Capítulo Um

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Camila

Toda minha força de vontade e minha paciência estavam se esgotando.

"Seja paciente." Eles disseram.

"Seja educada." Eles exigiram.

Falar é mais fácil do que fazer. Eu quase respondi, mas eu dependia disso e perder o emprego no primeiro dia não era uma opção.

Então, cá estou eu, enquanto uma loira oxigenada que nunca foi apresentada a uma hidratação capilar, apesar de ser um infeliz estereótipo de patricinha mimada que nunca ouviu um não na vida, estava a quase duas horas tentando escolher entre dois simples vestidos.

- Esse realça a cor dos meus olhos, mas esse combina com aquele sapato mara que comprei ontem. Me ajuda miga! – Ela dizia para a outra garota que estava com ela, enquanto segurava um cabide em cada mão, revezando em qual colocava em frente ao seu corpo.

- Leva o preto, você não quer usar aqueles sapatos na festa do Adam sábado? – A amiga da garota também não estava com tanta paciência. Enquanto a amiga estava em seu impasse entre vestidos, ela estava jogada na poltrona deixada ali estrategicamente para homens que acompanhavam suas mulheres nas compras, jogando um jogo qualquer no celular.

- Mas o rosa é tão fofo. Olha! – Continuava.

- Então leva ele. – A amiga dizia.

Estávamos nessa, a duas malditas horas. Fora o tempo que ela havia gasto tentando achar os vestidos, fazendo minha pobre pessoa revirar a loja, desdobrando praticamente todas as peças de roupa. Só de pensar que eu teria que dobrar e guardar todas elas de novo, me dava calafrios.

Tudo o que eu queria era ir para casa, me jogar na minha cama e ficar grudada no celular esperando algum sinal de vida de Connor, que havia desaparecido durante a semana, e hoje já era sexta.

Chloe, que estava vendo todo o drama da querida (sentiram a ironia?) cliente e vendo que minha paciência estava indo para o espaço, lançou um olhar de advertência, ela sabia do quanto eu necessitava do emprego. Ela, dona Mirna, nossa chefa, e Lukas eram as únicas que sabiam dos meus problemas familiares, tirando minha mãe, que fazia parte deles.

- O que você acha? – Agora a cabelo de palha, perguntava para mim.

- Eu acho que você deviria se fo... – De repente, Chloe brota do meu lado e belisca meu quadril. – AI! – Reclamo e retomo a postura e respondo à loira. – Eu gosto do preto, e você Chloe?

- Eu também, se ele fosse um número maior eu teria levado ele...

Aproveitei a deixa e sai de fininho para o outro lado do balcão, fui em direção ao outro lado da loja e sentei na cadeira ao lado de Lukas.

- Você não tem nada para fazer não? – Cutuquei sua barriga. Uma das minhas atividades favoritas é implicar com ele, já que ele é da família de Dona Mirna o que o faz dele, o queridinho dela, portanto, quase não faz nada.

- Você sabe que não. – Mostrou um sorriso sem dentes, levantando uma sobrancelha. Desviando a atenção para o celular que recebia várias notificações seguidas, começou a digitar fervorosamente. Ultimamente ele está bastante grudado ao celular, já que havia trocado seu número de celular com Alice, a menina que ele gostava desde o jardim de infância. – Ei, estou pensando em chamar Alice para sair, o que acha?

- Chama, o pior que pode acontecer é você levar um fora. – Sorri.

- Que bela conselheira você.

- Obrigada. – Ironizei.

FOR YOU - série you | livro umOnde histórias criam vida. Descubra agora