Não fui para casa dos meus pais. não conseguia, as perguntas, os olhares, os inevitáveis suspiros. Fui para casa da Joana, afinal ela era uma das minhas melhores amigaa e única que sabia de tudo, podia estar a vontade.
Tempos passaram, depois disso, tive stress com minha irmã que não entendia minhas atitudes, mais stresses com Renato, com casa e coisas que estamos a pagar juntos, stresses com os meus pais que não percebiam o que me tinha dado para deixar o Renato. Só estava bem com Joana, não perguntava nada, sempre me ajudava, por esforço dela evitava muitas chatices.
Entretanto voltei para o meu antigo T0, onde vivia antes de ir viver com Renato. O prédio era de um conhecido e quando ele ficou livre foi fácil voltar para lá.
No dia de mudar o resto das coisas para o meu novo espaço com ajuda da Joana ela pergunta:
J: Estás bem para viveres sozinha?
M: Claro que sim, queria vir para aqui, vou a pé para o trabalho, estou mais perto do parque.
J: Não. Estás mesmo bem para estares sozinha com os teus demónios?
M: Estou. E ficamos por aqui.
J: Sabes se quiseres falar eu estou aqui. Agora não vou estar perto de ti, não te vou ver, isso vai-me fazer ficar preocupada.
M: Não fique, eu estou bem. Estou mesmo bem.
Nem sempre gostava quando ela me tratava como se eu estivesse a sofrer de alguma doença. Mas percebia-a, só com ela era verdadeira e mesmo assim sempre me fazia de forte.
O nosso grupo de amigos lá se ia mantendo, tanto que quando Renato resolveu, depois de seis meses de nos termos deixado, ir para Austrália (tinha lá família, já tinha lá trabalhado, já tinha lá estado a viver com uma ex namorada), eu fui a festa de despedida dele. Depois de algum tempo durante a noite lá nos encontramos a sós.
R: Sabes que é só dares um ordem e eu não vou.
Diz ele, enquanto eu sorrio.
M: É melhor ires. Fico contente que vás porque era uma coisa que sempre quiseste.
R: Não mais do que querer ficar contigo.
M: Tenho pena que não tenha funcionado, acredita.
R: Eu sei. Mas ainda podemos tentar, tu não estas com ninguém que eu sei.
M: Tu sabes que o problema não é eu estar ou não com alguém.
R: Depois de estes sete meses ainda pensas nela?
Sete meses, já tinham passado sete meses desde que eu a tinha visto e sabido dela pela ultima vez, e sim ela era tudo o que eu ainda pensava.
M: Não, mas não quer dizer que pense em ti desse maneira. Desculpa.
Ele sabia o quanto eu era teimosa e que não me convencia, claro, pegou na minha mão e abraçou-me.
R: Neste ponto e depois de te odiar com todas as minhas forças só quero que sejas feliz. Disse ele
M: Tu nunca me odiaste.
R: Claro que não, mas achei que ficava mais trágica para a despedida a frase se o dissesse.
Ríamos os dois abraçados.
Entretanto chega Joana ao pé de nos que me diz que minha irmã me esta a chamar para ir embora. Despeço-me de Renato com os olhos em lágrimas por mais uma despedida que tinha na minha vida.
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Infinitos (História Lésbica) -completa-
RomancePodes pensar que a tua vida está encaminhada como deve ser, tens uma casa, um trabalho, um namorado e uma vida estável. E ai um dia, alguém chega e muda todas as tuas certezas, muda toda a tua estabilidade, faz-te sentir como nunca te sentiste e des...