Os Fantasmas De Amely Williams

Capítulo 10: O diário

"0 desespero acalmou , virou uma tristeza amistosa que me impede de reagir , me impede de fazer planos , me impede até de Sofrer - ela simplesmente me entorpece , imobiliza , é uma especie de anestesia ."
(Martha Medeiros)

Ao acordar na manhã seguinte, percebi o diário de meu odioso avô em cima da pequena cômoda, ao lado de minha cama, a enfermeira abriu a porta repentinamente enquanto eu observava aquele diário, ela veio trazendo consigo o café da manhã, e alguns comprimidos para dor, ela depositou uma pequena bandeja com algumas frutas, um café com leite e torradas em meu colo, eu devorei tudo em segundos, estava faminta naquela manhã rotineiramente fria, a enfermeira saiu depois de alguns minutos, eu olhei outra vez para aquele diário, segurei-o em mãos temendo o horror que meus olhos poderiam captar naquelas páginas obscuras, abri o diário em sua segunda página, que começava um mês após a morte da família Manfrini.

Quarta-feira - 11/04/1994

A polícia esteve a me visitar, esteve a me encher de perguntas, sobre aquela maldita família, nesses dias nem tão frios por aqui, tive que jogar muito formol no corpo da criada, para que não soltasse cheiros, eu ainda preciso encontrar a criança, ela ainda está sumida, ainda não procurei naquele quarto que dá acesso as paredes da casa, temo que minha esposa a esteja escondendo, para evitar sua morte, se for assim, darei cabo dela e de minha filha querida também, procurarei quando minha amada mulher estiver em seu sono profundo na madrugada, ah meu diário só você é capaz de me entender.

O nó em minha garganta se embolou ainda mais, mas me forcei a continuar lendo aquelas páginas antigas.