Capítulo 2

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Sabe quando você acorda sem perspectivas boas de seu futuro e do seu presente?

É algo avassalador que acaba me afogando, geralmente, quando estou só. Porque são nessas horas que todas as perguntas e questionamentos em em forma de um tsunami destruidor vem e sempre no final sinto-me vazio só, mais uma vez...

Só, porque não tenho tantos "amigos", só, porque não tenho o costume de abrir-me com mais ninguém além de minha mãe, a Sam e ela.
Só, porque não tenho um relacionamento profundo com Deus...
Tudo que sei sobre um relacionamento profundo com Deus é o que ouço e o que já ouvi meus pais falarem, e para ser sincero me frusto comigo mesmo a cada fato Contado. Me frusto porque nunca tive e porque sei que nunca vou ter..

Levanto-me sorrateiramente da cama, e caminho a passos lentos até a minha suíte que na verdade não é tão grande assim, mas deixa de ser algo meu.
Tanto ela como meu quarto são em tons pastéis com móveis em algo puxado para alguns tons mais escuros.

Olho-me no relativo grande espelho do banheiro e digo para mim mesmo que hoje será um dia bom...
Minha mãe disse que as palavras tem força e bom... Mas do que nunca quero que agora elas façam efeito.

Molho o rosto e escovo os dentes e tomo uma ducha em seguida. Pego uma das toalhas brancas - que ficam em cima de uma prateleira do banheiro - que mais parecem colchas de tão grossas e macias.
Saio do banheiro coloco meu adorável uniforme e ajoelho-me como de costume ao pé da cama para orar.

- Senhor, obrigado por mais esse dia, abençoe todos aqueles que amo e é... acho que é só isso por hoje. Amém.

Levanto-me sentindo uma leve taquicardia, mas sei que logo vai passar, geralmente a sinto quando acordo, quando corro, ou quando subo escadas gigantescas. Analu nos seus "adoráveis seis anos" - como ela mesma gosta de dizer - diz que sou é preguiçoso e sedentário, até agora me pergunto com quem ela aprendeu essa palavra. Rio ao me lembrar da minha doce Analu. Ela é muito parecida com minha mãe na personalidade mas a criaturinha é a cópia fidedigna de meu pai.

Pego minha mochila que ainda conta a presença de apenas um caderno e um estojo.
Desço e ouço minha mãe cochixar algo ao telefone. Como o bom curioso que sou apresso-me em chegar mais perto. Não consigo ouvir ao certo o que a pessoa do outro lado fala, então tenho entender pelo o que ela responde desse lado da linha.

- Aah sim, mas como isso aconteceu?
- Claro, aviso sim!
- Sei bem. - diz e ri.
- Ta bom minha querida, um beijão viu? Que Deus te abençoe sempre ! Tchau. - e finaliza a ligação.

- Verdade, como isso aconteceu? - Pergunto propositalmente ao pé da porta da cozinha bebericando um copo de achocolatado gelado.

- Sabia que você não consegue disfarçar sua curiosidade alheia, filho? - Minha mãe diz voltando para seu lugar à mesa na cozinha.

- É um dom. - digo fazendo barulho tomando o líquido. Ela detesta quando fazemos isso.

- Cadê a educação que te dei? Beba direito isso. - Diz pondo uma maçã na bolsa e levantando-se. - Caren, por favor, guarde meu almoço hoje, chegarei tarde.

- Posso saber para onde minha adorável mamãe vai? - um ser de um metro aparece ao meu lado, portando um dos mais belos sorrisos e olhos curiosos. Analu.

- É o que estou me perguntando, Lu. - digo pegando-a no colo.

- Você tá cheiroso Matt. - Diz inalando o perfume e fazendo um barulho engraçado.

- Eu sempre estou cheiroso - Digo rindo baixo e ela faz uma careta de "mentiroso".

- A conversa entre vocês está boa mas tenho avisos para dar para hoje. - Matt você vai levar e pegar seus irmãos na escola com o motorista. E antes que pergunte a Sam está com a mãe em casa, que sentiu algumas dores ao sair da cama e então vai faltar aula para ficar com ela. - Diz recuperando o ar depois de falar sem parar - Então você e seu irmão comportem-se e obedeçam ao Matt. - Diz referindo-se a ela e ao Gabriel.

Não Existe Acaso 2Onde histórias criam vida. Descubra agora