Capítulo 1

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"Hello, it's me

I was wondering if after all these years

You'd like to meet, to go over everything

They say that time's supposed to heal ya

But I ain't done much healing"

"Olá, sou eu

Eu estava me perguntando se depois de todos esses anos

Você gostaria de encontrar, para falarmos sobre tudo

Eles dizem que o tempo deveria te curar

Mas eu não me curei nem um pouco"

[Hello – Adele]

Maísa


Dias atuais...


— Aqui está a sua ração, meu menino! — falei para o meu gato branco de olhos azuis que estava miando a espera de sua comida. Poppy começou a saborear a sua ração especial para gatos castrados, enquanto eu me sentava na escada da frente da varanda da minha casa e apreciava o pequeno gramado cercado por grades brancas de ferro.

— Maísa, que bom que o Poppy se adaptou rápido a nova casa. Isso é um pouco complicado para gatos, não é? — perguntou Andressa, minha irmã mais velha acomodada ao meu lado.

— Mas o Poppy não é um gato comum, Dessa! — Pisquei para ela que sorriu.

— Ainda bem que você se mudou. Aquele apartamento não era a sua cara, Isa. — Ela fez uma careta se referindo a minha antiga casa. Eu saí do sítio e fui morar em um apartamento. Fiquei lá por dois anos, mas como não me acostumei, acabei alugando uma casa com jardim e mais espaço.

— Eu me sentia presa naquele apê e o Poppy também.

— Você já escolheu a cor de suas cortinas novas para a sala de estar? Se precisar de ajuda, eu já disse que pode contar comigo.

— Não escolhi ainda. Mas quando eu for às compras, eu te chamo.

— Maninha, não é por nada. Mas acho que a cafeteira deve estar derretendo o nosso café.

— Oh, não! — Saí em disparada para dentro de casa e ela me seguiu rindo.

Felizmente a cafeteira não estava derretendo conforme insinuou a minha irmã. Mas o café estava pronto. Enquanto eu servia duas xícaras, Andressa se aproximou curiosa de algumas caixas que estavam a um canto da cozinha.

— O que tem nessas caixas, Isa?

— Nada de importante! — Caminhei apressadamente em sua direção antes que Andressa tentasse abri-las. — Seu café! — Estiquei a mão com a xícara para ela. Minha irmã se voltou para mim com olhar desconfiado e eu abri um sorriso tentando disfarçar o nervosismo. Não queria que ela soubesse o que tinha dentro das caixas, pois sabia que seria bombardeada de perguntas. E aquilo era tudo que não precisava naquele momento.

— Isa, você está me escondendo algo?

— Claro que não, Dessa! Você, hein! — Revirei os olhos na esperança de convencê-la.

— Assim espero, maninha. — Ela abriu um meio sorriso e saboreou o café.

— Quer uns biscoitos de manteiga? — Eu abri a porta do armário e constatei que tinha pouca coisa estocada. Na verdade, não tinha quase nada. — Merda! Eu preciso ir ao supermercado.

Lágrimas do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora