Capítulo 7

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"But we, are two worlds apart

Can't reach to your heart

When you say

I want it that way"

"Mas somos de dois mundos separados

Não consigo alcançar seu coração

Quando você diz

Eu quero assim"

[Backstreet Boys - – I want that away]


Bruno


Acordei bem cedo e fui me exercitar antes de ir para o hospital. Fiz esteira som de Muse, Supermassive black hole, e depois levantamento de peso e algumas abominais. Eu gostava da atividade física. Ela me ajudava a manter o equilíbrio entre o corpo e a mente.

Tomei um banho e fui para a cozinha. Enquanto bebia meu café eu olhava através da janela o dia cinzento e gelado que fazia lá fora. Não pude deixar de pensar na Maísa saindo daquele restaurante com o Reinaldo. Aquela cena era algo que não saía da minha cabeça, me atormentando.

Deixei a caneca quase vazia em cima da bancada, peguei a chave do carro, vestido o casco de lã e saí. Tinha que passar antes no Posto de saúde para fazer o meu turno e só então depois ir para a clínica. Eu gostava do trabalho que fazia no junto à comunidade, era muito gratificante. Sabia o quão precário era a saúde em nosso país e o quanto as pessoas sofriam para conseguir uma consulta pelo SUS.

Assim que cheguei uma das enfermeiras veio me encontrar. Relatou que tinha uma paciente em trabalho de parto e que não havia conseguido um médico obstetra nem um ginecologista. Fiquei pasmo com o descaso com que as autoridades tratavam as pessoas. Liguei rapidamente para a secretaria de saúde e solicitei a secretária responsável que arrumasse uma vaga para a mulher o mais rápido possível. E, se por acaso ela não conseguisse, eu levaria o caso até a Promotoria Pública. Era incrível, mas as coisas só se resolviam com ameaça. A mulher ligou cinco minutos depois e disse que uma ambulância estava a caminho para conduzir a gestante até o hospital.

Passei o restante da amanhã atendendo meus pacientes, encaminhando-os para especialistas quando necessário, prescrevendo exames... Enfim, fiz o meu trabalho e quando estava saindo do posto de saúde, eu me encontrei com Vanessa, a minha ex-noiva. Ela me aguardava do lado de fora.

— Oi, Bruno! Tudo bem? — Ela veio até mim e me cumprimentou com beijinhos no rosto.

— Tudo certo e com você?

— Tudo bem também! — Ela sorriu e como pressentisse o que eu iria preguntar, ela falou: — Eu trouxe a cópia da chave do seu apartamento. Ela ainda estava comigo. — Ela me entregou a chave.

— Obrigado, Vanessa! Mas eu troquei a fechadura faz algum tempo — falei e vi que ela ficou frustrada.

— Ah... Entendo! — Ela ajeitou o cachecol ao redor do pescoço.

— Fiz isso para manter a segurança. Nunca se sabe quando a gente vai perder uma chave, ou ser assaltado. Apenas por precaução mesmo — expliquei enquanto me movia com ela até o meu carro.

— Verdade! — Ela sorriu e ajeitou passou a mão pelo seu cabelo curto. Vanessa era bonita, alta, magra. Tinha cabelo castanho curto e olhos pretos.

— Como está a sua família?

— Estão bem! Mamãe está sempre com altos e baixos, você sabe. A depressão vai e volta — disse tristonha olhando para frente.

Lágrimas do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora