Camila
Quando acordo, tenho a leve impressão de que estou mais cansada do que quando fui dormir.
Me sento na cama e coloco os pés no chão. Arrependendo-me logo depois, parece que o machucado não melhorou nada de ontem para hoje.Ótimo, vou ter que ir para a escola de chinelo com o frio desgraçado que está fazendo. Já não basta a simples desgraça de ter que levantar cedo e ir para a tortura, vulgo escola.
Já que é inevitável, enrolo uma faixa no machucado, me arrumo tentando evitar o máximo encostar o pé no chão e desço para a cozinha. Por algum milagre divino, consegui acordar na hora e sobrou tempo pra comer alguma coisa.
Preparo meu café e estou prestes a começar a comer quando ouço:
— O que houve com o seu pé? — Minha tia pergunta, vindo na minha direção.
— Cortei com um caco de vidro ontem. — Explico.
— Tenha mais cuidado então. — Diz um tanto quanto grossa, bebe um copo d'água e vai embora. Parece que alguém está de TPM, essa é a única explicação que eu vejo para que a pessoa mais doce que eu conheça esteja de mal humor.
Levo o dobro do tempo normal para chegar à escola devido à ação de mancar constantemente. Pra quem estava dentro do horário, estou bem atrasada agora.
— Hey! — Ouço um grito atrás de mim bem quando já estou passando pelo portão e ignoro. — Estou falando com você! — Continuo ignorando. — Porra mano! Pra uma pessoa com o pé machucado até que esta andando bem rápido em. — Puxo o capuz sobre o gorro e continuo andando.
Uma mão agarra minha cintura e me vira. Nick ou Josh esta me encarando agora e o outro segue dando risos.
— Me solta...
— Nick, eu sou Nick. — Conclui. — E você sabe muito bem. — Sussurra a última parte.
— Tinha que ser o mais chato. — Digo e Josh que estava até o momento tentando se manter quieto, solta uma gargalhada.
— Ta vendo? Sou o mais legal! — Diz e continua com suas gargalhadas.
— Até parece. — Nick diz e se vira pra mim. — Isso é porque você não nos conhece direito.
— E nem quero conhecer. — Digo e me viro pra ir embora, só que piso com o pé machucado, solto um grito e acabo caindo no chão.
Tentativa de saída triunfante: Fail.
Nick agora se junta a Josh com suas gargalhadas e eu continuo largada no chão. Quando a graça do circo pessoal deles acaba, Nick estende a mão e me ajuda a levantar. E por algum motivo voltam a rir. Quando o segundo ataque de risos acaba, já estou quase indo procurar um algo para jogar neles.
Sento no banco mais próximo e vou inspecionar o machucado. Meu pé ultimamente só me rende problemas.
— Droga! — Murmuro quando vejo a situação, a ferida que antes já estava cicatrizando, se abriu e voltou a sangrar.
— O que aconteceu? — Josh se senta ao meu lado e da uma boa olhada na ferida antes de soltar: — Caralho.
Fico sem reação por um bom tempo antes de uma faixa limpa cair no meu colo.
— Toma. — Nick, que até então eu não tinha percebido seu sumiço diz.
— Obrigada. — Digo.
Enfaixo meu pé, me levanto com cuidado e sigo em direção às salas de aula.
— Depois eu que sou o chato. — Ouço atrás de mim. Reviro os olhos e continuo em direção à sala.
— Ei! Vai com calma ai, Saci. — Josh diz quando eu me desequilibro e me ajuda segurando meu ombro de um lado e Nick do outro. Que humilhante.
— Obrigada... — Digo quando chegamos à sala. Entro e vejo que eles vêm logo atrás. — Vocês não têm que ir pra aula? — Pergunto.
— Ela nos ama. — Diz Josh.
— Essa é a nossa aula. — Explica Nick.
— Mas eu nunca vi vocês aqu... Ah esquece, estou fazendo confusão. — Bufo.
Entro na sala e todos me olham torto, sento ao lado de Damien e ele me lança um olhar interrogativo.
— Depois explico. — Cochicho.
— Vejo que a senhorita Living e os senhores Scott, resolveram dar a honra da vossa presença. Bom, como eu estava explicando para o resto da turma, vocês terão que fazer um trabalho sobre diferentes tipos de arte. Vou sortear qual vocês terão que fazer e também seus grupos. — Ouvem-se lamentações na sala toda. — Silencio. Os grupos serão de três, assim, trios. Cada trio terá que trazer um relatório dizendo como surgiu, com que materiais eram feitos, exemplos de artistas e por final, valendo mais da metade do trabalho, vocês terão que fazer a representação dessa arte. Acharam estranho? Bom, não é arte só de desenho e sim: Música, dança, pintura, escultura, teatro, literatura, fotografia e cinema. — Ele escreve os itens no quadro e continua.
— Vai pela criatividade de vocês. O trabalho define se você reprovará ou não. E agora vou sortear os trios e suas artes.
Ele começa os sorteios e devo admitir que não gostei nada da ideia. Odeio trabalhos em grupo. Prefiro mil vezes trabalhos individuais. Mentira, prefiro não ter trabalho mesmo.
Ele finalmente sorteia o nome de Damien e eu cruzo os dedos. Não que eu acredite nisso, se fosse verdade que da sorte, eu já tinha até ganhado na loteria.
— Escultura, Damien... Karen e... — Por favor, eu! Eu! Eu! — Helena. — Porra! Nunca tenho sorte, nem que seja uma vez na vida.
— E por final os que sobraram... Camila... — Começo a fazer torcida, mas no fundo já sei muito bem quem sobrou. — Josh... E Nick.
O que eu falei sobre não ter sorte?
Ouço um risinho atrás de mim e me viro pra ver Alec e Alex, sentados na mesma carteira, sorrindo brilhantemente. Fodidos. Viro-me e afundo-me na cadeira.
O resto da aula ficou por conta de reunião de trios. E eu fiz questão de ignorar meus parceiros. Quando o sinal toca, uma mão agarra meu braço e sussurra rente ao meu ouvido:
— Hoje à tarde, na sua casa.
r~
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FOR YOU - série you | livro um
RomanceA vida de Camille Forbid é recheada de incertezas. Menos quando se trata da lei de Murphy, pois quando ela achava que que não podia piorar ela descobriu que estava completamente enganada. E depois de perder quase tudo que julgava importante para...