Capítulo 4

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- MAS O QUE É ISSO AQUI? - Grito não acreditando no que estou vendo.

Fico estático tentando assimilar que tipo de furacão passou em meu quarto.
Tem roupas espalham pelo quarto, minha coleção de lamboguines está espelhada pelo chão e um tanto de salgadinho em cima da minha cama.
Antes que eu comece a tentar entender a situação ouço risadas abafadas vindo do meu guarda roupas.

Estão dentro do meu guarda roupa.

- Para de rir Luu - Ouço Gabriel cochicar abafado.

- Quem fez isso aqui!? - falo alto para que pensem que não os notei e ouço mais risadinhas

- Bomm.. sei que não foi minha doce Lu e nem meu pequeno Gabriel, vou mandar alguém arrumar e chama-Los para tomar uma big bola de sorvete na pracinha - digo assobiando e os dois saem do guarda roupa tropeçando em tudo que há na frente.

- Leva a gente, Mattt - Gabriel diz vermelho pelo esforço que fez e me acabo na gargalhada vendo os dois desesperados com os rostinhos de "fomos pegos"

- O que - pigarreio para falar sem rir - Eu falei sobre bagunçar o meu quarto? Vocês vão pedir a ajuda da Caren e limpar. Está bem?

- Ta bem... - Os dois dizem de cabeça baixa.

- E depois que terminarem levo vocês para tomar o sorvete. - digo e gritam de alegria correndo em seguida para chamar a Caren.

(...)

Fazem exatamente cinco dias.
Cinco dias.
Que tive a aparente ilusão de té-la visto na escola e falando comigo.
Já tentei achá-la na escola mas nada que resultasse em uma constatação concreta que tudo foi Real.
E bom...
Me sinto frustrado.

Frustrado porque não segui o Conselho de Sam e deixei que minha alegria dependesse disso.
Minha mãe nesse exato momento diria "Ouça sempre quem Deus usa para falar com você!"

Fico me perguntando se Deus realmente olha para mim. Quero dizer, por mais que eu me esforce não o sinto, nem sequer choro em sua presença já que nunca a senti.
Isso também me frusta.

Que otário eu sou.

Penso dando um riso de desgosto.

- Iai cara de tacho - Sam chega acendendo a luz do meu quarto em pleno sábado a noite.

- Estou exausto, ferrugem. A punição da Senhorita Isabella me rendeu um corpo triturado - digo tapando os olhos.

- Aah, qual é Tew - diz se aproximando da cama - Nem uma saída ao shopping ? - faço que não com a cabeça - Pizzaria? - Novamente faço que não com a cabeça - E.. um filme? - diz empolgada e faço que sim com a cabeça, depois de perceber que ela não iria sair.

- Eu escolho! - Protesto me lembrando das péssimas escolhas que ela faz quando o assunto são filmes.

- Ah nem vem! Seus filmes são horríveis Mattew! - diz invadindo minha cama e pegando o controle - Chega pra lá que quero espaço - diz fazendo menção que eu desencoste dela. Que folgada. - Que talll... Esse! - aponta empolgada para o título de um filme que constava na programação do canal.

- Doador de Memórias? - digo fazendo careta - Você é pessim...- antes que eu termine ela diz um esse mesmo que iremos assistir!

Não protesto mais vezes por causa da escolha dela, se for para manter esse sorriso em seu rosto eu faria qualquer coisa.

*

De fato o filme é excelente.
Pelo menos ferrugem acertou na escolha ao menos uma vez.
Está nas últimas cenas, quando o ator principal está correndo para que ninguém o impeça de cruzar a barreira da memória, libertando assim a memória de todos.
Vez ou outra olho de soslaio para Sam. Ela está depositando no filme toda a sua atenção, e faz caretas ao desvendar cada nova informação, vez ou outra também arregala os olhos, fazendo-me cair na gargalhada sendo punido com tapas que ao parecer dela são doídos.

Não Existe Acaso 2Onde histórias criam vida. Descubra agora