Infinitos (História Lésbica) -completa-

O vestido

"Lesbianismo" para mim nunca foi problema, desde muito nova jogo futebol e num meio assim, há muitas raparigas desportistas que são lésbicas. Não é estereótipo, simplesmente acontece e ponto. Na minha equipa há lésbicas assumidas, uma das minhas melhores amigas é lésbica casada já. Lésbicas já conheci muitas, já tive muitas interessadas em mim, nunca me fez confusão nenhuma e reagia completamente bem a isso. O que acontecia é que eu nunca me tinha interessado por nenhuma delas. Nunca me tinha sentido atraída por mulher nenhuma, nunca tinha beijado sequer nenhuma, nem nos mais estranhos jogos de bebida que já tivéssemos jogado. Conseguia considerar um mulher bonita mas nunca ao ponto de deseja-la.

A verdade é que naqueles dias Ema não me saia da cabeça, mal me conseguia concentrar no trabalho. Era quarta-feira, não falava com ela desde domingo, sentia falta das nossas parolices ditas o dia todo. Estava constantemente a olhar para o telemóvel a ver se ela dava sinais de vida, mas ela não dava. A noite já em casa depois de já ter aberto a janela de conversação dela no messenger vezes sem conta, acabei por mandar mensagem:

M: Ainda não respondeste a última pergunta que te fiz!

E: Onde estou? :) Em casa a aturar a minha pródiga irmã.

Respondeu-me e fez-me sentir um frio na barriga.

M: Ainda não tinhas dado sinais de vida esta semana.

E: Não sabia o que dizer.

M: Eu também não sabia o que dizer mas sei que contigo quero falar.

Demorou um pouco a responder, deixou-me um pouco nervosa.

E: Pois... acho que temos de deixar de nos falar um pouco, não?

Aquela mensagem foi como se fosse um murro no peito para mim, "não, não temos de deixar de falar nãoooo"

M: Porque dizes isso?

E: Tu sabes, com tudo o que passou a conversa vai ficar tensa, não vai fazer bem a nenhuma de nós.

M: Não tem porque ficar tensa. Eu gosto de falar contigo. Já senti falta de falar contigo estes dias.

E: Ok. Para ti pode ser fácil, mas para mim não é.

M: Não é porque?

Demorou ainda mais a responder. Nem sabia mais se ela ia responder. Passaram-se coisas pela minha cabeça, com elas a certeza que não queria ficar sem falar com ela.

E: Porque mais um bocado e eu sou capaz de me apaixonar por ti. E como já deves ter dado conta, eu sinto-me atraída por ti. Atraída duma maneira que se continuar a falar contigo eu vou-te querer ver-te, querer tocar-te, beijar-te, eu vou-te querer. Não posso ser essa tua amiga que queres que eu seja. A mim este contacto contigo não me vai fazer bem. Tenho de te tirar da minha cabeça.

Ok, depois de tudo de domingo eu não podia achar que ela estivesse a mentir. Sabia que não estava. Mas nunca pensei que ela fosse logo assim tão directa. Aquilo mexeu comigo, li aquela mensagem repetidamente, durante momentos ficava contente por ela me querer, durante momentos ficava triste com a possibilidade de nos afastarmos por isso.

M: Ok, não te quero fazer mal, mas acho que já somos suficientemente grandes para separamos as coisas, não achas?

E: Não sei se consigo.

M: Consegues, claro que sim. Experimentamos.

E: Experimentamos? Que nem tu comigo domingo? :)