Capítulo 12

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"How can you see into my eyes like open doors?

Leading you down into my core

Where I've become so numb?

Without a soul, my spirit's sleeping somewhere cold

Until you find it there and lead it back home"

"Como pode você ver dentro dos meus olhos, como se fossem portas abertas?

Levando-o até meu interior

Onde eu me tornei tão entorpecida?

Sem uma alma, meu espírito está dormindo em algum lugar frio

Até que você o encontre lá e o leve de volta pra casa"

[Evanescence – Bring me to life]


Bruno


— Meu Deus! Não aguento de dor nos meus braços — resmungou meu pai após deixar as caixas de mercadorias no porta-malas do carro.

— Credo, Olavo, eu tenho vinte e poucos anos a mais que você e não estou sentindo nada. Você está ficando enferrujado! — zombou seu Ulisses para o filho. Meu pai fez uma careta para ele.

— Vocês dois não tem jeito! — Ri enquanto os ajudava com os mantimentos.

Era sábado e nós estávamos indo para a casa do vovô para passar o final de semana. Ele havia convidado eu e meus pais e estava eufórico com a nossa ida. Mamãe também estava muito feliz e trazia duas sacolas do mercado. Uma tinha pães e biscoitos e a outra, frutas e verduras.

— Eu acho que vocês estão exagerando com essas caixas. Parecem que vão para a guerra. — Dona Abigail balançava a cabeça de um lado para o outro, apavorada com tanta coisa que estava sendo carregada na caminhonete do meu pai.

— Isso é coisa do seu marido. — Vovô lançou um olhar rápido para o filho. — Ele acha que lá em casa não tem comida.

— Não é isso, pai. Eu só quero levar umas coisinhas para o senhor. E prometi também a caixa de vinhos. É isso! — Meu pai deu de ombros terminando de ajeitar as coisas.

— Ulisses tem razão, Olavo. Eu continuo achando isso tudo um exagero. — Minha mãe revirou os olhos se acomodando no banco do carona.

— Você pegou todas as compras do carrinho? — perguntou meu avô ao meu pai.

— Sim, papai. Estão todas aqui.

Enquanto meu pai e meu avô discutiam sobre quais mercadorias eram necessárias e quais eram supérfluas, eu me concentrei em terminar de guardar as coisas. Estava colocando a última caixa no porta-malas quando vi, ao longe, Maísa sair do mercado, acompanhada do Reinaldo. Fiquei estático observando os dois cruzarem o estacionamento, rindo e conversando. E outra vez eu senti algo rebulir dentro de mim, fazendo meu sangue ferver. Não podia estar com ciúmes dela. Era óbvio que não era ciúmes. Não podia ser!

Dessa vez eles estavam em um carro só. Reinaldo abriu a porta do carona e Maísa se acomodou no banco. Fiquei possesso ao perceber que ela estava com ele, no carro dele, só os dois. Respirei fundo e o ar gelado parecia que queimava no meu rosto. Senti um calor fora do normal para aquele dia frio de inverno. A vontade que tive foi de ir até lá e arrancá-la de dentro do carro do Reinaldo e levá-la para outro lugar. Qualquer lugar, mas que fosse bem longe do médico veterinário.

Lágrimas do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora