Capítulo 57 - A fuga

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Maria

O sol do início de tarde já começava a brilhar no topo céu, iluminando toda a extensão do ambiente. Enquanto nós estávamos ali, dentro do carro e seguindo para um destino um tanto incerto, pelo menos para mim, já que Christopher parecia mais seguro do que já estava acostumado a ser normalmente. E pelas minhas contas estávamos circulando por mais de 5 horas e seguindo por uma longínqua estrada de terra ladeada por enormes pinheiros e montanhas de picos esverdeados que pontilhavam o horizonte, que pela janela se tornavam apenas vultos a perder de vista. Mais a frente se avistava á rodovia se estendendo para nós, o ar foi se tornando rarefeito e límpido, enquanto as rodas do meu velho carrinho rodavam pelo asfalto irregular e coberto por pedregulhos.

Enquanto Christopher dirigia, como sempre, contemplando seu silêncio profundo e com aquela expressão concentrada. Desde hoje de manhã, quando o ajudei a colocar as coisas de volta ao porta-malas do carro, ele somente se comunicava com meia dúzia de palavras e as usava raramente. Mas eu não o pressionava a falar. Chris havia acabado de abandonar a rodovia principal e entrará em uma nova estrada, pela contra mão, porém, para a nossa sorte, o tráfego estava bastante tranquilo e poucos carros circulavam por lá aquela hora do dia. Fomos seguindo pela estrada sinuosa que parecia esculpida na enorme montanha um pouco mais íngreme do meu lado. Podia ver perfeitamente as copas das árvores que se entendiam através das janelas abertas do carro.

Estava muito calor, principalmente dentro do carro e isso me faz retirar a jaqueta de Christopher e a minha blusa de frio, ficando apenas com aquela fina blusa de alças finas e por fim me encostando ao banco, pensando. Já estava muito longe de casa, sabia disso, e por mais louco que isso parecesse, eu não estava nenhum um pouco assustada. Mesmo com todas aquelas incertezas gritando e se afunilando em minha cabeça numa sinfonia torturante, não sentia nem um pingo de medo, estava sentia segura por estar com ele.

Aos poucos fui notando que o carro se movia cada vez mais lento e a seta do velocímetro estava pendendo para baixo. Aos poucos o carro foi parando e quando parou finalmente estava sob  um grande pinheiro. Franzi a testa sem entender nada, principalmente quando vi Christopher sair do carro e abrindo o porta-malas com um click e tirando de lá nossas mochilas, uma pendurando nas costas e a outra segurando nas mãos.

—  Teremos que dar uma pequena caminhada até o ponto de ônibus aqui por perto. — disse ele, por fim. Me entregando a mochila.

Sai do carro, fechando a porta atrás de mim. E mesmo ainda estando confusa, peguei a mochila de suas mãos e a pendurei nas minhas costas, assim como ele fizerá. Não estava muito pesada, já que tinha colocado o básico.

— Por que precisamos pegar um ônibus se temos um carro? — perguntei confusa, indicando ao veículo logo atrás das minhas costas com um gesto de mãos.

Christopher chutou algumas pequenas pedras que haviam no chão com as pontas dos tênis, pressionando os lábios, antes de finalmente responder a minha pergunta:

— Porque...para onde vamos não iríamos conseguir entrar com o carro, ou qualquer outro automóvel, até mesmo uma bicicleta...é meio...restrito. E o ônibus é só para encurtar um pouco do trajeto que nós dois teremos que percorrer, até chegarmos a trilha. — explicou, dando de ombros levemente logo em seguida.

                             •••

Já me sentia moída em poucos minutos de caminhada. O ponto de ônibus ficava mais longe do que Christopher me disserá e meus joelhos já estavam doloridos. E já havia praticamente começado a me arrastar como uma lesma. Sentia uma enorme necessidade de banho, já que meu corpo estava coberto de suor e sujeira. Parecia que a estrada não acabava nunca e eu não conseguia imaginar onde ficava um maldito ponto de ônibus em meio aquele fim de mundo.

A herdeira {Vondy} √ - Primeiro Livro Da Duologia Herança & Vingança.Onde histórias criam vida. Descubra agora