-Melhores amigos?
- Sim!
- E se você esquecer de mim?
- Não irei esquecer! Se você prometer que não se esquecerá de mim - digo um pouco constrangido.
Lembro da primeira vez de tive esse devaneio e outros do tipo. No início pensei que estaria fadado a conviver com lembranças que não me fariam bem. Porém atualmente as mesmas parecem marcar presença apenas vez ou outra, como um evento que ocorre apenas duas vezes ao ano. O diferencial agora é que sei dispersa-lo e me concentrar em outras coisas, como por exemplo descubrir quem eu sou.
Minha mãe adotiva, Sophia, vez ou outra conta-me sobre meu passado, mas parece que nem a mesma sabe a fundo sobre o mesmo, ela apenas me diz que meus pais morreram em um acidente, pelo o que parece de carro. Porém, há uma discrepância que ainda não encontrei uma explição plausível. Ela me contou que meu irmão, e única família biológica, tinha a aparência de um índio, cabelos negros escuros e lisos, pele morena, um pouco alto e um tanto forte.
E bom, tenho pele clara, cabelos castanhos claros e olhos que passaram do castanho para um esverdeado escuro.
Não estou revoltado com a situação de ter uma família adotiva ao invés de uma biológica. Ao contrário, agradeço a Deus por dar-me uma família que amo, muito.Minha vida é pacata, e com pacata quero dizer calma para quem os pais são pessoas renomadas e conhecidos na mídia. Minha mãe começou a ficar conhecida como mãos talentosas, por conta de todo caso que pega o doente no final sai curado, e isso é incrível.
Meu Pai ficou conhecido pelos grandes edifícios que estão espalhados por Niterói, onde a autenticidade e o esplendor são suas principais características.Lembro de morar aqui, em Niterói, desde os quinze anos, hoje tenho 17, tivemos que nos mudarmos da nossa antiga cidade aqui no Brasil, não sei ao certo o motivo, mas minha nacionalidade é americana.
*
- Porque toda essa demora ?! - Ela entra no meu quarto esbravejando.
- Sai daqui, irritante - Digo lançando um travesseiro nela cobrindo-me em seguida com o lençol até o alto da cabeça.
- Juro que se eu chegar no meu primeiro dia de aula atrasada vou te atormentar o resto do ano - Diz tentando seriedade.
- Que horas são ? - bufo ainda sonolento.
- Seis e vinte - responde impaciente.
- As aulas começam sete horas, ferrugem! - digo irrirado.
- É o nosso último ano, e ele vai ser diferente ! Sem atrasos - Diz pondo-se em posição séria a minha frente.
- Você - me levanto - é uma - dou um passo em sua direção - chata, ferrugem. - Digo e ela faz uma reverência em sinal de um obrigada.
- Vá vestir-se, estarei lá em baixo te esperando - Diz fechando a porta com força atrás de si.
- Arg - Bufo de chateação.
Esse será o último ano de colegial, e ao mesmo tempo que estou pronto para uma nova fase sinto-me despreparado, e isso me irrita.
Faz doia anos que estudo na mesma escola, e isso me traz alívio. Não terei que suportar os olhares curiosos e repugnates de pessoas que te julgam.
Durante esses anos criei uma ponte que separa de mim todos que eu não requisesse a presença, exceto uma.Samantha.
Ela entrou em meu mundo explorando-o como uma desbravadora sem medo de saber o que iria encontrar. A Ignorei por diversas vezes, de diversas formas, mas ela nem abalava-se com minha performance.
Samantha tornou-se minha melhor amiga depois que ela me deixou.
Ela simplesmente está sempre ao meu lado, tornando as situações que considero desagradáveis em situações leves.
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Não Existe Acaso 2
Espiritual#8 ESPIRITUAL 16/05/17 Como agir diante de uma situação que o torna apenas um mero expectador? Sem ao menos poder contra atacar a ofensiva eminente de algo que você considera a coisa mais importante evaporar do seu campo de visão. Lembranças...