Ficstape - Divide (Ed Sheeran)

08. New Man

I don't wanna know about your new man

[…]

'Cause I'm positive that he don't wanna know about me

Amor é uma coisa bem esquisita, não acham? Você conhece uma pessoa, troca alguns olhares e sorrisos, passa algumas horas conversando e, quando percebe, só está pensando nela e em seu sorriso encantador. Qual é a graça nisso? Qual é a graça em perder o seu sono para imaginar um futuro com uma pessoa que, provavelmente, está fazendo o mesmo só que pensando em outra pessoa?

Amor à primeira vista é algo mais esquisito ainda. Tenho vontade de vomitar todas as vezes que alguém diz que “se apaixonou a primeira vista”. Não acho possível você amar alguém de verdade se não a conhece por dentro, se não conhece seu caráter, que é a coisa mais importante. Amar pela aparência ou pelo sorriso bonitinho é tão tosco quanto odiar alguém sem conhecê-la.

Enfim, amar em si é tosco.

Sei que vou parecer um cara mais amargo quando falar que não amei muitas pessoas durante meus vinte e três anos. Meus pais, meu avô e ela. 

Amo os meus pais não porque foram eles que me colocaram nesse mundo, mas sim porque eles são as melhores pessoas que já conheci em toda a minha vida. Nunca vi meu pai perder a calma e levantar a voz para alguém, nem para mim quando eu quebrei a janela da sala. Minha mãe era exatamente da mesma forma, mas sabia reclamar quando eu tinha meus momentos de moleque maluco. Meu avô era, simplesmente, o melhor homem que esse mundo teve o prazer de conhecer, ele sempre ajudava quem pedia e conversava comigo sobre as estrelas, mulheres e o futuro. Sempre vou me sentir sortudo por ter cada um deles em minha vida e tenho orgulho poder chama-los de família.

Mas ela... Ela caiu de paraquedas na minha vida e resolveu ocupar um lugar em meu coração que, até então, era desconhecido até para mim. Lembro-me de quando a vi pela primeira vez, eu estava passando a tarde na casa do meu primo e jogávamos vídeo game na sala de estar s, quando ela e minha prima passaram pela frente da televisão, nos fazendo parar o jogo. Se eu fechar os olhos e forçar minha mente um pouco, consigo ver sua pele negra coberta por uma calça jeans de lavagem clara e uma blusa laranja nada bonita, enquanto seus fios cacheados estavam num meio termo entre presos e apontando para todos os lados. Mas foram os seus olhos que me chamaram atenção, eles transpareciam indiferença ao mundo à sua volta, como se nada fosse realmente digno de sua atenção e aquilo era tão intrigante ao ponto de eu passar quase um minuto inteiro olhando, até meu primo bater em minha cabeça para me fazer voltar a prestar atenção no jogo de futebol que nem era mais tão interessante quanto antes.

– Quem é ela? – perguntei para Vincent, meu primo, indicando a garota sentada do outro lado da sala.

– Uma amiga da Violet – deu de ombros antes de berrar de alegria por ter feito um gol.

– Isso eu percebi, não dá para ser mais específico? – pausei o jogo para olhá-lo. Vincent tentou puxar o meu controle, mas estiquei o braço para cima e usei meus poucos centímetros a mais ao meu favor.

– Que isso, cara? – questionou ao perceber que não alcançaria tão alto.

– Quem é ela? – apontei, mais uma vez, para a morena sentada ao lado da sua irmã.

– Tudo isso por causa de uma ‘mina’? – cerrei os olhos em sua direção e ele levantou os braços na altura da cabeça. – Não sei muito sobre, mas sei que se chama Grace e que tem dezoito anos e, pelos meus cálculos... – olhou pensativo para o teto e bateu o indicador em seu lábio inferior. -, ela é um ano mais velha que você, o que quer dizer que não tem chance alguma de ela olhar para um cara assim – apontou-me dos pés a cabeça e lembro de me esforçar para não jogar o controle em sua cara de deboche e acabar quebrando seus dentes ou seu nariz.