Capítulo 5

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"Ah

Quase ninguém vê

Quanto mais o tempo passa

Mais aumenta a graça em te viver

Ah

E sai sem eu dizer

Tem mais no que te mostro

Não escondo o quanto gosto de você"

[Amei te ver – Tiago Iorc]


Bruno


Dei uma folga no trabalho, tanto na clínica quanto no hospital, e separei alguns livros para doação. Tinha vários autores conhecidos da literatura brasileira, como Renan de Moraes, Carlos Drumonnd de Andrade, Machado de Assis e também os conhecidos mundialmente, William Shakespeare, Miguel de Cervantes, Fernando Pessoa, entre outros.

Arrumei tudo em três caixas, coloquei no porta-malas da minha iX 35 e saí em direção a biblioteca municipal. O dia estava cinza e muito frio como todos os outros. Algumas nuvens mais escuras pairavam no céu anunciando chuva. Se chovesse, a previsão de cair neve era grande.

Estacionei o carro e saí com uma das caixas. Um dos responsáveis pela biblioteca me viu chegar e como eu tinha avisado que viria, ele buscou as outras duas que faltavam.

Depositei a caixa em cima da mesa da recepção e a dona Eugênia, a bibliotecária, veio até mim sorridente.

— Bruno, que prazer em vê-lo!

— Oi, dona Eugênia. É um prazer vê-la também! — Eu a cumprimentei com beijinhos no rosto. A senhora de sessenta e poucos anos sorriu para mim.

— Trouxe mais livros? Que maravilha! — Seus olhos azuis brilharam ao ver as caixas.

— Que bom que gostou! Tem poesia, contos, poemas e histórias para crianças e adolescentes.

— Você é muito generoso. Sempre lembra da gente.

— Eu faço o que eu gosto, dona Eugênia. — Sorri enquanto o rapaz que me ajudou, guardava as caixas.

— A gente vai catalogar e depois esses livros estarão nas prateleiras para serem lidos pela garotada. — Ela deu um sorriso. — Aceita um cafezinho?

— Sim, obrigado!

Enquanto dona Eugênia servia uma xicarazinha de café, eu olhei ao redor. Havia algumas crianças e jovens acomodados em algumas mesas lendo e conversando baixinho. Vi uma moça sentada de costas para mim, cabelo chanel ondulado, vestindo uma blusa de lã clara e um cachecol colorido ao redor do pescoço. Era Maísa! Uma alegria enorme tomou conta de mim. Fiz sinal para dona Eugênia, agradecendo o café e fui até ela.

Cheguei de mansinho e Maísa não me viu. Estava muito concentrada em uma leitura. Fiquei muito feliz em saber que ela gostava de literatura.

— "O amor é dos suspiros a fumaça; puro, é fogo que os olhos ameaça; revolto, um mar de lágrimas de amantes..." — falei recitando um trecho do poema que ela lia. Maísa ergueu os olhos, me olhou surpresa.

— "Que mais será? Loucura temperada, fel ingrato, doçura refinada." — Ela completou o verso e sorriu. Quando ela sorria parecia que tudo ao redor se transformava. O frio virava calor, dias cinzentos ficava mais coloridos, a vida tinha outro sentido.

Lágrimas do coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora