A primeira coisa que senti quando abri os olhos foi dor se irradiando por toda a minha cabeça. Gemi, pondo as mãos em minhas têmporas e comecei a massageá-la. Demorou um pouco para me concentrar no fato de que não estava em meu quarto, mas sem no meio do parque da cidade. Sentia o chão molhada contra a minha bunda e o frio da manhã londrina fez com que eu tremesse. Hesitei um pouco antes de levantar, querendo ter certeza que só a minha cabeça tinha sido lesada na noite passada.
Usei o carvalho que tinha me abrigado durante a noite como apoio para levantar e mais uma vez reparei em algo que não estava em seu devido lugar: meus sapatos. Observei minhas meias encardidas e mexi meus pés contra a grama úmida, como se eles fossem magicamente aparecer, levando-me para casa, como a Dorothy. Quando não aconteceu, soltei um lamento baixo e tateei meus bolsos com a esperança de encontrar indícios do que havia acontecido na noite passada. Meu celular estava nas últimas porcentagens de baterias e minhas chaves não estava meu bolso, o que fez minha dor de cabeça se agravar. Que tipo de bebida tinham me dado na noite passada?
Mexendo no celular, meu pulso começou a latejar e vi que tinha uma marca roxa pintando minha pele pálida. De brinde, a calça estava rasgada nos joelhos revelando um arranhado e sangue seco. O que quer que tivesse acontecido na noite anterior, esperava que no mínimo tivesse me divertido. Tropeçando arrastei-me em direção a um banco vago e ignorei os olhares julgadores das pessoas que passeavam com seus cachorros.
Brincando com o que restou da minha sorte, mexi no celular procurando por qualquer prova do que havia acontecido. Fui aos registros de chamada vendo que minha mãe ligou diversas vezes quase empatando com um contato desconhecido. Cocei meus olhos e aproximei-me da tela lendo o nome: Mia.
Quem, diabos, era Mia?
— Nunca mais bebo na minha vida — murmurei sentindo meu pulso latejar a cada movimento. — Minha mãe vai ficar orgulhosa com essas novas cicatrizes.
Conforme pensava em maneiras de convencer a minha mãe que estava bem, por mais que o meu corpo mostrasse o contrário, uma nova mensagem chegou. Franzi o cenho ao ver que o remetente era a tal Mia e abri a mensagem: Bibia Be Ye Ye
Mas o que isso significava?
Antes que pudesse ler a mensagem com mais atenção ou até mesmo responder para questionar o significado daquelas palavras, meu celular apitou e morreu.
— Não! Não! Não! — comecei a lamentar tentando religá-lo.
Na terceira tentativa passei a mão por meu rosto triste e levantei. Tinha que ligar para a minha mãe e dar um jeito de ir para casa. Continuei com a tarefa de ignorar os olhares críticos na minha direção e fui pra a saída do parque com a esperança de pegar um táxi. Meus pés ficavam ainda mais pesados por contas das meias molhadas e a falta de disposição do meu corpo. Nem iria citar como a minha cabeça latejava. Parei no ponto e fiz sinal para o primeiro táxi que parou para mim. Nem olhei para o motorista antes de entrar, fechando a porta atrás de mim.
— Hey, cara, você teria um carregador para me emprestar? — questionei tentando mexer ligar meu celular novamente. O motorista permaneceu em silêncio e desligou o táxi. Encarei-o confuso e ele estava visivelmente irritado. — O que houve?
Ele bufou juntando ainda mais as sobrancelhas em um franzido.
— Você realmente não se lembra de mim?
Pisquei com força.
— Juro que não.
O motorista revirou os olhos.
— Você vomitou no meu táxi ontem. — esclareceu fazendo-me arfar. Assentiu com o meu susto. — Eu te expulsei aqui mesmo, é claro. Sorte que a menina que estava com você saiu antes.
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Ficstape - Divide (Ed Sheeran)
FanfictionUma obra em conjunto com escritoras, direcionada ao álbum do Ed Sheeran, Divide. A partir do dia 14 de Abril, todo o mês citado terá uma faixa contando uma história sobre a mesma. Acompanhem-nos e divirtam-se. Equipe PL.