Capítulo 13

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"But we, are two worlds apart

Can't reach to your heart

When you say

I want it that way"

"Mas somos de dois mundos separados

Não consigo alcançar seu coração

Quando você diz

Eu quero assim"

[Backstreet Boys]


Maísa


Como Bruno ousava insinuar que eu e o Reinaldo tínhamos um caso? Realmente ele não sabia nada da minha vida para dizer uma loucura daquelas. Reinaldo e eu éramos amigos e conselheiros um do outro. Sempre que precisei de ajuda ele esteve do meu lado, me apoiando, dando força. Nos últimos anos se não fosse o ombro amigo do Reinaldo, eu já tinha pirado. Eu devia muito a ele.

Fiquei irritada por ter ido até a casa do Bruno para levar aquela maldita maleta. Eu podia ter deixado na clínica, ou no hospital. Isso evitaria mais um mal entendido. Mas eu não podia me enganar que eu queria vê-lo, e que eu estava me sentindo mal por tê-lo expulsado da minha casa depois de tudo que ele fez por mim. Mas se o Bruno soubesse um terço da minha vida, do meu passado, ele entenderia o porquê eu agi daquela maneira.

Eu não podia me deixar levar pelo lado emocional. Já fazia tanto tempo que blindei meu coração e reaprendi a viver que eu queria continuar assim do jeito que estava. Sabia que não conseguiria viver do lado de outra pessoa tão cedo. Prometi para mim mesma que não sofreria mais por ninguém. Então por que eu sentia essa necessidade de ver o Bruno, estar do lado dele?

Ensaiei muito em casa as palavras que eu diria a ele em caso de fraquejar. E eu disse! Mas parecia que o feitiço havia virado contra o feiticeiro. Bruno viu Reinaldo e eu juntos no supermercado e entendeu tudo errado. Jogou na minha cara que eu estava tendo um caso com o meu melhor amigo. Isso me irritou muito. Saí da casa dele as pressas, de queixo altivo, escondendo novamente os meus sentimentos.

Por um lado foi bom o que aconteceu. Somente assim Bruno ficaria longe de mim e eu dele. Eu nunca poderia dar o que ele desejava, ser o que ele sonhava. Bruno me conhecia forte e determinada, mas ele não sabia que isso era apenas um escudo que eu usava para me proteger contra o mundo. E ninguém seria capaz de romper essa barreira que eu criei. Ninguém!

Na segunda-feira, cheguei cedinho no estúdio. Vesti minha roupa de malha, liguei o som em uma coletânea de Backstreet Boys e comecei o aquecimento. Logo depois minhas alunas começaram a chegar, todas eufóricas e animadas com a apresentação que teríamos em pouco mais de um mês. Nós estávamos ensaiando pesado para que tudo saísse perfeito.

— Agora, meninas, respirem e inspirem. Vocês sabem que isso é muito importante para controlarmos a ansiedade. Vamos lá! — falei em tom de comando enquanto elas se aqueciam.

Nós estávamos concentradas no ensaio, quando alguém bateu a porta. Eu olhei por cima do ombro e vi um jovenzinho que trazia um pacote. Fiz sinal para que as meninas continuassem a treinar os passos ensaiados e fui até ele.

— Bom dia! A senhorita é a Maísa? — saudou olhando para o papel que tinha em mãos.

— Bom dia! Sim, sou eu!

— Essa encomenda é para você. Por favor, assine aqui. — Ele indicou me dando a caneta. Assinei o documento e o rapaz me entregou o pacote misterioso. — Tenha um bom dia!

Lágrimas do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora