Just A Little Bit

Juntas

- Bom dia flor do dia - disse enquanto distribuía beijos pelo rosto da Gabie, ela me deu um sorriso lindo e abriu seus lindos olhos verdes me encarando.

- Bom dia linda - ela levantou e se sentou na cama espreguiçando-se.

- O café está pronto lá em baixo, Rafa está te esperando pra te deixar em casa e eu e a Thali estamos indo trabalhar - deixei um beijo em sua bochecha - a gente se vê mais tarde? - perguntei e ela apenas assentiu.

- Se quiser é só me ligar e eu venho te encontrar - sorri pra ela e me levantei para deixar o quarto, já estava na porta quando resolvi voltar e deixar um longo selinho em seus lábios.

- Agora eu estou pronta pra enfrentar o meu dia - pisquei pra ela e antes que passasse pela porta pude ouvir ela dizer um "bom dia!". Desci as escadas sorrindo de orelha a orelha e nem percebi que meu irmão me encarava no final dela.

- Aí Rafael, que foi? - disse quando meu corpo colidiu contra o dele.

- Que sorriso é esse garota? - meu irmão era esperto demais pra deixar aquilo passar, isso era um saco!

- Ih, não posso mais sorrir não? Vê se me erra Rafael - disse passando por ele e encontrando a Thalita na cozinha - Ei, podemos ir? - Ela concordou e então nós saímos.

- Tenho uma programação diferente para nós hoje - olhei pra ela confusa e entrei no carro logo depois dela - Já avisei o Dave que não iremos, não se preocupe com isso - ela sorriu pra mim e eu continuei sem entender.

- Certo, se não vamos trabalhar então nós vamos aonde? - coloquei o cinto e ela deu a partida no carro.

- Nos divertir - ela disse simplesmente, ela era puro mistério até mesmo nesses momentos, eu amava isso nela.

Fomos o caminho todo conversando, ela me contava como o Rafa tinha ficado ontem depois de tudo aquilo, ele ficou arrasado, sabia que não seria fácil pra ele e me odiava por fazê-lo passar por isso mais uma vez.

- Ele não merecia ouvir tudo aquilo de novo. Às vezes eu acho que deveria ter ficado em São Paulo sabe, a vida de todo mundo seria mais fácil, inclusive a do meu irmão - suspirei e deitei a cabeça no apoio do carro encarando o teto - Aliás me desculpa pelo que você foi obrigada a assistir ontem - a olhei e ela dirigia serenamente.

- Não se preocupe com isso, tudo que importa é você e o Rafa estarem bem agora - ela me olhou rapidamente e voltou a encarar a estrada - Você já se decidiu?

- Eu não quero ir embora daqui, e eu não vou, apenas me dói ainda saber que meu pai não vai me apoiar nessa escolha. Eu sei que ele é uma pessoa difícil demais de se lidar e deixa todos os costumes que ele aprendeu lá atrás tomarem conta dele, mas ele tem um coração bom, ele me ama e sei que também ama o Rafa, mas ele odeia ser contrariado e é exatamente isso que nós dois estamos fazendo. Eu vou sentir falta dele, mas sei que se eu voltar irei me arrepender pro resto da vida.

Ela concordou e nós encerramos aquele assunto. Chegamos no nosso destino e nós estávamos em frente a um prédio. Fiquei um pouco confusa e ela percebeu.

- Aqui é a minha casa, eu só preciso trocar de roupa, vem vamos subir comigo - ela saiu do carro e eu a acompanhei. Chegamos em seu apartamento e uma bolinha cheia de pelos veio correndo até ela.

- Oi Tick - ela disse com a voz mais fofa do mundo e eu sorri de canto - Vem cá, entra - ela me chamou e então eu entrei e fechei a porta em seguida - Esse aqui é o Patrick, da oi pra ela Tick - ela voltou a fazer a mesma voz fofa e eu não pude deixar de abrir mais meu sorriso.

- Oi Patrick, prazer meu nome é Naomi - eu disse acariciando sua cabeça cheia de pelos e ele deu um latido em minha direção.

- Vou me trocar, pode ficar a vontade ai que eu já volto - apenas concordei e me sentei no sofá.

Patrick veio até mim e se apoiou em minhas pernas pra ficar em pé. Fiquei brincando com ele por todo o tempo que ela ficou no quarto. Vinte minutos depois ela apareceu na sala novamente, ela estava com uma roupa casual, com a maquiagem retocada, com todos aqueles anéis que ela amava usar e cheirosa, muito cheirosa, eu poderia sentir aquele cheiro pra sempre. E eu? Bom eu estava deitada no chão da sua sala com seu cachorro lambendo todo meu rosto.

- Ei, Patrick - ela bateu em suas pernas e ele foi correndo até ela. Aproveitei pra me levantar do chão e me arrumar. Quando olhei novamente pra ela a encontrei rindo de mim e então eu apenas dei de ombros - Vamos, temos um dia todo pela frente ainda, falei com a Gabie, ela vai com a gente.

Ali mesmo eu senti todo meu corpo ficar tenso. Como eu iria sair com elas duas juntas? Eu mal aguento ficar perto de uma sem me perder e agora... Naomi você está ferrada mais uma vez. Droga! Apenas aja naturalmente e é isso. Respirei fundo e voltei a acompanhar a Thalita até o carro novamente. Quando chegamos no prédio agora da Gabie ela já estava lá na frente nos esperando, ela entrou no banco da frente já que agora eu estava no de trás.

- Bom dia miga - elas se cumprimentaram e logo a Gabie se virou para falar comigo - Oi - ela disse com um sorriso lindo em seguida e eu não pude controlar o meu.

- Oi - disse entre o sorriso e então ela virou pra frente novamente.

- E então, pra onde nós vamos? - Gabie voltou a fazer a mesma pergunta e a resposta da Thalita continuou sendo a mesma "nos divertir".

[...]

É, e nós realmente nos divertimos, nós almoçamos cachorro quente no meio fio, fizemos compras no shopping, fomos na praia, cantamos como loucas destro daquele carro no caminho de cada lugar que íamos e terminamos o dia comendo comida japonesa. Eu nem mesmo me lembrava que essa noite meu pai estaria me esperando no aeroporto, eu nem mesmo me lembrei do que havia acontecido ontem, eu apenas aproveitei cada momento e o bem que a presença das duas fizeram naquele dia. Elas foram me deixar em casa e eu insisti para que elas ficassem mais um pouco ali, a verdade é que eu não queria que aquilo acabasse, eu não queria ter que encarar a realidade que eu escolhi pra mim daqui pra frente, não queria pensar em quanto meu pai devia estar me odiando agora. Eu só queria aproveitar a felicidade de ter aquelas pessoas incríveis na minha vida, eu era feliz como nunca e pra mim, apenas isso importava.