Capítulo 02 - Revisado.

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Maria

Naquela manhã de quinta-feira a mansão amanhecerá um pouco agitada. Podia-se escutar perfeitamente as vozes ecoarem do hall com certa clareza, também se ouvia os passos apressados e firmes no solo.

Era estranho ter tanto barulho por ali, principalmente as nove da manhã. Geralmente naquela casa só se podia ouvir os sons naturais como, o cantarolar dos pássaros, os carros passando pela rua em plena hora do rush, crianças rindo e brincando e cachorros latindo, e etc. Nada como aquela sinfonía irritante que impedia meu sono e me fazia tapar os meus ouvidos com meus dois enormes travesseiros, mas o som era capaz de atravessar quaisquer barreira imposta por mim.

— Merda! — resmunguei, irritada, chegando à conclusão de que não conseguiria mais dormir.

Sento-me na beirada da cama, esperando até ficar um pouco mais desperta. Sinto uma pontada forte em meu abdômen e olho para minha cama visualizando uma pequena mancha vermelha de sangue enfeitando o lençol branco. Minha visita mensal havia acabado de chegar. Pontual como sempre.

Vou me arrastando para o banheiro como um zumbi e tenho o desprazer de me deparar com meu reflexo no espelho anexado ao armário. Estou horrível. Havia bolsas enormes e arroxeadas sob meus olhos e meus cabelos serviriam perfeitamente de lar para uma pequena família de pássaros.
Minha versão matinal era deverás deprimente, eu podia dormir maquiada e linda, mas eu sempre acordava pela manhã horrível, como se estivesse sido atacada por algum animal raivoso.

Preciso de um banho e urgente, já que meu cheiro não é nem um pouco agradável.

Encho minha banheira com água quente, colocando meus sais preferidos para banho. Admiro aquela linda imensidão branca de espuma bem ali em minha frente. Desatando os nós em minha camisola, vendo-a a deslizar até meus pés. Ficando apenas de calcinha entrou na banheira. Deixo a água envolver cada célula do meu corpo, é uma relaxante sensação. A água morna alivia um pouco as pontadas de cólica em meu abdômen e me acalma os nervos. Se pudesse ficaria ali naquela banheira para sempre.

Saiu do banheiro com uma longa sensação de frescor instalada na pele. Me sentindo mais limpa e leve, como se fosse capaz de levantar vou a qualquer momento. Mas a felicidade dura pouco, já que a cólica volta com força total, me fazendo encolher. Eu daria tudo para ter o sistema reprodutor masculino e não precisar passar por nada daquilo mais.

Preciso de analgésicos.

Visto uma roupa confortável, coloco um absorvente e prendo meus cabelos em um rabo de cavalo e desço as escadas, já me deparando com uma pilha de caixas no final dela. O que realmente está acontecendo aqui? Pergunto-me mentalmente, mas minha consciência não me dá a resposta, além de me deixar ainda mais confusa.

Vou em direção a cozinha, desviando de alguns obstáculos pelo trajeto. Vejo meu tio Juan sentado de forma ereta em uma cadeira de madeira escura e estofado vermelho, que combina com o suéter de cor semelhante que usava.

Tio Juan está fumando seu charuto e folheando seu jornal parecendo alheio aquela movimentação a sua volta como se nem existisse.

Juan vivia sempre arrumado demais, com seus ralos cabelos grisalhos penteados para trás com gel. Vivia perfumado e bem limpo. Naquela manhã estava com sua calça cáqui beje, seu suéter vinho e sua gravata borboleta azul de bolinhas coloridas.

— Bom dia Dulce. — disse ele, sem sequer olhar em minha direção e correr o risco de perder a concentração em sua leitura.

— Tio o que é tudo isso? — pergunto por fim, o fazendo abandonar seu jornal e o charuto que logo é jogado para dentro da lata de alumínio ao lado da porta dá ao jardim.

A herdeira {Vondy} √ - Primeiro Livro Da Duologia Herança & Vingança.Onde histórias criam vida. Descubra agora