HunHan

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       LuHan, era esse o nome dele. Aquele tipo de pessoa com a vida perfeitinha, sempre consegue tudo que quer e isso é só uma parte do que me irrita nele. Notas altas, desejado por muitas, "riquinho", mimado. O que eu sinto não é inveja, não preciso sentir inveja dele, minha vida é perfeita também. Tratamentos psicológicos todos os dias, auto estima baixa, ninguém me quer, nenhum grande amigo... Vida perfeita... do meu jeitinho. A pior parte é que ele morava apenas umas casas depois da minha e, só pra piorar tudo, nós vamos juntos à escola. Ele jura que somos amigos, mas eu nem dou atenção a ele, eu ignoro tudo que ele fala.

  - Sehunnie, o que você acha da minha roupa de hoje? - Uma pergunta que ele faz diariamente dentro daquele carro que sempre nos deixa na escola. Ele usava uma camisa branca, mas parte dela era escondida em baixo de sua saia rosa, a que ele dizia ser sua preferida. Nos pés uma sapatilha... Não tinha um tom certo, mas era próximo ao rosa bebê. Por mais que eu soubesse que ele ficava lindo naquela roupa, minha resposta era sempre a mesma.

  - Tá normalzinho - Não sei se era medo, não sei se era ignorância, mas no final ele sempre acabava triste e eu… Eu seguia a vida.

       Chegamos na escola e ele continuava enchendo o meu saco. As vezes a vontade de bater nele era tão grande que, na academia, eu não saia de frente do saco de pancadas. As perguntas rodavam na minha cabeça. Coisas como: "Sehunnie, essa roupa me engorda?" ou "Sehunnie, você me acha bonito?", e ele me cutucava sempre que fazia a pergunta, o que só aumentava a vontade de dar um soco nele. As perguntas continuaram até o professor chegar na sala de aula, eu nunca agradeci tanto por ter uma aula de química. Era a matéria onde ele mais se esforçava, então eu ficava um tempinho livre, já que, pelo menos nessa matéria, eu era bom, então acabava em pouco tempo.

{…}

  - Sehunnie, me espera. - Ouvi Luhan me chamando longe. Apesar de virmos para a escola de carro, minha mãe só tem dinheiro para pagar a ida e Luhan, com "pena", quis ser solidário e ir comigo até em casa. Parei e o esperei, mas minha vontade mesmo era sair correndo. - Por que me deixou sozinho?

  - Eu só queria ir pra casa logo - Pus as mãos no bolso da bermuda e continuei seguindo despreocupado.

  - O que custava me esperar? - Ele perguntou, ainda correndo atrás de mim, mas ignorei

  - Tempo. - Respondi num tom indiferente, andando o mais rápido que pude e ele continuava correndo ao meu lado. Eu estava tentando muito não me enfurecer, mas senti que já estava no meu limite, eu não conseguia segurar mais.

  - Sehunnie, por que voc… - Não deixei que este terminasse e o joguei contra o muro, prendendo ele com os braços, um de cada lado do seu corpo

  - CALA A BOCA, LUHAN. FICA QUIETO. EU NÃO AGUENTO MAIS. EU JÁ ENCHI DE VOCÊ. - Coloquei essas e outras palavras para fora e senti um alívio tremendo… Até o momento em que percebi ele chorando. Me afastei o mínimo e o deixei livre pra ir e ele simplesmente correu, correu muito rápido. Todo o peso que tirei de minhas costas, o Luhan devolveu. Aish, por que tão difícil? Mas isso não importa, já me livrei dele, se eu estiver com sorte talvez eu nem veja mais ele por um bom tempo.

{...}

       Se passaram 1, 2, 3, 4, 5 dias e nada do LuHan de novo. Eu deveria me sentir bem, não tenho mais aquele encosto na minha cola, senti isso nos primeiros dois dias, mas depois me veio a sensação de culpa e… Saudade (?). Era estranho sentir aquilo por ele e por isso eu não dormir durante as últimas três noites, pensando se algo poderia ter acontecido ou onde ele estava. Hoje é dia de ir ao psicólogo, vou contar o que está acontecendo, talvez ele possa me ajudar.

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