha mão novamente e diz que não quer ir para sua casa. Quando saí de casa em sua procura, já imaginava que perderia meu vôo e tudo que teria que fazer em Nova York, onde tinha uma apresentação para divulgar meu álbum.

Andrew estava lá desde cedo resolvendo tudo para que nada desse errado, e agora, eu não vou.

Bonnie se senta no banco do carona e coloco o cinto na mesma. Ela encara alguma coisa na rua, e não tenho a menor ideia do que seja.

Estou nervoso. Bonnie está mais triste do que bêbada e preferia que ela estivesse o contrário.

Minha mãe sempre disse que a dor mais forte era ver alguém que amamos mal. E eu tive certeza na hora que vi os olhos de Bonnie marejados de tristeza.

Pensei que tudo aquilo era culpa minha e que ela havia ficado do mesmo jeito no momento em que acordou e não me viu no hospital.

Bonnie me encara uma última vez quando entro no carro, antes de dormir.

Ela mudou muito pouco. Sua pele está mais bronzeada e seus cabelos de outra cor, apenas isso. Ela continua a mesma Bonnie de sempre, a mesma garota que eu me apaixonei.

Estaciono o carro no estacionamento do prédio e o toque do meu celular me assusta, fazendo com que eu desvie o olhar de Bonnie para meu bolso.

"Que diabos você ainda está fazendo em Los Angeles?" Só podia ser isso.

"Estou mal. Muito mal." Murmuro. "Cara, eu estou morrendo de dor. Tomei um remédio e dormi a tarde inteira. De manhã, eu pego um vôo até aí."

"O que você tem?" Percebo uma preocupação em sua voz.

"Minha cabeça está explodindo, cara." Encaro Bonnie ainda adormecida. "Amanhã, estarei aí." Digo. "Agora, preciso mesmo dormir."

Andrew desliga sem nem me responder e passo as mãos nos cabelos, voltando a olhar para Bonnie que dorme no seu melhor estado, como se estivesse no lugar mais confortável que já deitou.

Saio do carro e caminho até sua porta, a abrindo e tirando o cinto que impedia que ela caísse entre os bancos.

Demoro alguns minutos para conseguir ajeitá-la em meus braços sem que pareça que a sequestrei. Empurro a porta do carro com o pé e caminho até o elevador, que não podia estar mais distante em um momento como esse.

Bonnie sequer se mexeu e franzo a testa, me perguntando se não estou com uma garota morta em meus braços. Desvio desses pensamentos quando um vizinho entra no elevador e me encara como se eu fosse um maluco. Ótimo momento para um vizinho entrar no elevador!

"Não bebam, crianças!" Digo quando saio do elevador, e ele me encara mais estranho ainda.

Abro a porta do apartamento com muita dificuldade. Bonnie se mexe quando empurro a porta e tenho que ficar em uma posição péssima para que ela não caia no chão.

Subo as escadas calmamente e sinto um olhar em mim. Bonnie está completamente engraçada dessa forma e me seguro para não rir. É como se ela estivesse em um lugar totalmente desconhecido com alguém também desconhecido.

A coloco em minha cama e procuro alguma roupa mais confortável do que esse vestido apertado que ela usa para o trabalho.

Volto para o quarto com uma calça de moletom e uma camiseta que sei que ficará grande em seus braços finos. Bonnie apoia seus cotovelos nos joelhos e mantém a cabeça apoiada nas mãos.

"Quer um remédio?" Me sento ao seu lado, sem encostar um dedo na garota.

"Se isso vai me ajudar a acabar com essa maldita dor de cabeça." Ela massageia as têmporas. "Eu aceito."

Procuro pela caixa de remédios pelos armários da cozinha e pego um remédio para ressaca, de quando eu e Andrew passávamos as noites bebendo e vendo jogos de futebol repetidos.

Volto para o andar de cima e Bonnie já está vestida com as roupas que a emprestei e encarava o chão a sua frente.

"O que estou fazendo aqui?" Ela me encara quando entro no quarto.

"Te sequestrei e agora vai ficar aqui usando minhas roupas até que eu queira te devolver novamente." A entrego o comprimido e um copo d'água.

"Obrigada." Ela diz depois de tomar o remédio. "Desculpe ter te ligado. Não foi minha intenção e eu devo..."

"Está tudo bem." Sorrio. "Amanhã conversamos. Quero saber porque estava tão triste." Ela engole em seco. "Boa noite, Bonnie."

Ela ainda não estava sóbria totalmente apesar de estar falando perfeitamente bem. Me aproximo da porta para sair do quarto e ela me encara com a testa franzida.

"O que está fazendo?" Ela pergunta.

"Te deixando dormir em paz." Me apoio no batente da porta. "Precisa de mais alguma coisa?"

"Sim." Ela responde depois de alguns segundos apenas me encarando. "Preciso que fique aqui comigo."

Só queria dizer mesmo que essa fic ta em #492 no ranking de fanfics e eu nunca nem cheguei nesse ranking, entao to feliz. Brigadinha, amo vcs sz

Memories of Love || Shawn Mendes [book 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora