Capítulo 9

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"And the arms of the ocean are carrying me

And all this devotion was rushing out of me

And the crashes are heaven, for a sinner like me

The arms of the ocean deliver me"

"E os braços do oceano estão me carregando

E toda esta devoção estava saindo de mim

E os choques são o paraíso, para uma pecadora como eu

Os braços do oceano me libertam"

[Florence and the machine]


Bruno


Na outra noite, Maísa não veio. Eu sabia que ela não viria e nem criei expectativas sobre isso. Apenas olhei o espaço vazio que havia do meu lado enquanto suas palavras martelavam a minha cabeça. Eu sentia que algo muito grave havia acontecido no passado para ela agir assim. Mas o quê? Eu não tinha a maldita resposta e isso estava me matando.

A semana iniciou e eu não tive notícias da Maísa. Evitei passar na escola de dança para vê-la, ou até mesmo ir na casa dela. Eu precisava dar um tempo para assimilar o que estava sentindo e ficar sem vê-la era o melhor a fazer.

Trabalhei muito e li livros técnicos de medicina. Quando não estava atendendo meus pacientes, eu estava em casa estudando. Ocupei minha mente com outras coisas para não pensar nela. Mas era inevitável. De vez em quando eu me pegava relembrando o nosso beijo. Fechava os olhos e podia sentir seu gosto, seu cheiro, seu calor. Era tudo tão real!

Era sexta-feira, fim de expediente. Renan havia convidado Jaisson e eu para um happy hour. Jaisson era um dos enfermeiros chefe do hospital onde meu amigo e eu trabalhava. Acabei aceitando o convite e nós estávamos acomodados em uma cafeteria.

— Nossa! O dia foi agitado hoje. — Suspirou Jaisson bebericando seu café.

— E como! Eu tô até meio zonzo de tantos pacientes que atendi — falou Renan com a expressão cansada.

— A gente tem que combinar alguma coisa pra fazer... Que tal uma pescaria no final de semana, hein?

— Eu topo, Jaisson. — Sorriu Renan e se virou para mim. — O que acha, Bruno?

— Ãhn? — resmunguei absorto ao assunto que eles falavam.

— Cara, você tá aqui só de corpo? — Renan me olhou com uma rusga na testa.

— Desculpe, é que eu estava pensando em outra coisa.

— Tenho certeza que é mulher! — Jaisson riu. — É a gostosinha da Tamara?

— Não tem nada a ver com ela.

— A garota arrasta um bonde por você! — Agora foi a vez do Renan rir, me zoando.

— Tamara arrasta um bonde para qualquer um — retruquei em um rosnado. Os meus amigos caíram na risada. — Qual é a graça?

— Você tá muito estressadinho, Bruno. Precisa fazer sexo urgente.

— Renan, você acha que tudo se resolve na cama?

— E quem falou em cama aqui? Eu não preciso de cama para comer uma mulher. Tenho lugares mais interessantes pra pegar uma gata. — Ele abriu um sorriso malicioso. Era mesmo um safado.

Lágrimas do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora