Just A Little Bit

Naomi Sawyer

Olá, meu nome é Naomi Sawyer e eu vim contar um pouco da minha história. Não eu não sou nenhuma pessoa importante pra história do meu país e muito menos pra história mundial, não sou nem mesmo uma pessoa interessante com várias histórias pra compartilhar, eu sou apenas uma garota de 19 anos com vários arranhões e remendos e que ainda está à procura da tal felicidade que tanto dizem por aí, eu não prometo te fazer chorar ou nem mesmo te fazer rir, mas prometo que serei inteira e completamente verdadeira em relação aos meus sentimentos. Isso é uma daquelas histórias baseadas em fatos reais, mas não se assuste isso não é... bom, pelo menos não deveria ser uma história trágica.‬

‪- O Kevin pediu pra ficar comigo de novo, aí amiga eu não aguento mais esse garoto, você acha que devo ficar com ele pra me livrar de uma vez por todas?‬

‪- Claro que não Sol, você não é obrigada a beijar a boca imunda de‬ qualquer garoto por aí - dei de ombros enquanto escrevia mais uma palavra qualquer naquele caderno velho.‬

‪- Você está tão calada hoje, o que foi? - disse Sol se virando de bruços na cama para me olhar.‬

‪- Não foi nada, eu sou quieta assim sempre!‬

‪- Não, não. Você só fica quieta assim quando tem algo que te incomoda ou que você não consegue entender na cabeça.‬

‪- Tem sim algo que me incomoda muito e acho que também nunca irei entender.‬

‪- Hm... e o que seria? - olho pra ela com um sorriso de canto e suspiro.‬

‪- A vida Sol, a vida.‬

‪Bom, teoricamente falando esse diálogo nunca aconteceu de fato, exceto pelas duas primeiras falas, pois o restante da conversa foi apenas um diálogo monossilábico de minha parte enquanto Sol fingia ficar irritada com a quantidade de garotos caindo aos seus pés. Ela era uma garota incrível, éramos amigas a tanto tempo e tirando o fato de que ela só falava de garotos e de que cor pintaria sua unha aquela semana ela tinha um bom coração, sinto falta dela nos dias de hoje, sinto falta daquela época em que eu realmente me sentia incluída em alguma coisa e na vida de algumas pessoas, o cômico disso tudo é‬ que nós combinamos que apesar de não nos vermos mais todos os dias nós nunca deixaríamos nossa amizade acabar e é tão engraçado como promessas são quebradas com tanta facilidade não é mesmo? Mas éramos apenas duas jovens garotas de 13/14 anos naquela época, muita coisa mudou e muita coisa irá mudar e no fim de tudo Sol foi apenas mais uma entre o grande número de pessoas temporárias na minha vida.‬

Eu passei a minha vida inteira tentando ser algo que não sou pra agradar meus pais. Meu pai era o tipico pai rígido que quer tudo do jeito que ele acha certo não importa o que dizem! Não é atoa que ele resolveu me distanciar do meu irmão assim que descobriu que ele era gay. Sim, isso mesmo, meu pai é um homofóbico de merda que prefere perder um filho a ter suas normas contrariadas. Minha mãe, bom, eu só queria que ela realmente se importasse comigo, mas ela é incapaz de se importar com alguém que não seja ela mesma.

‪Vamos falar da minha trágica e fracassada vida amorosa, eu acho que nunca encontrei de fato aquele famoso primeiro amor, já encontrei pessoas fantasiadas de tal, porém nunca passou disso. Acho que não nasci com o dom para me relacionar com as pessoas, não existe uma pessoa que tenha realmente dado certo em algum momento, ou pessoas que não tenham desistido de mim depois de conhecer todas as minhas infinitas camadas. Eu não as culpo, não mesmo, sou uma pessoa tão bipolar e confusa que nem eu mesma me aguento em alguns momentos que dirá as pessoas a minha volta.‬

‪Já tive tantas paixonites inúteis na minha vida e ao mesmo tempo acho que não tive nenhuma, pelo menos nenhuma que fosse realmente importante até eu conhecer ela, sim, você leu bem, eu disse ela.‬

‪Mas olhem só, vamos por partes. Eu passei minha vida escolar inteira sendo a única no meu ciclo de amizades a não ter nem se quer beijado alguém, isso era tão vergonhoso e eu realmente queria mudar isso, mas sempre que surgia a oportunidade, sempre que minhas amigas apareciam com um "carinha" novo eu simplesmente travava, eu não entendia o que estava acontecendo comigo, mas eu dizia pra mim mesma e para todos que: "eu apenas queria que fosse especial e não uma boca qualquer de uma pessoa qualquer".

Eu dei o meu primeiro beijo aos meus 18 anos, não foi especial, mas não foi com uma pessoa qualquer, ele era meu amigo à alguns meses e inclusive só se aproximou de mim exatamente para isso, seu nome era Paulo, ele era um cara quieto, dramático e depressivo, mas era um cara legal eu juro. Não durou nada mais do que um simples beijo, além do fato de ele correr atrás de mim o tempo todo. Eu só me livrei de fato dele quando ela apareceu.

Ah, essa garota, ela é a típica garota que entra na sua vida de mansinho, mas faz o maior estrago. Conheci ela logo depois, ela parecia e realmente era tão doce, quem imaginaria que ela iria bagunçar a minha vida dessa maneira? eu nunca havia tido nenhum tipo de atração ou o que quer que fosse por qualquer garota, mas essa garota, ela conseguiu tantas coisas de mim em tão pouco tempo.

Seu nome era Scarlet, e ela realmente era uma garota legal, seu único problema era o medo do que a sociedade pensaria dela, ela não se sentia preparada e nem mesmo conseguia decidir o que ela realmente queria, mas ainda assim ela seguiu me fazendo pensar que ela havia superado isso e que ela estava pronta pra passar por mais esse obstaculo, ela não iludiu somente a mim, ela iludia até mesmo a si própria, ela não estava pronta e talvez nunca esteja. De qualquer forma eu não me arrependo de ter a conhecido, eu não me arrependo de ter dado tudo de mim e amado aquela garota como se não houvesse amanhã, ela não só deixou mais uma cicatriz em mim, ela me ensinou que por mais que a pessoa valha a pena eu tenho que me amar acima de qualquer outra pessoa e então é isso que eu vou ter em mente de agora em diante.

Foi com ela que eu também descobri mais uma coisa sobre mim para meu pai sentir desgosto, o fato de eu gostar de garotas só me fez me aproximar mais do meu irmão, ele era o único que conseguia me entender e que jamais me julgaria por isso. Claro que eu passei os últimos 2 anos ainda fingindo ser tudo que meu pai sempre quis mas agora eu não estava aguentando mais. Rafael me chamou para ir morar com ele e ele até mesmo me conseguiu o trabalho dos meus sonhos. E era isso que eu iria fazer, eu iria atrás do meu sonho e de quem eu realmente sou, sem cobranças, sem julgamentos e principalmente sem culpa.